R$ 7,5 milhões em bens de peritos são bloqueados
Dois peritos do INSS foram condenados criminalmente por fraudes. Agora, sofrem ação de improbidade administrativa

Os bens de dois médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), avaliados em mais R$ 7,5 milhões, tiveram os bens bloqueados após decisão liminar solicitada pelo Ministério Público Federal em Anápolis (MPF/GO) e concedida pela Justiça Federal. Paulo César Cardoso e a Luiz Carlos Silveira já foram condenados criminalmente a prisão domiciliar e ao pagamento de 133 dias-multa devido a realização de diversas perícias fraudulentas e manutenção irregular de benefícios previdenciários. O bloqueio dos bens foi solicitado devido a Ação de Improbidade Administrativa (AIA) ajuizada contra os dois médicos pelo MPF/GO.
O procurador da República Rafael Paula Parreira Costa, autor da ação, explica que a apuração dos fatos começou após denuncias anônimas relacionadas às fraudes. Em seguida, foi instaurado inquérito policial e ação administrativa interna no INSS. As fraudes aconteceram entre 2002 e 2006. Como os beneficiados receberam valores mensais deste então, as fraudes acumulam prejuízo de cerca de R$ 2,5 milhões o que, acrescido da multa prevista na Lei de Improbidade Administrativa – Nº 8.429/92 – chega a mais de R$ 7,5 milhões.
“Não conseguimos provas suficientes, mas em depoimento, algumas pessoas contaram que um dos médicos, candidato a vereador em Minaçu na época, pedia voto em troca da fraude na perícia”, explica o procurador. Ainda de acordo com Costa, a maior parte dos beneficiados possui pouco poder aquisitivo e não teriam condição de ressarcir o INSS. “Por isso, o prejuízo será cobrado dos médicos responsáveis pelas fraudes”, afirma o procurador. Na ação, constatou-se que apenas os dois médicos estavam envolvidos nas fraudes.
Cancelamento
Em nota, o INSS informou que casos de irregularidades foram constatados pela auditoria regional que vem realizando ações desde 2005. Ainda de acordo com a nota, foram feitas perícias médicas revisionais nos anos de 2008 e 2009, que resultaram no cancelamento de benefícios. De acordo com o instituto restaram apenas dois casos e um deles foi concluído com cancelamento na semana passada. O último caso encontra-se aguardando o prazo legal de comparecimento do segurado que foi convocado por Edital via Diário Oficial da União (DOU).
Ainda de acordo com o INSS, os dois médicos envolvidos eram credenciados para o realizarem perícias médicas, mas nunca foram integrantes do quadro de pessoal da Previdência Social. O INSS esclareceu também que a Gerência-Executiva do INSS em Anápolis sempre acompanhou e prestou todas as informações necessárias e requeridas pelos órgãos de controle externo, inclusive o MPF. As novas ações revisionais estão sendo realizadas por médicos peritos da autarquia.