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sábado, 23 de novembro de 2024
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Ministério da Cultura planeja mudanças na Lei Rouanet

Atualmente, o dinheiro é depositado em uma conta pelas empresas e utilizado, em outra conta, por cheque ou transferências bancárias

Postado em 27 de outubro de 2016 por Redação
PF investiga 29 empresas em esquema de desvios da Lei Rouanet em São Paulo
Os recursos


Até o próximo ano, o uso de recursos a Lei Rouanet poderá ser feito através de uma única conta e com o uso de um cartão. A informação foi dada pelo ministro da Cultura, Marcelo Calero, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que apura irregularidades na concessão de benefícios e incentivos culturais. Calero disse que sua pasta já está negociando com o Banco do Brasil uma mudança no processo. Segundo ele, a dinâmica vai ajudar na rastreabilidade da movimentação financeira e acelerar o trabalho de prestação de contas.

“A grande vantagem é que não apenas o Ministério da Cultura (MinC), mas toda a sociedade terá acesso aos gastos, que serão disponibilizados em tempo real”, destacou o ministro, ao explicar que cada movimentação da conta será disponibilizada imediatamente no Portal da Transparência e no sistema do ministério.

Atualmente, o dinheiro é depositado em uma conta pelas empresas e utilizado, em outra conta, por cheque ou transferências bancárias. A nova metodologia, segundo Calero, permitirá que a prestação de contas seja imediata a cada gasto, já que até os dados dos fornecedores estarão discriminados.
Boca Livre

A declaração foi feita em meio a manifestações de parlamentares sobre a nova fase da Operação Boca Livre, deflagrada hoje (27) pela Polícia Federal, que investiga empresas patrocinadoras de projetos culturais aprovados no MinC por meio da Lei Rouanet.

Calero afirmou que a Lei Rouanet existe para apoiar projetos culturais e que nem a lei nem artistas devem ser “demonizados” em função de possíveis irregularidades cometidas por alguns. “É sempre necessário o aprimoramento e fiscalização, bandidos tem que ser investigados e punidos. O fato é que a Lei Rouanet apoia hoje mais de três mil projetos culturais”, destacou.

Durante a audiência pública, deputados questionaram o ministro sobre a dificuldade da pasta em identificar as fraudes que foram denunciadas em 2011 e voltaram à tona em 2013, quando a então ministra da Cultura Marta Suplicy comunicou a Controladoria Geral da União sobre as possíveis irregularidades.

Calero apresentou números, mostrando que, desde que assumiu a pasta, em maio deste ano, uma série de medidas estão sendo adotadas para zerar o estoque de projetos que estavam parados por falta de assinaturas ou aguardando análise das contas. Ele afirmou que a lei Rouanet é criteriosa e transparente e, questionado sobre as falhas de fiscalização, afirmou que a pasta precisa investir mais no aprimoramento de gestão.

“Acho que a grande questão da Lei Rouanet hoje é em relação à gestão, especialmente da análise de prestação de contas”, explicou o ministro, lembrando que processos anteriores a 2011 estão em papel, dificultando a análise de informações. Ele disse que está estudando a contratação de uma empresa para digitalizar o material a fim de zerar esse passivo.

Concentração regional

Calero afirmou que é preciso “separar o joio do trigo” na Lei Rouanet e que, sem esse incentivo, algumas áreas do país não teriam sequer museus. Ele reconheceu contudo que há uma concentração de recursos em algumas regiões, como o Sudeste. Mas, segundo o ministro, esta concentração reflete o cenário sócioeconomico do país e é preciso ampliar investimentos em outros mecanismos de incentivo a cultura, além da isenção fiscal prevista na lei.

Ao descartar, classificando como mito, que o dinheiro da pasta está nas mãos de grandes artistas de algumas regiões, Calero explicou que são as empresas que aderem ao programa e que o MinC não tem como, no atual modelo, alterar o cenário de concentração regional, já que Sudeste é a região que mais apresenta projetos para disputar os recursos da Lei Rouanet.

Para o ministro é preciso, de um lado, ampliar as especificações para que mais empresas possam ter o incentivo, considerando não apenas a declaração de Imposto de Renda mas o lucro presumido e, por outro lado, incrementar o Fundo Nacional de Cultura para uso de recursos por edital e estímulo à produções independentes.

“Não é possível que numa (região com) produção (cultural) rica, como a Região Norte, a gente ainda tenha um número de projetos baixo. Apenas 32% dos projetos do Norte conseguem captar (recursos). Daí, precisamos ter mecanismos mais robustos de incentivo à produção independente”, disse Marcelo Calero. (Agência Brasil)

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