Iris Rezende tenta emplacar quarto mandato no segundo turno
Candidato a prefeito de Goiânia, o peemedebista, aos 82 anos, é apontado como favorito na disputa, baseado em pesquisas eleitorais
Venceslau Pimentel
Aos 82 anos de idade, Iris Rezende (PMDB) pode consagra-se, neste domingo, como o político goiano com maior número de mandatos de prefeito em Goiânia. Se eleito, exercerá a administração pública da capital pela quarta vez, a partir de janeiro de 2017.
Natural de Cristianópolis, cidade situada a 86 quilômetros de Goiânia, o peemedebista, nascido em 1933, foi eleito vereador, na capital, em 1958, aos 25 anos, pelo PTB; quatro anos conquistou mandato de deputado estadual, pelo PSD. Com isso, habilitou-se a disputar a prefeitura, em 1965, mas foi cassado pela ditadura militar em 1969, com base no Ato Institucional nº 5 (AI-5), baixado em 1968.
Mesmo com o mandato interrompido, conseguiu redesenhar a cidade com obras que v iraram marca de sua gestão, como a construção de conjuntos habitacionais, como as Vila Redenção e União, e a implantação do Parque Mutirama.
Amargou o autoexílio por 13 anos, período em que exerceu a advocacia, mas sem nunca se afastar da política, mas atuando apenas nos bastidores. Mesmo sem mandato, integrou o primeiro time pelo processo de redemocratização do país, que, mais tarde, redundaria no movimento pelas Diretas Já.
Ressurgiu nas eleições gerais de 1982, pelo PMDB, na disputa ao governo do Estado. Venceu Otávio Lage do (PDS) com 66,72% dos votosválidos. Ficou conhecido como administrador de obras, com prioridade para a infraestrutura e construção de moradias populares.
Em fevereiro de 1986, deixou o mandato para comandar o Ministério da Agricultura no Governo de José Sarney. O vice Onofre Quinan assumiu o governo até o seu final.
No pleito de 1986, apoiou o correligionário Henrique Santillo, e veio a sucedê-lo nas eleições estaduais de 1990. Quatro anos depois lançou o seu vice, Maguito Vilela, que venceu a disputa, e ganhou cadeira no Senado Federal. Em maio de 1998 foi alçado à condição de Ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), onde permaneceu até abril de 1998.
O ciclo de derrota de Iris teve início justamente naquele ano e, com ele, o PMDB, em âmbito estadual. Considerado favorito na disputa, com mais de 70% das intenções de voto, conforme pesquisas eleitorais da época. Não só ficou atrás do tucano Marconi Perillo, no primeiro turno, como perdeu a disputa na etapa seguinte.
Em 2002, tentou voltar ao Senado, mas não logrou êxito. Neste mesmo ano, Maguito Vilela perde a disputa pelo governo para Marconi.
Iris retomou o poder em 2004, ao disputar e vencer a eleição para prefeito de Goiânia. Reelegeu-se em 2008, para renunciar ao mandato em março de 2010, para tentar chegar novamente ao Palácio das Esmeraldas. Mas foi derrotado mais uma vez por Marconi, o mesmo acontecendo em 2014.
Considerado favorito na disputa pela prefeitura, como mostram as pesquisas, Iris obteve 40,47% dos votos válidos no primeiro turno, contra 31,84% de Vanderlan. Desde que entrou na disputa, vem respondendo a críticas de adversários, que o considera ultrapassado, e pelo fato de não ter concluído o seu segundo mandato na prefeitura.
Se eleito, Iris também pretende municipalizar o serviço de água e esgoto na capital. A intenção é melhorar o atendimento à população e fazer investimentos no setor. O bolso do goianiense também deve receber um alívio. A municipalização deve reduzir em até 40% o valor final da conta.
“Nossa intenção é revogar o contrato existente de serviços de água e esgoto sanitário de Goiânia com a Saneago. Nós não temos medo de assumir essa responsabilidade. Em Catalão esse serviço foi municipalizado e deu muito certo, essa ação vai gerar receita e teremos a oportunidade de fazer mais investimentos na capital”, explica o peemedebista.
Vanderlan ainda aposta na vitória
Empresário de sucesso, natural de Iporá (GO), Vanderlan Cardoso, 53, ingressou na política ao disputar, em 2004, a prefeitura de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia. Na época estava filiado ao PL, mas já havia passado pelo PSD. Reelegeu-se ao cargo quatro anos depois pelo PR.
Como prefeito, redesenhou a gestão na cidade, com obras que mudaram a cara de Senador Canedo, então considerada como cidade-dormitório. Renunciou ao mandato para se candidatar a governador, em 2010.
Mesmo com o apoio do então governador Alcides Rodrigues (PP), ficou em terceiro lugar. No segundo turno, apoiou Iris contra Marconi. Por conta dessa aliança político-eleitoral, filia-se ao PMDB em 2011, a convite de Iris, com a expectativa de se candidatar ao governo novamente, em 2014.
Ele chegou a percorrer o Estado, visitando diretórios municipais, conversando com lideranças locais, na esperança de que fosse alçado à condição de presidente do diretório estadual. Mas ficou pelo meio do caminho. Sem espaço no ninho peemedebista para consolidar-se como pré-candidato, deixou o partido, abrindo espaço para mais uma candidatura de Iris ao governo.
Filiou-se ao PSB, em abril de 2013, partido pelo qual tentou chegar ao Palácio das Esmeraldas pela segunda vez. O ato foi prestigiado pelo então presidente do diretório nacional e governador de Pernambuco Eduardo Campos. Também marcaram presença Ronaldo Caiado, presidente do Democratas; o ex-governador Alcides Rodrigues; e o ex-secretário da Fazenda, Jorcelino Braga.
Novamente Vanderlan ficou na terceira colocação, atrás do ex-aliado do PMDB e de Marconi, que venceu o pleito. Desta vez, no segundo turno, manteve-se neutro na disputa no Estado, já que tinha desferido críticas aos dois adversários durante a campanha. Limitou-se a declarar apoio ao presidenciável tucano Aécio Neves, no embate com a petista Dilma Rousseff.
Entrou na disputa pela prefeitura de Goiânia, ainda como pré-candidato, colocando-se como independente, com apoio da senadora Lúcia Vânia, que havia trocado o PSDB pelo PSB, passando a presidir o diretório estadual no lugar do empresário.
O quadro mudou e o discurso de Vanderlan, também, diante do racha na base aliada do governo estadual, que ainda na pré-campanha havia se dividido entre três nomes: o deputado federal tucano Giusepp Vecci, que acabou saindo do páreo; Luiz Bittencourt (PTB), que fez o mesmo, e Francisco Júnior (PSD), que seguiu com a sua candidatura.
Sem nome na disputa, o PSDB e, por conseqüência, o governador Marconi Perillo, passaram a apoiar o ex-prefeito de Senador Canedo. O fato foi explorado pelos adversários, apostando no desgaste devido à aproximação com o tucano. A estratégia pode não ter surtido o impacto esperado, já que o pessebista pulou das últimas posições para a vice-liderança. No primeiro turno, ficou atrás de Iris Rezende, com 31,84% dos votos.
Ao longo da campanha, tem colocado como contraponto, em relação ao adversário, o moderno, que ele diz representar, e o arcaico. De sua proposta de governo, tem dado destaque à criação de polos de desenvolvimento, como fator gerador de receita ao município e de empregos. Também se propõe a instalar administrações regionais, como forma de aproximar a prefeitura do cidadão, oferecendo serviços e realizando obras pontuais de acordo com a necessidade local.