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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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IMPRESSO

Dez comunidades do Rio terão jornal próprio a partir de fevereiro

Os recursos são de comerciantes locais, mas equipe busca patrocinadores externos

Postado em 25 de janeiro de 2017 por Sheyla Sousa

Cristina Indio do Brasil

da Agência Brasil


Criado em 2005, o jornal Voz das Comunidades, que até agora só tinha versão na internet, passará a ser distribuído, em fevereiro, em dez favelas do Rio de Janeiro, em versão impressa. A primeira edição, com 10 mil exemplares, terá 24 páginas com reportagens de colaboradores das favelas da Kelson, do Boréu, Formiga, Cantagalo, Pavão/Pavãozinho, Cidade de Deus, Fumacê, Vila Kennedy, da Penha, além do Complexo do Alemão.

Um dos fundadores do jornal, Renê Silva disse que a novidade é que ele trará informações de muitas comunidades ao mesmo tempo. “A gente está criando conteúdo em todas as favelas. Em cada comunidade, há um correspondente que nos ajuda a pensar nas pautas, o que vai ter. Os jornalistas do Voz, da equipe do Alemão, vão às comunidades, porque nem todas elas têm colaboradores”, disse à Agência Brasil.

Os recursos para custear a versão impressa virão de anúncios de comerciantes locais, mas a equipe está buscando patrocinadores externos em agências de publicidade. A primeira edição terá o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Quando surgiu há quase 12 anos, o jornal se chamava Voz da Comunidade, e era restrito ao Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. À frente do grupo de jovens fundadores, estava Renê Silva, com 11 anos. A ideia de criar a página em uma rede social surgiu de um trabalho que fez na escola pública. O projeto do garoto era mostrar tudo o que ocorria no lugar onde morava e facilitar a vida de todos do local. “A gente consegue trabalhar inovação, tecnologia. A gente não fica muito preso ao passado no tradicional. Com o passar dos anos, acho que o legado que a gente construiu foi muito de um exemplo de como a gente mora dentro desses espaços e ainda assim consegue fazer coisas muito legais”, contou.

A internet foi fundamental para a divulgação do Voz da Comunidade, e o trabalho de Renê ultrapassou os limites do Alemão. Passou a ser conhecido em outras comunidades e a inspirar outros jovens que, como ele, querem aumentar as trocas de informações nos locais onde moram.

Tecnologia e internet

Isso fica evidente toda vez que Renê é convidado para fazer palestras em eventos para contar sua experiência. Um deles foi o Favela On, organizado pela Central Única das Favelas (Cufa), na sede da entidade em Madureira, zona norte do Rio, com o apoio do Sebrae.

No encontro, a internet era o centro dos debates, e Renê falou sobre a expansão do jornal que criou. “Há muita curiosidade entre os jovens. Querem saber como começou, quais foram as dificuldades. Muitos me perguntaram como podem criar uma plataforma, como esta, nas suas comunidades. Eu expliquei como utilizo essas ferramentas e como eles também  podem usar a internet como uma forma de negócio. Eles não têm noção do que podem fazer e de que isso é possível”, disse.

Uma das fundadoras da Cufa, a ativista Nega Gizza, disse que o encontro mostrou como a internet pode mudar o dia a dia de cada um, desde a comunicação entre moradores até o desenvolvimento de projetos de empreendedorismo. “O jovem de favela, às vezes, é disperso ao mesmo tempo em que é ligado em algumas coisas. A gente vai ter que dar um suporte, por conta dos questionamentos que eles ficaram na mente”, revelou à Agência Brasil. 

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