Portaria autoriza uso de antirretroviral para prevenção ao HIV
Estratégia consiste no consumo diário do medicamento por pessoas que não têm vírus, mas que estão expostas à infecção
Portaria do Ministério da Saúde publicada hoje (29) no Diário
Oficial da União torna pública a decisão de incorporar ao Sistema Único de
Saúde (SUS) o antirretroviral Truvada como profilaxia pré-exposição (PrEP) para
populações sob maior risco de infecção por HIV.
A estratégia consiste no consumo diário do medicamento por
pessoas que não têm o vírus, mas que estão mais expostas à infecção, como
profissionais do sexo, homossexuais, homens que fazem sexo com homens, pessoas
trans e casais sorodiscordantes (apenas um dos parceiros é soropositivo).
Com a publicação, a PrEP deve passar a ser distribuída
em até 180 dias na rede pública de saúde.
De acordo com o ministério, o Brasil é o primeiro país da
América Latina a adotar a estratégia como política de saúde pública. A PrEP já
é utilizada em nações como Estados Unidos, Bélgica, Escócia, Peru e Canadá,
onde é comercializada na rede privada, além de França e África do Sul.
O investimento inicial do governo brasileiro será de US$ 1,9
milhão para a aquisição de 2,5 milhões de comprimidos. A quantia deve atender a
demanda pelo período de um ano.
Prevenção combinada
A estimativa do ministério é que a estratégia no Brasil seja
utilizada por cerca de 7 mil pessoas que integram as chamadas populações-chave,
no primeiro ano de implantação.
A PrEP, segundo a pasta, se insere como uma estratégia
adicional dentro de um conjunto de ações preventivas que inclui a testagem
regular, a profilaxia pós-exposição, a testagem durante o pré-natal e o uso de
preservativo, entre outros.
Fazer parte de um dos grupos, portanto, não é o único critério
para indicação da PrEP. Profissionais de saúde farão também uma espécie de
análise de vulnerabilidade do paciente, levando em consideração o comportamento
sexual e outros contextos.
A previsão é que, de imediato, a estratégia seja adotada em
12 capitais onde já há experiência nesse tipo de tratamento e, até o fim do
primeiro ano de implantação, em todas as capitais brasileiras.
Estudos
Evidências científicas disponíveis demonstram que o uso de
antirretrovirais pode reduzir o risco de infecção por HIV em mais de 90%, desde
que o medicamento seja tomado corretamente, já que a eficácia está diretamente
relacionada à adesão. A PrEP, entretanto, não substitui o uso da camisinha.
HIV no Brasil
Dados do último boletim epidemiológico do ministério revelam
que 827 mil pessoas vivem com HIV/Aids no Brasil atualmente. Desse total, 372
mil ainda não estão em tratamento, sendo que 260 mil já sabem que estão
infectadas e 112 mil não sabem que têm o vírus.
A Aids, no país, é considerada uma doença estabilizada, com
taxa de detecção em torno de 19,1 casos para cada 100 mil habitantes. Ainda
assim, o número representa cerca de 40 mil novos casos ao ano. (Agência Brasil)