PMDB dividido entre iristas e vilelistas
O PMDB goiano marcou para hoje uma reunião com os prefeitos e as bancadas estadual e federal do partido
Mardem Costa Jr
O PMDB goiano marcou para hoje uma reunião com os prefeitos e as bancadas estadual e federal do partido, com o objetivo, em tese, de discutir estratégias e ações partidárias para a disputa estadual de 2018. Entre as discussões, a política de alianças no Estado, o fortalecimento da sigla nos municípios e a formação das chapas proporcionais.
Até aí nada demais, pois este tipo de discussão é natural e salutar para o fortalecimento partidário, especialmente no caso dos peemedebistas, há quase vinte anos fora do Palácio das Esmeraldas, e vítimas da falta de renovação de discursos e práticas de seus principais líderes, o que, aliás, permitiu a assunção e consolidação do governador Marconi Perillo (PSDB) como principal player político de Goiás.
Todavia, ao se tratar de PMDB, é preciso ter uma leitura prudente. Não é segredo para ninguém na seara política das terras goyazes que há um racha partidário e que dois grupos internos se digladiam pelo poder. De um lado do tatame, estão os defensores do presidente regional da sigla, deputado Daniel Vilela. Do outro, os simpatizantes do prefeito de Goiânia, Iris Rezende. As colunas especializadas nos bastidores políticos são os espaços mais procurados para a troca de farpas entre “vilelistas” e “iristas”.
A cisão entre os grupos trouxe sérias consequências ao PMDB em 2014, quando o partido elegeu apenas dois deputados federais e seis estaduais – ante quatro e dez, respectivamente, em 2010. Os tucanos ultrapassaram os peemedebistas em número de prefeituras, ainda que estes possuam o maior número de filiados e de diretórios ou comissões provisórias estabelecidas nos 246 municípios goianos.
Daniel retoma a discussão de sua pré-candidatura ao governo de Goiás após uma cirurgia na coluna e a constrangedora citação e abertura de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito das delações dos executivos da construtora Odebrecht na Operação Lava Jato. Ainda que as ações contra o deputado e o seu pai, o ex-governador Maguito Vilela, tenham saído das mãos do ministro Edson Fachin – e da Lava Jato, por conseguinte – a imagem do parlamentar ficou ligeiramente arranhada e o afastamento médico passou a imagem de acuamento.
Ao mesmo tempo, Iris e seus aliados estão mais dispostos a consignar apoio ao senador Ronaldo Caiado (DEM), ainda que seja necessário trazê-lo às hostes peemedebistas e a lidar com a fama de pouco contemporizador do democrata. Apesar de ser líder momentâneo das últimas pesquisas de intenção de voto, Caiado sabe que não logrará êxito se o PMDB não apoiar sua postulação.
Para chegar ao cenário eleitoral com viabilidade e força para enfrentar o candidato ligado à Marconi – no caso, o vice-governador José Eliton (PSDB) – os peemedebistas precisam superar as divergências internas e criar uma frente que reúna os partidos de oposição ao tucanato, ainda que seja improvável, por exemplo, encaixar PT e PDT junto ao DEM de Ronaldo Caiado.
Ademais, é preciso também que haja um projeto consistente a ser apresentado aos goianos, que ataque as principais demandas da sociedade e exponha com clareza como as ações serão realizadas, as fontes de recursos e as metas de modernização da máquina pública.