Produção de açafrão garante selo que agrega valor ao produto
Cultivo se destaca na pequena Mara Rosa e na região do entorno do município
É na região de Mara Rosa, numa propriedade arrendada, que o produtor
Narcizo Gonçalves Machado planta sua lavoura de Cúrcuma Longa, famoso açafrão,
há praticamente 25 anos. A opção pelo cultivo foi devido ao bom desenvolvimento
do produto nesta região, já que o açafrão oferece durante todo ano boas
oportunidades de ganhos. De acordo com o produtor, sua produção gira em torno
de dez toneladas, distribuídas numa área entre dois e três hectares e o produto
pode ser vendido por até R$ 14 o quilo, isso sem o custo de produção do plantio
até a colheita, oferecendo um lucro de até 50% do valor que foi investido, uma
média de R$ 50 mil a R$ 100 mil por colheita, durante toda safra.
Apesar de todas as vantagens, Narcizo relata que para avançar na
produção as condições precisam ser melhoradas. Entre os obstáculos
apresentados, ele cita a falta de transporte para colheita, terras próprias,
além da baixa tecnologia. Ele diz que pelo fato de sua terra ser arrendada é
preciso arcar com despesa de 30% a 50% do valor adquirido pela produção para os
donos do terreno. A grande vantagem apresentada pelo produtor é o fato de seu
produto estar vinculado à Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa
(Cooperaçafrão). “Optei em ser um cooperado, porque assim consigo agregar valor
ao meu produto. O açafrão que produzo passa por um processo de
industrialização, portanto, tudo aquilo que produzo é vendido. Já que
cooperativa faz todo processo de comercialização do meu produto, os preços de
compra são razoáveis e justos”, explica o produtor.
Narcizo explica que a produção é feita em duas etapas. Enquanto colhe
uma, a outra fica garantida para o próximo ano. “A colheita começa em maio e
vai até setembro, por isso, durante todo ano tenho produto para comercializar”,
conta. Apesar disso, ele relata que os valores de venda do açafrão, durante
toda safra, variam bastante, chegando até reduzir o preço quando a safra já
está no final. “No final do ano, quando o açafrão foi totalmente colhido, o
valor cai bastante, mas ainda assim, tenho lucro. A média do valor de venda é
R$ 10”, relata.
Destaque na produção
É claro, que os ganhos adquiridos com o tempero nesta região não são
considerados mera coincidência. Atualmente, o município de Mara Rosa é tido
como a capital do açafrão, respondendo por cerca de 90% da produção goiana.
Além do mais, a região Norte concentra hoje cerca de 250 produtores, espalhados
nos municípios de Amaralina, Alto Horizonte, Estrela do Norte e Formoso.
Para o presidente da Cooperaçafrão, Arlindo Simão Vaz, Mara Rosa está
muito bem representada nacionalmente, despontando com a produção do açafrão.
Entre as regiões que mais compram o produto estão regiões Sul e Sudeste do
País, e o produto também é exportado. “Praticamente vendemos o produto em todo
País. Dentro de nossa região é vendido de 2% a 3%. Nossa produção gira em torno
de 800 a mil toneladas, a cada 200 hectares de terra, anualmente. Exportamos
apenas 3%, mas já vendemos para a Índia. Exportamos também para Israel, mas
estamos estudando novas negociações do produto”, comenta Arlindo.
Reconhecimento
Todos estes atributos, somado a terra fértil, as matérias orgânicas
utilizadas e os tratos culturais são os principais fatores que tornam o
município um dos principais produtores de açafrão em todo País. Por conta
disso, Mara Rosa foi à primeira cidade do Brasil a receber a Indicação
Geográfica (IG) dentro do Estado de Goiás para a produção do açafrão – Cúrcuma
Longa -, uma indicação que identifica um produto como originário do país,
cidade ou localidade de seu território, quando determinada qualidade, reputação
ou outra característica do produto seja essencialmente atribuída à sua origem
geográfica. A indicação ou selo é concedida pelo Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI).
O selo, conquistado no ano passado, foi concedido pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na modalidade de indicação de
procedência, por meio do apoio da Superintendência Federal de Agricultura de
Goiás (SFA/GO). Segundo Arlindo Simão, a proteção da marca e delimitação da
área de produção para o uso do solo agrega valor para aumentar a renda dos
produtores, não sendo possível registrar em outro nome. “Este selo, com toda
certeza, nos ajuda bastante na venda, porque o nosso produto passa a ser
reconhecido no mundo inteiro”, finaliza o produtor