O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

domingo, 24 de novembro de 2024
Agricultura

Agropecuária gerou mais de 36 mil novos postos de trabalho no mês de junho

Os dados do setor são representativos. Segundo o IBGE apesar da crise, o setor agropecuário como um todo teve um avanço de 1% do PIB

Postado em 28 de julho de 2017 por Thais Tomás
Agropecuária gerou mais de 36 mil novos postos de trabalho no mês de junho
Os dados do setor são representativos. Segundo o IBGE apesar da crise

Esta semana foi marcada por importantes datas referentes à
agricultura brasileira, culminando hoje (28) , no Dia do Agricultor. O setor,
que é um dos principais da economia do país, engloba desde o agronegócio a
agricultura de subsistência, envolve também movimentos sociais, indígenas,
quilombolas, agricultores familiares, em uma produção capaz de abastecer grande
parte do mercado interno e ter desempenhos de destaque no mercado externo.

A Lei que instituiu a agricultura familiar no Brasil, Lei nº
11.326/2006, completou 11 anos na segunda-feira (24). Na terça-feira, foi
comemorado o Dia da Agricultura Familiar. 

Os dados do setor são representativos. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar da crise, o setor
agropecuário como um todo teve um avanço de 1% do Produto Interno Bruto (PI B)
no primeiro trimestre deste ano. O PIB do setor cresceu 13,4% na comparação com
o último trimestre do ano passado, no melhor desempenho em termos trimestrais
desde 1996.

Em termos de geração de empregos, a agropecuária teve o
melhor saldo (diferença entre admissões e demissões) entre os setores
econômicos, com 36.827 novos postos, conforme os últimos dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados. Além da agricultura, apenas a
administração pública teve saldo positivo, de 704 novos postos. Os demais
setores tiveram mais demissões que admissões.

Já a agricultura familiar faz a comida chegar até a mesa de
cada brasileiro; produzindo mais 50% dos produtos da cesta básica.

“O agricultor, além de fazer a diferença para a produção, é
quase um geneticamente modificado, porque tem muita coragem de pegar todos os
seus recursos do ano, jogar no chão como semente, esparramar bem – não tem
jeito de juntar – e depois ficar ali, torcendo para chover, para não chover,
para receber na hora de vender. É um cidadão muito corajoso, que faz muita
diferença para a humanidade”, diz o ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Blairo Maggi.

Para este ano é esperada uma safra recorde de grãos, com a
produção de 237,2 milhões de toneladas, um aumento de 27,1% ou 50,6 milhões de
toneladas frente às 186,6 milhões de toneladas da safra passada, de acordo com
a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento.

Agricultura Familiar 

Segundo dados do último Censo Agropecuário, a agricultura
familiar representa 84,4% dos estabelecimentos agropecuários brasileiros e é o
setor responsável pela base econômica de 90% dos municípios com até 20 mil
habitantes e responde por 38% do valor bruto da produção agropecuária nacional.

Esses agricultores ocupam um quarto da terra agrícola, mas
produzem 87% da mandioca do país, 69% do feijão, 59% dos porcos, 58% dos
lácteos, 50% dos frangos, 46% do milho, 33,8% do arroz e 30% do gado do Brasil.

“O agricultor familiar tem um papel importante no
desenvolvimento do nosso país, conquistou [desde o governo de Fernando Henrique
Cardoso] políticas públicas e reforçou economicamente o setor. Tivemos uma
melhora significativa nas condições de vida do agricultor familiar”, diz o
coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na
Agricultura Familiar do Brasil, Marcos Rochinski.

Rochinski, no entanto, diz que o setor está preocupado com a
perda de benefícios devido à extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário,
transformado no governo de Michel Temer na Secretaria Especial de Agricultura
Familiar e do Desenvolvimento Agrário e no contingenciamento de recursos, que
de acordo com a Confederação, chegou a 47% em determinadas políticas.

“Nossa posição é tradicionalmente mais comemorativa,
mas esse ano é mais de protesto, para trazer a tona que estamos perdendo os
investimentos. Não é à toa que alguns números começam a dizer que a fome volta
a assolar e ser presente no meio rural, coisa que tínhamos conseguido eliminar.
Tivemos melhoras significativas, mas nesse momento, estão todas em risco”,
diz. 

Segundo a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do
Desenvolvimento Agrário, foram disponibilizados R$ 30 bilhões para serem
investidos na safra 2017/2018, como prevê o Plano Safra da Agricultura Familiar
2017/2020, lançado em maio deste ano. “Acreditamos que há um aumento na
participação da agricultura familiar no contexto geral da agricultura
brasileira. Para se ter ideia, o Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar], em 2006, disponibilizava R$ 7 bilhões, hoje, são R$ 23
bilhões. Triplicou em dez anos”, ressalta o subsecretário da Secretaria de
Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Everton Augusto Paiva
Ferreira.

Disputas

O campo também é palco de disputas. Esta semana, o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) encampou a Jornada Nacional de Lutas
pela Reforma Agrária, que teve início no último dia 25. O movimento ocupou
terras do ex-deputado e ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), do empresário Eike Batista, do e x-presidente da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF)  Ricardo Teixeira e do grupo Amaggi, da
família de Blairo Maggi, entre outras.

Em nota, o MST diz que ocupou terras de pessoas acusadas, no
cumprimento de função pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro,
favorecimento ilícito, estelionato e outros.

O movimento, que tem suas origens em organizações que
existem no país desde meados do século 20, reúne hoje cerca de 350 mil
famílias, segundo o próprio MST. O grande assunto é a reforma agrária, com a
desapropriação ou compra de latifúndios improdutivos pela União e
redistribuição das terras para famílias que deverão usá-las como meio de
sustento. Segundo o MST, isso permitirá a reestruturação não só da concentração
da propriedade da terra no Brasil, mas do jeito de produzir. 

Agência Brasil

Foto: Valter
Campanato 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.