Reserva no Amazonas zera desmatamento e é considerada modelo no país e no mundo
Na contramão do crescimento do desmatamento, a reserva vem registrando nos últimos anos redução das taxas de devastação
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma,
localizada às margens da BR-319, no Amazonas, é considerada modelo no país e no
mundo. Além de zerar o desmatamento, o projeto desenvolvido na área tem
promovido a geração de renda e a defesa da floresta pela comunidade local.
Na contramão do crescimento do desmatamento, a reserva vem
registrando nos últimos anos redução das taxas de devastação. Os dados mais
atualizados do governo federal são de 2015 e mostram que não foi registrado
nenhum novo desmatamento. A redução é atribuída à implantação na área, em 2008,
do primeiro projeto brasileiro de Redd, que significa Redução de Emissão de
Gases de Efeito Estufa provenientes do Desmatamento. No mesmo ano, a
iniciativa, idealizadas pela organização não governamental (ONG) Fundação
Amazonas Sustentável (FAS), foi a primeira do país e do Continente Americano a
receber um certificado internacional por desmatamento evitado.
No Dia da Amazônia, comemorado hoje (5), o coordenador do
programa Soluções Inovadoras da FAS, Victor Salviati, fala sobre a reserva. “A
gente desenvolveu vários estudos. A gente viu que se nada fosse feito, de 2008
a 2050, que é o nosso cenário, seriam desmatados quase 66% da área e seria
emitido algo em torno de 189 milhões de toneladas de carbono. Esse desenho foi
feito com três eixos para tratar os vetores do desmatamento: primeiro um
investimento estruturante em geração de renda, programas comunitários e geração
de emprego, o segundo, investimento em capacitação e educação formal e o
terceiro, desenvolvimento científico e monitoramento”, explica.
Por meio do Redd, empresas nacionais e internacionais apoiam
atividades de redução de desmatamento e de emissões na Reserva do Juma, que é
um mecanismo financeiro para geração de créditos de carbono. Atualmente, o
projeto beneficia 476 famílias, cerca de 2 mil pessoas, divididas em 38
comunidades em áreas remotas. De acordo com Victor Salviati, elas recebem apoio
para produção, principalmente, de farinha, açaí, castanha e pesca artesanal e
ainda um pagamento pelos serviços ambientais, por meio do Programa Bolsa
Floresta.
“Além dos
investimentos estruturantes, há os investimentos nas pessoas. A fundação
acredita muito que a conservação da floresta está ligada às pessoas, são os
guardiões da floresta. A gente dando oportunidade a essas pessoas de sonhar,
dando educação de qualidade, infraestrutura produtiva, capacitação, comunicação
e transporte, elas conseguem viver melhor. E quem vive melhor faz a melhor
gestão desses recursos naturais”, afirma Salviati.
A Reserva do Juma foi criada em 2006 pelo governo do
Amazonas e é gerenciada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Ela está
situada em uma área de alto risco de desmatamento, no município de Novo
Aripuanã, a 227 quilômetros de Manaus.
“Há um empoderamento dos benefícios da biodiversidade da
unidade de conservação, tanto que eles estão sempre vigilantes. Sempre que há
uma ameaça à integridade daquilo de que tanto zelam, eles acionam o órgão
ambiental para fazer a fiscalização. Isso nos deixa muito satisfeitos com os
resultados até aqui alcançados”, ressalta o secretário de Meio Ambiente,
Antônio Stroski.
Rosângela dos Santos Ribeiro é moradora e representante da
comunidade São Félix. Ela tem 47 anos, é casada, tem oito filhos e trabalha na
cadeia produtiva da farinha. Dona Rosa, como é conhecida, tem muito orgulho de
viver na reserva e de contribuir com a preservação da floresta.
“Aqui na nossa reserva (esse projeto) é muito importante,
muito mesmo porque ajudou muitas pessoas financeiramente a cuidar de onde mora.
Vieram muitos projetos para os jovens também. Isso daqui é nosso. A gente tem
que cuidar. Eu me sinto bem morando na minha comunidade”, destacou a moradora.
A expectativa do projeto de Redd na Reserva do Juma é
conter, até 2050, a emissão de aproximadamente 190 milhões de toneladas de gás
carbônico e evitar o desmatamento de 366 mil hectares de floresta. Até 2015,
cerca de 6 milhões de toneladas de gases de efeito estufa deixaram de ser
emitidas na atmosfera por meio da iniciativa.
Fonte: Agência Brasil