Goiânia tem uma das piores conexões 4G do País
Com o aumento no consumo de dados, a necessidade por infraestrutura adequada cresceu nos últimos anos. Porém, serviço ainda é alvo de críticas
Marcus Vinícius Beck*
A maioria das operações do
cotidiano – desde checar o saldo da conta bancária até realizar compras – é
feita por meio da internet. Em Goiânia, a qualidade do acesso à rede 4G decepciona
ao figurar na 95º posição entre os 100 municípios brasileiros que avaliam a
expansão da conectividade. De 2016 para 2017, a capital subiu apenas uma
posição do ranking Cidades Amigas da Internet,
com dados móveis tão ruins quanto os de São Paulo, maior cidade do país, que
possui o título da terceira pior em acesso à rede móvel.
Como o consumo de dados cresceu
nos últimos anos, a necessidade de infraestrutura para proporcionar uma
navegação rápida e eficiente é cada mais maior. A estudante universitária Júlia
Aguiar, 21, diz que utiliza a internet para baixar livros, ler notícias e consultar
as redes sociais. Para ela, o serviço é ineficiente porque as redes móveis
estão sobrecarregas, e as empresas, que deveriam atender a demanda da
população, estão preocupadas em somente aumentar o preço da fatura no fim do
mês.
“O acesso à internet só irá
melhorar quando houver alguma lei bem esclarecida acerca da qualidade do serviço
que deve ser prestado à sociedade”, afirma Júlia, ressaltando que em
determinados pontos da cidade o acesso é lento. Ela ainda crê que a internet
móvel em Goiânia é decepcionante por conta das empresas, que não investem em
infraestrutura. “As pessoas não podem se tornar refém dos grandes conglomerados
que tomam conta do setor”, desabafa.
Elder Dorneles, 22, também
reclama da qualidade do serviço móvel. Ele usa a Tim, mas diz que pretende
mudar de operadora no futuro, pois sempre “fica na mão” quando mais precisa.
“Eu utilizo o serviço 4G, com 2G disponível, e sempre passo algum aperto”,
relata Dorneles, que é estudante universitário. Para ele, é difícil dizer se as
operadoras de fato oferecem sinal que realmente atenda às necessidades da
população.
“Se as operadoras querem melhorar
o sinal, elas devem expandir o plano e cumprir aquilo que está previsto em
contrato, porque quando se fala em valores é tudo feito dentro do prazo, mas o serviço,
nem sempre”, declara o estudante. “O sinal é péssimo e a gente praticamente não
consegue realizar operações simples do cotidiano, como chamar um Uber ou
acessar nossa conta bancária”, reclama.
Outro lado
Fontes ligadas ao setor explicam
que Goiânia possui sinal ruim por causa dos trâmites burocráticos em aprovar
licenças para antenas de celular, o que acaba dificultando o investimento das
empresas de telecomunicações. No topo do ranking da pesquisa Cidades Amigas da Internet, a cidade de
Uberlândia, por exemplo, demora dois meses para ter aval dos gestores, enquanto
a capital goiana levava pelo menos dois anos. Contudo, especialistas ouvidos
pelo O Hoje dizem que lentidão para
aprovar licenças vem mudando.
Operadoras
Alvo de crítica dos consumidores,
a Tim afirma que cobre 2.186 municípios no país. A operadora diz que possui menos
queixas registradas no Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-GO)
comparado com outras telefonias. Questionada sobre melhorias no setor, a Tim
garantiu que lançará mais antenas em Goiânia até o final do ano. “Lançaremos o
4G na faixa de 700 MHz até o início de 2018, aprimorando ainda mais a cobertura
na cidade”, assegura a empresa.
A reportagem entrou em contato
com a Vivo, mas até o fechamento desta edição não houve resposta. O Hoje também
procurou a Oi, mas não obteve retorno. A Claro foi procurada para
esclarecimentos, mas não atendeu as ligações da reportagem. A Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) não respondeu os questionamentos da reportagem até
o fim da tarde da última sexta-feira.
Serviço estável
A maioria dos acessos à internet
no país é feita pelo celular, mas isso não quer dizer que os brasileiros navegam
na rede como gostariam. Aliás, longe disso. Relatório da OpenSignal mostra que telefones encontraram rede 4G em apenas metade
das vezes que tentaram acessar a internet.
Segundo a consultoria, a Tim é a
operadora que oferece o melhor serviço, com acesso à rede móvel em 59,2% das
tentativas. A cobertura da Vivo chegou à marca de 50%, o que não aconteceu com Claro
e Oi. Consultora brasileira do setor, a Teleco estima que 71,3% da população
brasileira tem acesso à internet 4G, representando aproximadamente 1.519
municípios brasileiros atendidos.
Todavia, a Claro foi a operadora
que assumiu o topo da dianteira como a empresa que oferta serviço de conexão
mais rápida à internet móvel. A velocidade alcançada pela operadora é de 27,45
Mbps. Até então mais veloz, a Vivo apareceu com 21,29 Mbps.
Também foram destacados pela consultoria o
serviço que vem sendo feito pela Tim, Vivo e Claro em melhorias na rede 4G. A
pesquisa foi feita entre os dias 1° de setembro e 30 de novembro de 2016.
*Marcus Vinícius Beck é
estagiário do jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy Crysthian.