Goiás tem apreensão recorde de carnes
Iniciativa visa conscientizar proprietários de estabelecimentos sobre os riscos de se comercializar carne imprópria para consumo
Marcus Vinícius Beck*
Mais de 21 toneladas de carne impróprias para consumo foram presas no Estado de Goiás em 2017. Desde 2015, quando se iniciou o Programa Goiás Contra a Carne Clandestina, intensificou-se o combate a comercialização a carnes inadequadas para consumo. Desde então, os resultados das apreensões só aumentaram no Estado. As consequências geradas à saúde pelos alimentos irregulares põem em risco a vida. Inclusive, algumas carnes podem carregar aproximadamente 30 zoonoses por produto – doenças que são transmitidas ao homem por meio de animais infectados.
A geógrafa Andréia Cristina Tavares, que se diz “não muito fã de carne”, declara que sente receio em comer produtos de origem animal por conta dos frequentes escândalos que envolvem a indústria alimentícia. “Obviamente, tenho receio em contrair alguma doença séria e de difícil tratamento”, afirma. Para ela, que gosta apenas de carne branca, a indústria precisa de vigilância, uma vez que trata-se de um setor que tem a incumbência de alimentar as pessoas. “Mas nem sempre vemos isso”, critica Tavares.
Diante disso, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) constatou que, com o programa Carne Clandestina, o objetivo era combater um problema que não era apenas sobre o consumo de produtos de origem duvidosa, mas também de saúde pública. O projeto, ainda, conta com etapas de desenvolvimento, cujo propósito é conscientizar os proprietários de estabelecimentos que comercializam carne sobre os riscos em venderem alimentos que oferecem perigos à saúde.
No início do mês, uma ação do MP prendeu mais de oito toneladas de produtos de origem animal. Os produtos eram comercializados em mercados e açougues. De acordo com dados da Superintendência Estadual de Vigilância em Saúde (Suvisa), e da Vigilância Municipal, foram apreendidos 8,5 quilos de carne. O Procon Goiás, inclusive, chegou a lavrar 32 autos de infração/termos de notificação e 20 autos de apreensão, sendo 1.920 itens, o que correspondia a 1.352,8 litros de produtos líquidos e 222 kg de produtos sólidos.
A iniciativa tinha como propósito combater o abate e a comercialização de produtos de origem animal clandestinos. Após a apreensão, os produtos foram descartados em aterro sanitário de Trindade. Em julho, o Procon confiscou pelo menos 300 kg de carne impróprias para consumo num restaurante do Serviço Social do Comércio (Sesc), em Goiânia. De acordo com relatos do órgão, as carnes eram mantidas fora da temperatura adequada.
Alternativa
Com os frequentes escândalos que assolam o setor, uma insegurança na hora de morder um pedaço de bife ou comprar algumas gramas de contrafilé tomaram conta da população. Quando não são as propinas para facilitar carne irregular no mercado, são os componentes usados para rechear a tradicional linguiça que põem em cheque o gosto pelo tradicional churrasco. Por isso, aumentou o número de pessoas que dispensam o hábito de comer carne e, segundo o IBOPE, em 2012, pouco mais de 15 milhões de pessoas se declaravam adeptos da prática alimentícia vegetariana.
A estudante universitária Kimberly Bueno, 23, explica que optou por virar vegetariana quando um senhor de 80 anos lhe contou que o segredo para a longevidade era evitar produtos de origem animal. “Sem dúvida, ele foi fundamental na minha escolha, porque depois que conversei com ele resolvi ir atrás dos livros que leu. Depois disso, fiz alguns testes e passei a me sentir bem melhor”, relata.
(Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)