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domingo, 23 de fevereiro de 2025
Cidades

Soldados denunciam tortura no exército

Militares dizem que as práticas foram motivadas por razões ideológicas e políticas, já que eles eram novos no Exército

Postado em 20 de outubro de 2017 por Sheyla Sousa
Soldados denunciam tortura no exército
Militares dizem que as práticas foram motivadas por razões ideológicas e políticas

Marcus Vinícius Beck*

Pelo menos quatro soldados denunciaram superiores ontem (19) por maus-tratos, assédio moral e prática de tortura, em Jataí, na região sudoeste de Goiás. Um homem, que é lotado no 41° Batalhão de Infantaria Motorizada, disse que durante treinamento teve de deitar no chão enquanto um militar lhe dava vários chutes, pisava em sua cabeça e jogava terra em cima em cima dele. A denúncia será apurada por meio de um Inquérito Civil que foi instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF-GO).

De acordo com os soldados que fizeram as denúncias, as agressões foram motivadas por razões ideológicas e políticas, que iam a desencontro com as do superior. Novos no Exército, os militares chegaram a apresentar laudo médico em que constavam ferimentos no joelho, que teriam sidos causados pelas agressões. O MPF, que está apurando o caso, afirmou que a denúncia é acompanhada por vários arquivos de áudio e vídeo que evidenciam a prática dos crimes por parte dos superiores. Para o órgão, o mais grave foi o momento em que um soldado aparece sendo pisoteado no vídeo.

O material não chegou a ser divulgado para preservar a identidade dos soldados que denunciaram o superior. Segundo o MPF, as vítimas teriam ingressado no início deste ano na Corporação e, com isso, os crimes teriam ocorridos neste período. A instituição atua na esfera civil, e os maus-tratos terão de ser analisados pela Justiça Militar. Os soldados seguem na corporação, mas foram transferidos para outra unidade, enquanto os agressores estão detidos e encontram-se sob custódio por 72 horas. 

Num outro caso, o superior emitiu opiniões racistas e disse a um soldado que ele “é preto, feio e não pode mudar isso”.  De acordo com o MPF, os soldados seguem na corporação, mas o Exército dispõe de 15 dias para se manifestar. Eles devem ser ouvidos na próxima semana para dar curso aos trâmites da investigação. A sindicância que foi instaurada deve ser encaminhada ao MPF dentro dos próximos dias. 

Com o propósito de amenizar a situação, o Exército de Jataí disse que já foi notificado sobre o início das investigações e determinou a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o fato relatado pelo MPF-GO. Em comunicado, a Corporação afirmou que possui valores de respeito à dignidade da pessoa humana, independentemente da situação. Disse ainda que esforça-se para que eventuais desvios de conduta sejam corrigidos dentro dos limites previstos em lei. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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