Motoristas de caçambas fazem manifestação contra resolução
Cem caminhoneiros protestaram em Brasília em oposição à medida que obriga uso de sensor de segurança
Uma manifestação de “caçambeiros”, como são chamados motoristas de caminhões caçamba, tumultuou o trânsito hoje (10) na área norte de Brasília. Os motoristas são contra uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna obrigatório o uso de sensor de segurança que avisa quando a caçamba está mal instalada e pode se desprender da carroceria, representando risco a outros veículos.
Apesar do Contran adiar a validade da medida, conforme decisão publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, um grupo de 100 caminhoneiros do Distrito Federal, segundo informação do tenente Medeiros, da Polícia Militar, saiu em carreata por vias importantes de Brasília, prejudicando o trânsito principalmente na região norte da cidade.
Após a carreata, os motoristas estacionaram seus veículos próximo ao Estádio Mané Garrincha, onde se reuniram para pedir que a regra acabe em definitivo. Para Ramon Estrela, terceira geração de uma família que trabalha no ramo de transportes com caminhão, a resolução não garantirá maior segurança nas estradas e significa apenas mais custo para a categoria, que, segundo ele, já tem notado uma queda na renda, provocada também pelo alto preço dos combustíveis, sobretudo o diesel.
Embora não ache que a resolução seja ruim, ele diz que o Contran não consultou a categoria sobre o equipamento. “Um entende de caminhão e dez não entendem. Os dez que não entendem aprovaram a resolução”, disse. Segundo Estrela, o sensor custa, em média, de R$ 3 mil a R$ 5 mil, no DF, onde há somente dois estabelecimentos autorizados para instalá-lo.
“Minha paixão por caminhão era muita, mas acabou, por causa do valor do frete. Hoje, o combustível come 70% do frete”, acrescentou Estrela, que tem renda líquida média de R$ 2 mil e uma família de cinco pessoas, que vive em São Sebastião, a 26 quilômetros da região central da capital federal. “Meu pai tem um caminhão, que não roda mais desde junho do ano passado, porque não tem condições,” acrescentou.
Resolução
De acordo com a Resolução nº 563, de 2015, o sistema deve conter, no mínimo, uma combinação de dois dispositivos, que obedecem a uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e exige que o veículo apresente dispositivo de segurança primário, impedindo que a caçamba seja acionada de forma involuntária.
O sistema garante também que a ativação ocorra a partir de dois comandos do motorista ou, ainda, um comando de duas etapas, e um dispositivo terciário, que garanta que o caminhão não passe de 10 quilômetros por hora quando sua tomada de força estiver ligada.
A outra opção é que sejam instalados no veículo um dispositivo primário e um secundário, que consiste em um aviso visual e sonoro que alerta o motorista sobre o acionamento da tomada de força. É necessário que o aviso seja colocado na altura do painel, sendo facilmente visto pelo caminhoneiro.
A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do Contran e aguarda uma reposta.
(Agência Brasil)