Zuckerberg pede perdão no Parlamento Europeu à usuários
“Ficou claro nos últimos anos que não fizemos o suficiente para evitar que as ferramentas que criamos fossem utilizadas também para causar prejuízo”,
admitiu Zuckerberg
O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, desculpou-se ontem (22), durante audiência no Parlamento Europeu (PE), pelo vazamento de informações dos usuários da rede social à empresa de consultoria Cambridge Analytica e admitiu que “levará tempo para fazer as mudanças necessárias para proteger” a privacidade dos usuários.
“Ficou claro nos últimos anos que não fizemos o suficiente para evitar que as ferramentas que criamos fossem utilizadas também para causar prejuízo”, admitiu Zuckerberg aos líderes dos grupos do PE e a seu presidente, o italiano Antonio Tajani.
O fundador do Facebook aceitou comparecer voluntariamente ao PE para dar explicações após o vazamento em massa de informações dos usuários da rede social à Cambridge Analytica, que teria usado esses dados para influenciar no resultado das eleições presidenciais americanas e do referendo do Brexit, semanas depois de comparecer no Senado dos Estados Unidos por obrigação legal.
A intervenção do CEO do Facebook, que ocorreria a portas fechadas, pôde, por fim, ser acompanhada ao vivo através da internet, após as críticas dos grupos da Esquerda Unitária Europeia, dos Verdes e dos Social-democratas, e da Aliança de Liberais e Democratas Europeus.
“Seja através de notícias falsas, da interferência estrangeira em eleições ou de desenvolvedores que usam os dados das pessoas de maneira mal-intencionada, não tivemos uma visão suficientemente ampla de nossas responsabilidades. Isso foi um erro, e eu sinto muito”, disse Zuckerberg, seguindo a mesma linha de seu discurso no Senado americano.
O empresário admitiu que “levará tempo para fazer as mudanças necessárias”, mas garantiu que está comprometido a “fazê-lo bem e a realizar os importantes investimentos necessários para manter as pessoas protegidas”.
Antes do pronunciamento de Zuckerberg, que será sabatinado pelos líderes dos grupos políticos no PE, Tajani lembrou que, em maio de 2019, ocorrerão eleições europeias nas quais mais de 440 milhões de cidadãos estão aptos a votar e expressou esperança “de que o voto de cada um deles seja livre”.
“Infelizmente, o caso da Cambridge Analytica é alarmante. Nossos cidadãos merecem uma explicação completa e detalhada do que ocorreu”, ressaltou o político italiano.
A sabatina de Zuckerberg no PE ocorre apenas alguns dias antes de entrar em vigor na União Europeia (UE) o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês), que, entre outras coisas, aumenta de forma exponencial as multas às companhias que não cumprirem suas determinações.
Esta legislação dará ao cidadão maior controle do uso que outros fazem de suas informações pessoais já que, entre outras medidas, exigirá o seu consentimento explícito. (EFE Bruxelas)