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sábado, 23 de novembro de 2024
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Ação

Coletivo de Atrações ocupa Vila Cultural com programação gratuita

Instalação, cenografia, projeções, design, teatro, performance, narrativas cinematográficas, são linguagens que se unem em um mesmo espaço

Postado em 14 de agosto de 2018 por Kamilla Lemes
Coletivo de Atrações ocupa Vila Cultural com programação gratuita
Instalação

Da Redação

Entre os dias 16 de agosto e 16 de setembro o público de Goiânia conhecerá um surpreendente projeto cultural, que foge da estética clássica e propõe um novo tipo de experimentação. Trata-se do Coletivo de Atrações, que ocupará a Vila Cultural Cora Coralina e provocará a plateia por meio de espaços cenográficos, performances cênicas, palestra sobre a conceituação do projeto e oficinas para crianças e adultos. A criação e direção é de Hélio Fróes e Rô Cerqueira, a organização é da Balaio Produções Culturais, e a ação conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura do Governo de Goiás. Toda a programação é gratuita.

Inquieta Imersão

Segundo seus idealizadores, o Coletivo de Atrações é uma possibilidade de encontro entre artistas de diferentes saberes e fazeres com o intuito de aprofundar suas pesquisas e de causar uma intersecção criativa, que se propõe a refletir sobre outras formas de fazer arte, que escapa a toda intenção utilitária.

O que o Coletivo de Atrações propõe é uma imersão em universos imaginários, que provoque discussões e percepções sobre a vida real e a violência contemporânea. A temática é propositadamente contraposta à sutileza e fragilidade dos suportes artísticos utilizados (plástico, papéis, projeção de luzes e sombras). Uma instalação chamada SILHUETA CESARE, que ficará em exposição por 30 dias, cria o cenário para a performance interativa chamada PASSAGEM, que ocorrerá em 4 momentos determinados. Uma palestra sobre os conceitos criativos do projeto resgatam os elementos teóricos e históricos que contribuíram para o resultado e três oficinas, que dialogam com as técnicas aplicadas no trabalho, completam a experiência. Assim, o COLETIVO DE ATRAÇÕES pretende construir narrativas fragmentadas que causem a diluição das fronteiras entre o factual e a ficção, a violência e a poesia, a fisicalidade e o virtual, a luz e a sombra.

Carcinoma e Silhueta

A experiência pessoal de uma doença agressiva mudou os rumos da obra de arte. Um câncer no esôfago, um aterrorizante adenocarcinoma, transformou a vida e a obra de um dos idealizadores do Coletivo de Atrações. Hélio Fróes decidiu que estamparia em sua obra o seu órgão de digestão afetado, extipardo por uma cirurgia e uma recuperação dramática. Com isso, o criador formulou sua narrativa sobre tudo que consumimos indiscriminadamente, de forma cada vez mais veloz, e que nos chega por todos os sentidos. A digestão do mundo tornou-se potencialmente letal.

SILHUETA CESARE reproduz um esôfago de 20 metros dentro da obra, sendo esse é o suporte principal para receber as sombras, sons e corpos que interagem com a instalação. Uma criação interdisciplinar que dialoga com a estética do Expressionismo Alemão do filme O GABINETE DO DR. CALIGARI (1919), com a violência urbana contemporânea e com a fragilidade de vidas humanas expostas ao caos. Inevitáveis relações entre o filme do diretor Robert Wiene e seu contexto histórico, com as questões político-econômico-sociais dos nossos dias, produziram, para este projeto artístico, imagens que oscilam entre ilusão e realidade, entre universos interiores da existência humana e a dureza do mundo exterior. Uma metáfora sobre o cotidiano de uma urbanidade apática e sonâmbula – como o personagem Cesare, que é manipulado por Dr. Caligari -, perante décadas de opressões sociais, muitas vezes silenciosa e perversa, justamente por ser hipnotizante.

Coletivo Criador

A equipe é formada por criadores independentes que intercambiam seus trabalhos há vários anos. São profissionais que sempre buscaram agregar parceiros e construir articulações ideológicas entre arte e sociedade. Entre eles: Hélio Fróes (Dramaturgo, roteirista e diretor de teatro e cinema, Mestre em Poéticas da Cena e do Texto Teatral pela UNIRIO.); Rô Cerqueira (Artista visual, cineasta e pesquisadora, Mestre em História da Artes pela UERJ e Mestre em Cenografia pela UNIRIO); Fernanda Pimenta (Atriz, palhaça, diretora, dramaturga e produtora, que desenvolveu pesquisa de Mestrado em artes da cena na Unicamp e que atualmente atua nos grupos Farândola Teatro, Grupo Bastet, Cia de Arte Poesia que Gira e Cia de Teatro Nu Escuro); Júnior Oliveira (Bacharel em Direção de Arte pela UFG, Especialista em Docência do Ensino Superior pela FABEC e Iluminador Cênico); Luana Otto (fundadora e diretora geral da Balaio Produções, produtora cultural atuante em diversas linguagens artísticas). 

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