Cursos técnicos ‘aceleram’ emprego no mercado formal
Mais de 80% dos alunos inscritos em cursos técnicos do Senai, por exemplo, estão empregados, garante gerente
Raunner Vinícius Soares*
Para conquistar uma vaga de emprego num contexto de crise é necessário capacitação profissional. Em Goiás, a taxa de desemprego alcança 371 mil pessoas, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contrário a essa realidade estão os cursos técnicos, que oferecem melhores condições de empregabilidade para o profissional, condicionando-o para o mercado.
O gerente de educação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Goiás, Weysller Matuzinhos de Moura, explica que o desemprego, na maioria das vezes, pela falta de qualificação. “O principal problema para a pessoa que busca um emprego hoje é a qualificação profissional. É um paradoxo, o empregador quer contratar, mas não consegue por que não tem gente qualificada e, no geral, o empregado não prioriza ou não consegue priorizar a formação profissional e, também, os programas sociais não conseguem contemplar todas as pessoas que precisam”, garante.
Weysller informa que embora a economia, há alguns anos, venha sofrendo com a recessão, o que reduz a empregabilidade no quadro geral, porém o Senai tem mais de 80% dos alunos empregados, antes mesmo de terminar o curso. Em alguns cursos são quase 90%. “O curso técnico tem alto índice de empregabilidade dado pela própria capacitação, porque ele pode ser um trabalhador autônomo, um prestador de serviços, pode ser um projetista e, além de tudo, ele pode ser um empregado”, afirma o gerente.
Ele garante ainda que o curso técnico possibilita uma remuneração muito acima da média salarial. “Por exemplo, pega um assistente administrativo contratado com o mesmo ensino médio, mas sem uma habilitação técnica, o salário dele é muito abaixo do que um habilitado. Temos algumas carreiras de nível superior que tem uma remuneração inicial muito boa. Inicialmente entre R$ 2.200 e R$ 4.500”, exemplifica Weysller.
Colocação no mercado
Em termos de empregabilidade, o especialista afirma que é mais interessante fazer um curso técnico do que fazer uma graduação. Ele afirma que as chances de conseguir uma colocação no mercado é maior com uma habilitação técnica do que fazer uma graduação. “Mas não estou estimulando a não fazer a graduação, todas as estáticas comprovam que as pessoas que saem dos cursos técnicos, na maioria, ingressaram na faculdade. Então, nossas estatísticas mostram que os egressos do curso técnico têm um desempenho maior na vida profissional e eles tendem a seguir uma carreira verticalizada. Ou seja, tendem a continuar estudando.”
Weysller diz que em países mais desenvolvidos, o número de pessoas que fazem curso profissionalizante é, em média, 40% da população, já no Brasil é apenas 11%. E isso, segundo ele, tem um reflexo direto na situação econômica na população, na mobilidade social, na realidade socioeconômica do país.“É por isso nós do SENAI estamos há alguns anos, principalmente nestes últimos 10 anos, intensificando a preocupação numa formação mais plena, baseada no estimulo à ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática.”
“Portanto, justamente para dar uma formação plena sempre voltada para a indústria, na perspectiva de atender a nossa missão que é formar e transferir tecnologias para a indústria brasileira, elevando a competitividade do nosso país não só possibilitando a formação técnica como habilidades socioemocionais”, pontua Weysller de Moura.
Empregabilidade
Ewller Ayquel Bonfim Dias, de 23 anos, realizou formação no Curso Técnico em Mecatrônica com duração de dois anos na unidade Faculdade de Tecnologia Ítalo Bologna. O jovem estava desempregado há um ano. Antes de terminar o curso já conseguiu emprego. “Minha primeira porta se abriu para um estágio em informática com duração de seis meses. Em seguida, permaneci mais seis meses a procura de outra oportunidade, e novamente consegui outro estágio na área do curso, onde me ajudou a concluir minha formação”, explica o técnico em mecatrônica.
Ewller diz que estar desempregado não é nada fácil, principalmente para jovens que estão em busca de oportunidade e experiência profissional, na avaliação. “O mercado de trabalho exige formações e experiências e não está empregado e preparado, dificulta ainda mais na conquista de oportunidades”, explica o jovem.
O técnico fez vários cursos, mas considera mais importante o de Técnico em Mecatrônica, porque, segundo ele, este curso é voltado para uma área de grande desenvolvimento tecnológico. “Tenho muita afinidade por tecnologia resolvi me especializar nesse segmento. Atualmente, o mercado de trabalho, principalmente industrial, necessita de profissionais com essa formação”, pontua.
Ele concluiu o curso em Mecatrônica há dois anos. Faltando apenas dois meses para o final do curso o jovem conseguiu emprego em uma empresa de tecnologia voltada para automação residencial, onde foram até o Senai em busca de contratações. “Até o momento estou empregado nessa mesma empresa, a Automatize Residências Inteligentes e Eficiência Energética.”
Ewller explica que estar empregado melhorou muito sua vida. “Só o fato de estar formado e trabalhando com o que gosto garantiu todo o esforço e dedicação, além das conquistas profissionais e pessoais proporcionadas por meio do investimento em conhecimento”, pontua.
Além de uma boa formação técnica cursos podem render prêmios
Guilherme Ricardo Rabello, de 29 anos, resolveu fazer o curso de Mecatrônica para o crescimento na empresa que trabalhava. Antes do curso estava empregado em uma construtora, era técnico em inspeção e necessitava aprofundar os conhecimentos na área de Mecatrônica. No entanto, a empresa entrou em uma crise e Guilherme ficou sete meses sem receber. “Pedi conta, na empresa, dia 8 de janeiro de 2018 e busquei outro emprego. Dia 18 de fevereiro, fui contratado pela Redemob Consórcio. Eles necessitavam de alguém formado em Mecatrônica ou Eletrônica (técnico)”, pontua.
O técnico se formou no dia 19 de dezembro de 2017 no curso, que tem duração de dois anos e meio, mas, Guilherme diz que, devido aos feriados prolongados, acabou que o curso demorou três anos para ser concluído. Guilherme considera que sua vida melhorou muito, seu salário continua praticamente o mesmo, aumentou muito pouco, porém não precisa ficar viajando à trabalho e, também, tem segurança de receber em dia. “E o ambiente de trabalho também é bom. Os colegas de trabalho são proativos, a equipe é unida, considero isso muito importante para satisfação profissional”, afirma o técnico.
O curso no Senai possibilitou que ele ganhasse um prêmio nacional de inovação. “Desenvolvi um sistema de vídeo inspeção que foi contemplado a nível nacional. Agora estou buscando financiamento e, também, uso a renda do meu emprego para investir no projeto”, afirma Guilherme.
Competição
Este campeonato, no qual se consagrou campeão, é uma disputa em que todos os Senais do Brasil lançam projetos inovadores. Desde projetos na área de alimentos até projetos da área de mecatrônica. “Se não me engano, foram quase 5 mil projetos lançados na plataforma, cerca de 350 selecionados”, informa o técnico.
O projeto se embasa em modernizar a tubulação que passa o cabeamento elétrico. “Então, dessas 5 mil propostas inscritas, obtive o 1º lugar no Brasil na categoria processos. Apresentei um sistema de vídeo inspeção robotizado para redes com Til Radial ou Curva de 90 graus. Proposta que pretende substituir o método atual que é por Sonda +ara”, explica o técnico em Mecatrônica. (Raunner Vinícius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)