Marconi é preso pela operação Cash Delivery
Operação da Polícia Federal investiga possível ligação do ex-governador com a empreiteira Odebrech. Segundo MPF, Marconi Perillo teria recebido R$ 12 milhões em propina

Lucas de Godoi*
O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) foi preso na tarde desta quinta-feira (10), na sede da Polícia Federal, em Goiânia. Ele foi até a corporação para prestar depoimento aos investigadores da Operação Cash Delivery, que apura o pagamento de propina para financiar suas campanhas, pela empreiteira Odebrech. A ordem de prisão foi expedida pelo juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás.
O que motivou a apuração policial foram delações premiadas de executivos da Odebrecht. Eles afirmaram à justiça ter repassado R$ 12 milhões para campanhas de Marconi Perillo entre 2010 e 2014, em troca de favores no governo. Para a PF, Perillo seria o chefe do esquema. O caso tramitava no Superior Tribunal de Justiça, mas foi enviado à Justiça Federal de Goiás em abril, após Perillo deixar o governo para se candidatar ao Senado.
O advogado Antônio Carlos Almeida de Castro, conhecido como Kakay, havia dito à imprensa nesta quarta-feira (9) que não havia possibilidade de Marconi ficar preso. Isso por que ele conseguiu no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) duas liminares para determinar a liberdade de outros envolvidos na investigação e considera que esta determinação seja “praticamente um “copia e cola” de outra decisão de prisão já revogada por determinação do TRF 1”.
Em sua nota, Kakay descarta que existam novos elementos para justificar o pedido de prisão. “Não há absolutamente nenhum fato novo que justifique o decreto [de prisão] do ex-governador Marconi Perillo”. Para o advogado, a prisão de Perillo “constitui uma forma de descumprimento indireto dos fundamentos das decisões de liberdade concedidas a outros investigados”, “por fatos supostamente ocorridos entre 2010 e 2014, [baseada] na palavra isolada dos delatores”.
Operação
A operação foi deflagrada no dia 28 de setembro, quando a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão de documentos em endereços ligados a Perillo. Na ocasião, a casa do ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, sofreu buscas dos agentes da PF. Ele é apontado como o responsável por receber os recursos. No mesmo dia, na casa do seu motorista, o policial militar Márcio Garcia Moura, os policiais encontraram R$ 940.260,00 mil em espécie, guardadas em caixas de papelão.
Ao final do primeiro dia da força-tarefa, a PF contabilizou a prisão de cinco pessoas. Além de Rincón, seu filho, Rodrigo Godoi Rincón foi preso em São Paulo. O endereço de Rodrigo, em um bairro nobre da Capital paulista é indicado na denúncia como o provável local de entrega de recursos ilícitos.
Os outros detidos foram os empresários Carlos Alberto Pacheco Júnior – que atua no ramo de transportes de valores e é amigo de Jayme Rincón, e o advogado Pablo Rogério Oliveira. Desses, apenas o motorista de Rincón seguia preso até esta quarta-feira (10).
Até o fechamento desta edição, Perillo seguia preso na sede da PF. A defesa entrou com pedido de Habeas Corpus e aguardava decisão. (*Especial Para O Hoje)