Vereador por Goiânia, Anselmo Pereira espera novos ares no PSDB
Segundo ele, o PSDB teve seu ciclo positivo e trouxe grandes inovações para o estado
Lucas de Godoi e Raphael Bezerra*
Qual o balanço sobre as eleições do PSDB no ano passado?
Como qualquer partido que fica no poder ele tem seus desgastes e precisa fazer suas apurações. O PSDB teve seu ciclo positivo e trouxe grandes inovações para o estado, principalmente, por aquele que foi o pontífice do partido. Lamentavelmente o ciclo perece e tem data de vencimento, nosso ciclo se encerrou mas nós deixamos muitos legados para o estado. O desenvolvimento industrial, agropecuários. E isso foi benéfico em momentos que grandes estados retroagiram e Goiás se estabeleceu, permaneceu disputando posições importantes considerando essa vitalidade que o partido deu nessa época. Agora, ao encerrar o ciclo, e provoca mudanças no cenário político.
Quais as suas contribuições para o partido durante esse tempo?
Eu permaneço no PSDB há praticamente dois mandatos, fui presidente do diretório metropolitano nos bons momentos e permaneço nessa nova fase do PSDB como uma espécie de conselheiro que, muitas vezes, não somos ouvidos mas a gente continua insistindo em fazer com que o partido que é da socialdemocracia exercite isso e vá a base e a militança e que a militança seja o veículo as mudanças. Muitas vezes as mudanças saem dos bolsos dos coletes e cometem os erros que fomos cometendo ao longo dos anos. A exemplo da última eleição e a exemplo da minha, quando eu queria ser candidato a prefeito de Goiânia estando a frente da Câmara dos Vereadores, fazendo uma Câmara itinerante, atendendo cerca de 20 mil pessoas por mês e lamentavelmente o partido não entendeu isso, optando por uma pessoa que não tinha apelo popular e ela desistiu do pleito.
No último pleito, nomes da base do partido, refutaram o nome de José Eliton que, segundo alguns, não tinha nada a apresentar, nem mesmo votos.
Deu-me a impressão que alguns partidos que formataram a base durante o último mandato, começaram a entender-se como identidade própria, objetivavam posições no poder mas não retribuíam. O cidadão começa a entender que o partido dele quer ser mais importante do que o partido que está no comando e isso é muito ruim, começa a fomentar uma disputa interna na base e esta disputa interna trouxe esses desgastes que nós vimos no último pleito eleitoral.
Esses ciclos finais, que você cita, eles também devem ocorrer dentro do partido?
Inevitavelmente, independente do tempo daqueles que estão no PSDB é preciso uma mudança de comportamento, até porque a lição foi dada. Agora, ficaram bons nomes, inclusive sem madatos, e que fizeram história no partido. Vamos escolher um bom representante do partido para juntar os cacos e refazer aquilo que nós precisamos, acredito que agora é a hora de depurar o partido para ele ter a essência que deveria ter. Ninguém vai vir para o PSDB para ter cargo, terão que fazer sacrifícios e vir para recompor o partido e ter a capacidade de enfrentamento.
Como é, no seu 9º mandato a relação com o prefeito Iris Rezende (MDB) e como você percebe os projetos do Executivo?
Quando termina o pleito eleitoral é preciso haver uma parcimônia de todos os poderes para que todas as forças serem canalizadas para o povo. Alguns me chamam de governista, mas o ponto não é esse. Eu sou um cidadão que aprendi cedo, que ao terminar o pleito eleitoral, você deve contribuir para aquele que foi eleito para gerir a sociedade para que dê certo. Se não ficamos naquela temática antiga de “quanto pior, melhor”. Isso não pode existir. Todos os bons projetos do prefeito Iris Rezende eu abraço porque eu sei que são bons para a cidade. Quando eles estiverem em malefício, não contem comigo.
Sobre uma pauta específica, que é a discussão do decreto do prefeito sobre regulamentação do transporte individual. Ventila-se que as empresas enviaram a Casa uma minuta. Qual sua análise sobre o tema?
Quando entrei na Câmara em 77, tínhamos uma máquina muito velha onde todos os vereadores tinham que usá-la para fazer suas matérias. As mudanças chegas, as leis tem que acompanhar as mudanças. Eu não sou contra nenhuma dessas modalidades, até porque, é uma coisa universal. Mas eu sou contra a exploração destes serviços sem que se dê uma contrapartida para as cidades. Nós temos os taxis, eles pagam licenciamento, pagam impostos e a gente tem o controle de quem são os taxistas, agora, dificilmente eu sei que é o motorista do Uber. Queremos que ele seja legalizado, que ele registre quem conduz os veículos e eu quero que ele contribua com a cidade e que seja regularizado. Temos uma modalidade que inaugurou hoje que é o citybus, um coletivo muito importante que vai tirar 6.500 carros da rua. Na Câmara nos temos alguns projetos para que os aplicativos sejam regulamentados.
Começa esse ano uma nova diretoria, de que forma o senhor espera trabalhar com o presidente Romário Policarpo (Pros)?
Eu sou cúmplice da eleição do Romário Policarpo, de forma bem ativa. Até o método que utilizamos foi o meu, pegamos os vereadores, tiramos de Goiânia e lá voltamos com os 22 que iriam nos apoiar e ganhamos. Contra a prefeitura? Não. Até porque o prefeito nem interferiu, houve um conglomerado de vereadores que se interessaram em discutir a Câmara e ganhamos. Agora, nós temos uma responsabilidade séria. Não podemos sair desta legislatura sem entregar quatro projetos fundamentais que são a lei ambiental da cidade, a reforma do código tributário e a reforma do código de postura. E este é fundamental e iminente. E agora, a Câmara também começou uma discussão formada por quatro vereadores e quatro representantes do Executivo para concluir o plano diretor de Goiânia, que já deveria estar publicado por força de lei nos primeiros dias de 2019. Nós estamos devendo isso para a sociedade.
Essas pautas precisam de uma liderança, principalmente para defender os projetos do Executivo. Se esse cargo fosse oferecido pelo prefeito, você aceitaria? Além disso o senhor brincou que tomaria o cargo do Tiãozinho do Porto (atual líder), falando que ele estava muito lento.
Você já viu aquele negócio que você grita para o cidadão assustar a sua letargia. Foi o que eu fiz. Eu não quero ser o líder, eu quero ser o conselheiro da Câmara e eu o faço com muita propriedade independente de qualquer cargo. Muitas das coisas deixaram de acontecer por causa da experiência que nos credencia e não nos permite omitir diante de momentos ruins. Liderança não, conselheiro sim.
Qual a sua visão a despeito da criação de novos cargos lá Câmara?
Sou defensor. Precisa de mais gente para trabalhar lá. A Câmara tem em média 145 funcionários efetivos, nós hoje temos mais de 30 comissões. A Câmara tem tido um problema seríssimo de vetos, porque as leis não estão sendo feitas direito. Então esse assessoramento que o presidente defende, ela vem diretamente na qualificação do processo legislativo. Não é para dar emprego não. Não vai entrar lá qualquer um, teremos gente qualificada. Primeiro juridicamente, é justamente para aparelhar a Câmara para que as leis não se tornem obsoletas. No primeiro dia dessa legislatura, não tinha nenhum projeto de lei, apenas 16 vetos. Algumas coisas estão erradas. Queremos legislar sobre uma boa matéria mas não temos conhecimento para fazer com que essa lei vingue. (*Especial para O HOJE).