Prefeitos bancam obra em rodovia
Sete municípios goianos se uniram para construir um desvio emergencial após o rompimento de um bueiro na GO-060
Lucas de Godoi*
A má conservação das rodovias goianas tem exigido muito dos prefeitos de Goiás. Após a interdição de trechos da GO-060 e GO-173 pela Justiça e posterior rompimento de um bueiro no km 184 da GO-060, prefeitos de sete municípios se uniram para reestabelecer o trânsito na estrada. Para prosseguir com a obra, eles tiveram que assinar um termo de responsabilidade, já que a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) entendeu que a construção estava em desacordo com as exigências do órgão. Apesar da paralisação deste sábado (16), os trabalhos devem ser retomados hoje.
Os investimentos para realização do desvio serão pagos pelas prefeituras de Piranhas, Israelândia, Jaupaci, Amorinópolis, Iporá, Diorama e São Luiz dos Montes Belos. Os prefeitos também tiveram que assinar um termo de responsabilidade civil e criminal por eventuais acidentes no local. O acordo foi costurado pelo senador Vanderlan Cardoso.
Vanderlan foi até o córrego Combuco e intermediou o diálogo entre o Executivo do estado e os municípios, com objetivo de somar forças para resolver o problema que tem afetado os moradores da região. “Falei com o Governador Ronaldo Caiado, que nos atendeu prontamente e, junto com os prefeitos chegamos a uma solução, construindo um desvio com um novo bueiro para liberar a passagem dos veículos”, escreveu nas redes sociais.
O governador Ronaldo Caiado (Democratas) já havia visitado o local comprometido, logo após o rompimento, na manhã do último domingo (10). Na ocasião, ele anunciou que o Exército iria construir uma ponte metálica sobre a GO-060 para que o trânsito fosse retomado rapidamente. Disse ainda que esse tipo de evento era causado pela corrupção na gestão dos recursos públicos. Já na última quinta-feira (14), Caiado decretou situação de emergência em 12 municípios da região para facilitar a adoção de medidas urgentes para reparação dos trechos prejudicados.
Durante o fim de semana, houve um clima de incerteza em relação aos reparos, já que a Goinfra teria se posicionado contrária ao serviço realizado pelos municípios. Por causa dessa repercussão, o juiz Marcos Boechat Lopes Filho veio a público esclarecer que sua decisão anterior – de bloquear o tráfego de veículos pesados em trechos das rodovias – não tinha relação com a paralisação da obra.
O magistrado disse em nota que ficou sabendo através do Comandante da Polícia Militar Rodoviária, Tenente Coronel Nilso Veloso da Silva que um engenheiro da Goinfra esteve no local e não aprovou a passagem sobre o córrego da forma como as prefeituras queriam realizar, com argumento de que a estrutura ficaria insegura para o trânsito de veículos.
“Não é verdadeira a notícia divulgada extraoficialmente em redes sociais de que eu embarguei a construção do desvio. Ressalto, ainda, que a responsabilidade pela recuperação da rodovia ou da construção de desvios é da GOINFRA e do Estado de Goiás, não das prefeituras”, informou o juiz.
Ainda segundo a nota, as obras poderiam prosseguir, desde que observadas as normas técnicas que garantissem a segurança do trânsito no local. Os prefeitos devem concluir o desvio ainda nesta semana.
Além disso, também é esperada a montagem da ponte de metal pelo Exército, que deverá ser concluída nos próximos 15 dias. O governo goiano, também, continua com a promessa de construir uma ponte de cimento na gruta, mas ainda não deu previsão para início da obra.
Medida judicial
Antes do rompimento, o juiz Marcos Boechat Lopes Filho, da comarca de Israelândia, determinou que o Estado de Goiás, providenciasse barreiras para bloquear o tráfego de veículos pesados na GO-173, entre Israelândia e Jaupaci, e na GO-060, entre Iporá e o trevo de acesso à cidade de Moiporá. Para garantir a efetividade da medida, as barreiras deveriam ser policiadas 24 horas por dia, sob pena de multa de R$ 1 milhão. Os trechos foram interditados por força de liminar no dia 13 de fevereiro, porém a ordem não foi cumprida até que houvesse o desabamento da pista.
Na véspera de carnaval, a Goinfra realizou um tratamento emergencial da via, o que segundo o juiz, foi insuficiente para resolver o problema. “Os reparos emergenciais iniciais foram feitos apenas com a retirada do asfalto deteriorado e, em seu lugar, foi apenas colocada uma camada de terra, aparentemente sem qualquer critério técnico, o que, a princípio, não garante a segurança de tráfego no local, sobretudo de veículos pesados, podendo provocar acidentes até mesmo com vítimas fatais”, despachou.
Por causa do descumprimento da decisão anterior – passados mais de 10 dias desde a liminar – Marcos Boechat arbitrou multa ao Estado de Goiás no valor de R$ 100 mil.
Procurada, a Goinfra não havia se posicionado até o fechamento desta edição. (* Especial para O Hoje)