Moradores de Aparecida de Goiânia reclamam de condições de pontes da cidade
A condição da ponte na Av. Pedro Luís Ribeiro, no bairro Papillon Parque, em Aparecida de Goiânia, assusta moradores
Igor Caldas*
A condição da ponte na Av. Pedro Luís Ribeiro, no bairro Papillon Parque, em Aparecida de Goiânia, assusta moradores. Ela não cumpre com os requisitos mínimos para oferecer segurança aos cidadãos. Devido ao solo arenoso, a cidade sofre bastante com problemas de erosões causadas pelas fortes chuvas. A água pluvial aumenta o volume dos cursos d’água que cortam a cidade. A enxurrada carrega lixo e entulho que são abandonados nas vias públicas e castiga as estruturas das vias e pontes do município.
Durante esse período, fica mais difícil para a Prefeitura realizar obras de reparos que sejam eficientes, pois basta chover de novo para que o lugar reparado volte ao estado anterior ao serviço realizado.
A reportagem do O Hoje esteve no local para averiguar a situação da ponte e constatou que o guarda-corpo da estrutura oferece riscos aos pedestres que fazem a travessia. A estrutura de proteção de apenas um palmo de altura não garante que o cidadão faça a passagem com segurança. Além disso, as erosões têm comprometido a estrutura da ponte e os cidadãos temem que ela possa desabar.
O solo próximo ao barranco está sendo retido por uma pilastra que segura placas de concreto com fissuras assustadoras. Ao caminhar por cima do barranco, os pés simplesmente afundam no solo arenoso vermelho que desce até o córrego. Quando um veículo mais pesado, como um ônibus ou caminhão faz a travessia, dá para sentir toda estrutura tremer. Próximo ao local está a Fundação Bradesco e muitas pessoas têm que passar pela ponte para estudar no local.
Medo
Alessandra Cristina Oliveira estava passando pelo local na mesma hora que o trabalho da reportagem estava sendo conduzido. Ela afirma que a ponte já quase desabou várias vezes. Oliveira tem uma filha que estuda na Fundação Bradesco, apesar de morar a 10 minutos de caminhada do local, ela prefere arcar com os custos de transporte de uma van a deixar sua filha fazer a travessia da ponte a pé. “Isso aqui é um perigo. Essa ponte já quase caiu várias vezes. Minha menina estuda na Fundação Bradesco e a gente mora aqui do lado. Ela poderia vir a pé se a ponte estivesse em bom estado, mas eu tenho que pagar R$ 200 de van porque não tenho coragem de deixar ela atravessar”, lamenta Alessandra.
Alessandra afirma que se arrisca todos os dias ao atravessar a ponte, pois acha o guarda-corpo muito pequeno. “Tinha que aumentar isso para não ter risco de alguém cair lá para baixo. Eu mesmo que tenho medo de altura já olho para baixo e fico tonta. Se um idoso tropeçar e cair aqui, morre mesmo”.
A moradora teme que a ponte desabe na próxima chuva que cair no local. “Quando chove aqui é um horror. Se não reforçarem a estrutura dessa ponte ela vai cair na próxima chuva”, prevê. Neste mês, a travessia já foi alvo de reparos da prefeitura. Na última chuva forte que caiu no local, a água abriu um buraco enorme na via de travessia dos pedestres. O buraco foi tapado, mas o guarda-corpo e a estrutura que segura o barranco continuou da mesma forma.
Ela relata que antes disso a ponte já havia passado por reparos para consertar os danos causados pela chuva. “Da primeira vez que arrumaram, fizeram mal feito. Daí, nessa última chuva, abriu uma cratera aqui. Eles vieram fazer obra de novo e também não ficou bem feito”, reclama Alessandra.
Eliane de Paula, que mora no bairro adjacente à ponte, também tem reclamações sobre as obras da prefeitura. “A ponte está com sinais de desmoronamento. A prefeitura vem fazer as obras e nunca faz nada direito. Eles colocam essa terra vermelha fofa aqui, jogam um entulho por cima e cobrem de concreto. Só ficam esperando a ponte cair”. Ela afirma que morou a vida toda em Aparecida de Goiânia e já viu a ponte desabar duas vezes. “Olha o estado disso aqui. Ela vai cair na próxima chuva. Meu filho passa por aqui todo dia de bicicleta, eu já falei para ele passar longe porque ela vai cair. O serviço está mal feito e a gente tem que cobrar dos políticos por que são eles que contratam o serviço aqui”, denuncia.
Pontes também não oferecem vias para travessia para pedestres
Seguindo a Avenida Pedro Luís Ribeiro em direção ao 7º Batalhão de Bombeiros Militares, a ponte que fica sobre o mesmo córrego na Av. Escultor Veiga Valle oferece sério risco de atropelamento para pedestres que desejam fazer a travessia. Ela possui passeio apenas em uma das vias da avenida e não possui sinalização horizontal, semáforo, passarela ou faixa de pedestres próximo à ponte para garantir que o cidadão atravesse a avenida com segurança. Muitos se arriscam a passar pela mesma via que os carros passam pela ponte.
Lorival Bastos atravessou a ponte pela primeira vez na vida. Ele fez pela via dos carros, mas teve medo. “É a primeira vez que estou passando por aqui. Mas, com muita fé em Deus, vou atravessar. Não tem outro jeito”.
Luana Costa Santos tem um filho de 9 anos e um bebê de 7 meses. Ela prefere atravessar a avenida empurrando o carrinho de bebê para percorrer o caminho de pedestres da ponte. Mas teme pela vida dos filhos por atropelamento. “Todo dia eu corro risco atravessando essa rua. Hoje o trânsito está tranquilo, mas em horário de pico eu já fiquei quase uma hora para atravessar de um lado pro outro com as minhas crianças. Até hoje não vi a prefeitura fazer nada para esse lado de cá. Sinceramente, já estou querendo mudar daqui por causa dessa travessia perigosa”, reclama Santos.
Existe um radar de velocidade funcionando na avenida, mas ele não parece ser suficiente para diminuir inibir os motoristas. “O carro nem vê quem está atravessando. Não tem nenhuma faixa de pedestres, sinaleiro, nada. Esse radar tinha que ser mais para cá, para ser mais fácil de atravessar. Os carros chegam aqui com muita velocidade. Bruno Alves mora vizinho à ponte e afirma que uma idosa já foi atropelada tentando atravessar a avenida para fazer a travessia da ponte. “Há mais ou menos dois meses uma mulher foi atropelada bem aqui. Ela foi tentar atravessar e a moto que reduziu a velocidade depois de passar no radar, acelerou para fazer a subida depois da ponte e não conseguiu desviar dela. Ela não morreu, mas ficou acidentada. Se você tenta atravessar para o lado de lá, corre risco de ser atropelado. Se atravessar para o lado de cá, você corre risco de cair da ponte”, lamenta Alves.
No escuro
Outro problema relatado por Alves é a falta de iluminação na via que aumenta o risco de travessia à noite. “À noite aqui é tudo escuro. Aquele poste não acende, e os que acendem não iluminam. Se for à noite, a pessoa não consegue atravessar. Acho que uma coisa que resolveria o problema seria uma passarela de travessia para pedestres. O radar de velocidade que tem ali em cima não adianta nada”, afirma Bruno. Ele também relata que uma árvore no canteiro central da avenida está prestes a cair. “Já reclamamos mais de mil vezes para prefeitura tirar uma árvore que está caindo ali no canteiro central. Uma hora ela cai em cima de alguém ou de algum carro e vai causar prejuízo. Se não machucar ninguém né. A prefeitura não esquenta com a gente não”
A Prefeitura de Aparecida de Goiânia foi questionada sobre a condição das pontes pela reportagem e emitiu resposta em nota. A Secretaria de Infraestrutura de Aparecida (Seinfra) explica que na Avenida Pedro Luís Ribeiro (continuidade da J-2) no setor Papilon Park recebeu intervenções estruturantes de contenção da ponte, aterramento e reparação da saída de água e direção do córrego. A Secretaria ressalta que já está providenciando a fabricação de um guarda-corpo para ser implantado no local e assim garantir a segurança dos condutores e pedestres que circulam na via.
Sobre a ponte da Avenida Escultor Veiga Vale, no setor Veiga Jardim, a Seinfra explica que será necessário fazer uma nova saída de água e arrumar o cursor do córrego. O serviço será realizado depois do período chuvoso para garantir a qualidade da estrutura e a segurança da população que trafega no local.
Quanto à sinalização, a Secretaria de Mobilidade e Defesa Social informa que a via conta com semáforos, quebra-molas e que a avenida será contemplada no mês de maio, em toda a sua extensão, com a revitalização da sinalização horizontal e vertical. A Secretaria alerta que para evitar o registro de acidentes é necessário o condutor obedecer à sinalização e normas de trânsito.
Sobre a iluminação da via, a diretoria de Iluminação Pública da Secretaria de Desenvolvimento Urbano informa que uma equipe de manutenção está na região fazendo a troca de lâmpadas e que toda a extensão da avenida será contemplada até o final da próxima semana.