GUILHERME MELO* 

De Goiânia para o mundo: Boogarins retorna à cidade, nesta sexta-feira (10), para lançar o novo álbum do grupo intitulado Sombrou Dúvida. O show será realizado, às 20h, no Teatro Goiânia. O novo trabalho traz um pouco do universo surreal, que a banda já vem construindo desde de 2012, ano de criação do Boogarins. 

O grupo, que nasceu em Goiânia – da amizade entre Fernando Almeida e Benke Ferraz – hoje tem também Hans Castro (bateria) e Raphael Vaz (baixo). O 4º trabalho da banda conta com dez faixas musicais que refletem bem o som frenético, característico da banda, passando pelo rock psicodélico. “A criação começou antes de lançar o terceiro disco. Estávamos no Texas, e as músicas foram surgindo. Como não encaixavam com a ideia de Lá Vem a Morte (3º disco), deixamos para o futuro. E foi excelente isso! Sombrou Dúvida consegue unir uma mistura de social com espiritual, com que todos do grupo se identificaram”, explica Benke, guitarrista do Boogarins. 

O disco conta com a distribuição mundial do selo Overseas Artists, e carrega uma apresentação mais pop, voltada para o introspectivo. “Com certeza, esse disco tem um apelo de mais pop, que vai nesse fluxo de as canções serem mais claras, mas sem perder aquela coisa da ‘doideira’ que a gente sempre botou em nossas canções, a questão da textura, de sons malucos, de fazer o ouvinte sentir a música de outras formas”, adianta o músico. 

Além de uma mescla de sons, que já é uma marca do Boogarins, Sombrou Dúvida é um disco que tem como objetivo tocar as pessoas de forma individual. “É um disco para se ouvir dentro do quarto, sozinho”, caracteriza Benke. O artista explica que esse ‘novo’ som tem o intuito de deixar as pessoas melancólicas, mas de causar um momento de reflexão. “Tudo começou em 2017. Fizemos uma pausa para o lançamento do disco anterior, e, assim, voltamos a produzir Sombrou Dúvida. Nos envolvemos tanto com esse projeto, que ficamos impressionados com a forma com que o disco poderia tocar as pessoas. Sombrou Dúvida é a materialização de um pensamento internalizado”, cita o artista, entusiasmado com o projeto. 

O álbum apresenta, no nome, um elemento que agrada a todos, a ‘sombra’. Segundo o guitarrista, o ambiente representa um lugar de fuga e esconderijo.  “A sombra é um estado por meio do qual não somos julgados e podemos ser nos mesmos. O Sombrou – do nome – é a junção de ‘sombra’ com ‘ou’: criamos a palavra para chamar a atenção e ‘incomodar’ o público. A Dúvida é voltada para o contexto pessoal, de quem é a pessoa. Queremos que nossos fãs voltem os olhares para eles mesmos, claro de uma maneira confortável, para uma melhor construção pessoal. Hoje, tudo é voltado para o ‘outro’: quando estamos chateados ou com raiva, já disparamos tudo nas redes sociais. Acho que precisamos ser mais introspectivos”, confessa. 

Benke, além de guitarrista, é produtor da banda, e revela que, em uma convivência de quase sete anos, se tornou normal terem ideias parecidas ou completarem a sugestão uma do outro, processo que foi aplicado neste álbum. “Acho que é parte natural do modo como vivemos e fazemos nossas músicas. As melodias chegam, naturalmente, com palavras e fonemas, então tanto uma coisa quanto a outra vão soar, de certo modo, meio misturado, e, independentemente do que está sendo dito, o seu ouvido te leva a apreciar o conjunto antes de realmente se ligar na temática. Mesmo que a criação da música seja de um, ela se torna do grupo todo”, garante o músico, com orgulho do trabalho realizado. 

Os integrantes do Boogarins sempre tiveram o apoio das mães, então escolheram o fim de semana em comemoração ao dia delas para lançar o disco. “Sempre tivemos grande apoio delas – e muito amor. É uma forma de homenagear tudo o que elas fizeram e fazem pela gente. Além de tudo, é por termos começado em Goiânia, a nossa cidade de origem. Os nosso maiores fãs são daqui, devemos isso a eles também”, agradece o artista. 

Estrada de tijolos amarelos 

Depois do lançamento do primeiro EP, Boogarins chamou atenção da gravadora Other Music, que assinou com o quarteto, e, em 2013, saiu o primeiro álbum da banda , As Plantas Que Curam.  Após o lançamento do disco, a banda fez mais de 70 shows na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, passando por festivais como o South by Southwest, no Texas, e o Primavera Sound, em Barcelona.

Em 2015, a banda tocou no festival Lollapalooza, em São Paulo, e participou da Virada Cultural. Depois, veio a gravação do Disco, Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, na Espanha. O álbum teve seu lançamento no fim de outubro em CD, vinil e plataformas digitais em todo o mundo. No Brasil, a banda é editada pelo selo StereoMono/Skol Music, gerido por Carlos Eduardo Miranda.

Boogarins participou do Rock in Rio Lisboa, tocou na influente rádio de música alternativa de Seattle, chamada KEXP, e no famoso festival de Levitation, onde teve a participação de Brian Wilson. No mesmo ano, a banda teve o álbum Manual indicado ao prêmio de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa no Grammy Latino.

Em 2017, os músicos lançaram, ao vivo, o álbum Desvio Onírico, composto por quatro faixas, de cerca dez minutos cada, com jams, improvisações  – dentre outras coisas gravadas durante a turnê deles nos EUA e na Europa –, com apresentações no festival Levitation, South by Southwest e Rock in Rio Lisboa. Em junho do mesmo ano, a banda compartilhou seu novo álbum de estúdio, Lá Vem a Morte, de surpresa no Youtube. O trabalho foi eleito o 9º Melhor Disco Brasileiro de 2017 pela revista Rolling Stone Brasil. Em 2018, a trupe embarcou para mais uma turnê internacional, e ainda lançou o vinil de seu terceiro álbum de estúdio, Lá Vem a Morte. Agora em 2019, chega com o recente trabalho, Sombrou Dúvidas.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov 

SERVIÇO

Show com Boogarins 

Quando: sexta-feira (10) às 20h

Onde: Teatro Goiânia

Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) – para estudantes e plateia social, com doação de 1kg de alimento, que serão doados à Vila São Cotolengo