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sábado, 19 de outubro de 2024
luta

A luta das mulheres lésbicas no Brasil

Conquistas e desafios na busca por visibilidade e direitos plenos

Postado em 3 de setembro de 2024 por Luana Avelar
As mulheres lésbicas enfrentam desafios como o apagamento de suas identidades e a violência extrema, como o lesbo-ódio e o lesbocídio. | Foto: Agência Brasil

A luta das mulheres lésbicas no Brasil se insere em uma história marcada por resistência, ativismo e, ao mesmo tempo, por episódios de violência e invisibilidade. Desde os primeiros levantes que reivindicaram o reconhecimento das especificidades da vivência lésbica, até as conquistas mais recentes no campo dos direitos humanos, essas mulheres enfrentam batalhas tanto no âmbito social quanto político.

Um dos marcos importantes dessa trajetória ocorreu em 1983, quando o levante no Ferro’s Bar, em São Paulo, trouxe à tona a necessidade de dar visibilidade às demandas das mulheres lésbicas. Esse evento foi fundamental para fortalecer o movimento que, em 1996, conquistou a criação do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto. A data reforça a importância de reconhecer as particularidades da vivência lésbica e as barreiras que ainda precisam ser superadas para que essas mulheres tenham seus direitos garantidos de maneira plena.

Apesar dos avanços, como a Lei Maria da Penha, aprovada em 2006, que inclui a proteção de mulheres em relações homoafetivas, as mulheres lésbicas no Brasil continuam a enfrentar uma série de desafios. Um dos problemas mais graves é o apagamento, que se manifesta de formas variadas, incluindo a violência extrema como o lesbo-ódio e o lesbocídio — uma forma de feminicídio que ocorre pelo fato de a vítima ser lésbica.

O lesbocídio reflete uma violência particular e extremamente cruel. Diferente do feminicídio, que muitas vezes está relacionado ao machismo e à tentativa de submissão das mulheres ao controle masculino, o lesbocídio busca erradicar a existência das mulheres lésbicas, vistas como desafiadoras do sistema patriarcal. Essas violências se manifestam de maneiras brutais, como tortura, mutilação, espancamento e até carbonização, bem como na não aceitação familiar e no desrespeito por parte de agentes públicos após a morte das vítimas, o que contribui para o apagamento dessas histórias e da gravidade dessas agressões.

Casos como o de Ana Caroline Câmpelo, morta por tortura, e Luana Barbosa, que morreu após ser espancada pela polícia, exemplificam a brutalidade enfrentada por essas mulheres. As mortes de Katyane Campos, Marcia Marçal, Marylúcia Mesquita e outras tantas lésbicas anônimas mostram que o ódio contra essas mulheres não se trata apenas de números estatísticos, mas de vidas ceifadas em meio a um cenário de opressão que atravessa questões de gênero, orientação sexual e raça.

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