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sábado, 23 de novembro de 2024
Política

Projeto contesta decreto de Caiado sobre o Rio Meia Ponte

Parlamentar quer sustar decreto do governador Ronaldo Caiado, que flexibilizou instalação de empresas nas margens do Rio Meia Ponte

Postado em 20 de maio de 2019 por Sheyla Sousa
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A matéria passará por mais uma votação

Venceslau Pimentel*

As regras para o licenciamento ambiental de instalação de novos empreendimentos na bacia do Rio Meia Ponte, revogadas por meio de decreto do governador Ronaldo Caiado (DEM), poderão se tornar sem efeito, caso a Assembleia Legislativa aprove projeto de lei do deputado Alysson Lima (PRB), que susta o efeito do ato governamental.

Na avaliação do parlamentar, o decreto do chefe do Executivo “é um ato lesivo ao meio ambiente, que afetará diretamente o rio, que já sofre por ações humana através do crescimento de cidade que o cerca há décadas sem que o poder público tome as devidas providências”.

No entendimento do deputado do PRB, ao revogar o Decreto n. 5.496/01, bem como o de nº 6.210/05, “o governador comete grave afronta à preservação do rio e, por consequência, à saúde dos moradores das regiões próximas ao leito do rio que estavam protegido pelos decretos revogados”. “Portanto, é necessário que o Estado proponha medidas para protegê-lo, e não revogar medidas antes tomadas com este intuito”, pontua o parlamentar.

O decreto nº 5.496/01 foi baixado pelo então governador Marconi Perillo (PSDB), com a justificativa de que as regras para o licenciamento ambiental seriam fundamentais, dentre outros motivos, para um maior monitoramento da bacia hidrográfica do Meia Ponte, por considerar o alto nível de degradação 18 anos atrás.

Considerava ainda o risco à saúde pública e ao abastecimento de águas dos municípios situados em sua área. “E considerando também o crescimento do Estado e a possibilidade de instalação de empreendimentos potencialmente poluidores nas proximidades da bacia do Rio Meia Ponte”, diz o decreto de 2001.

Para a instalação de novos empreendimentos, seriam necessários o cumprimento de requisitos como afastamento mínimo, da cota máxima de inundação, de mil metros do leito do rio e de 200 metros de seus afluentes. As novas empresas teriam também de apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

Esses novos empreendimentos às margens do leito do Meia Ponte teriam que ter a aprovação do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cemam), a critério da Agência Goiana do Meio Ambiente, transformada em Secretaria do Meio Ambiente.

O dispositivo acima não se aplicava nos casos de expansão, reforma, ampliação ou reformulação de projetos industriais com o seu parque fabril já implantado e em funcionamento, cujas licença ambiental tivesse sido expedida até outubro de 2001.

 

Recuperação do rio requer esforços do Estado, municípios e socidade 

De acordo com Alysson Lima, as construções e instalações de grandes empresas às margens dos rios contribuem com a degradação, poluição e mau cheiro nos cursos de água, como acontece atualmente no Rio Meia Ponte e seus afluentes urbanos.

O deputado cita como exemplo o Córrego Cascavel, que corta Goiânia. “Há mais uma década que o Cascavel, quando atravessa a Avenida Castelo Branco, produz um mau cheiro insuportável, causando náuseas, vômitos e dor de cabeça nos moradores e trabalhadores na região”, afirma, observando são poucas as providências tomadas para resolver o problema. Ao mesmo tempo, reconhece o esforço do Ministério Público e a Delegacia Estadual do Meio Ambiente.

Alysson cita que um diagnóstico da Bacia do Rio Paranaíba, elaborado em 1982 pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (Dnaee), pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CRPM) e pelo Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores i(Cnec) apontava que à altura de Goiânia, as condições de qualidade do Rio Meia Ponte já eram críticas. “Já se passaram 36 anos e a qualidade da água do Meia Ponte piorou, podendo considerar que no período de estiagem é totalmente esgoto, quando passa por Goiânia”, observa.

De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), conforme procura demonstrar o parlamentar, o Meia Ponte foi considerado o sétimo rio mais poluído no Brasil, comparado com Rio Tietê, em São Paulo. “Essa triste notícia parece que não abalou a quem se diz preocupado com a recuperação dos recursos naturais, e em especial com a bacia do Meia Ponte”, pontua.

A solução do problema deve ser buscada, na opinião do deputado, pelo Estado, municípios e a sociedade que vive às margens da bacia do rio. “A degradação deste importante rio para o Estado de Goiás e para a bacia do Paranaíba está gerando um sentimento de repulsa em todos goianos”, afirma.

O projeto parlamentar tem como relator o deputado Vinícius Cirqueira (Pros), na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa, mas ainda não tem data de quando será incluída na pauta de votação do plenário.

Bacia

Cerca de 50% da população goiana vive na bacia do Rio Meia Ponte, sendo que suas águas são utilizadas para irrigação de lavouras, abastecimento e lazer. É um dos principais afluentes do Rio Paranaíba. Nasce no município de Itauçu e margeia Santo Antônio de Goiás, Brazabrantes, Goiânia, Goianira, Mova Veneza, Inhumas, Itauçu, Aparecida de Goiânia, Bela Vista, Senador Canedo, Pontalina, Aloândia, Joviânia, Goiatuba e Panamá. São 470 quilômetros da nascente à foz no rio Paranaíba, no município de Cachoeira Dourada. (*Especial para O Hoje)

 

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