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domingo, 24 de novembro de 2024
Superação

A incrível história do único sobrevivente do acidente aéreo de 1973

Ricardo Trajano sobreviveu ao acidente aéreo que matou 123 pessoas em Paris, depois de desobedecer todas as ordens de segurança, há 46 anos.

Postado em 15 de julho de 2019 por Leandro de Castro Oliveira
A incrível história do único sobrevivente do acidente aéreo de 1973
Ricardo Trajano sobreviveu ao acidente aéreo que matou 123 pessoas em Paris

Ingryd Bastos

O sobrevivente Ricardo Trajano, hoje com 67 anos de idade, conta como escapou de um dos maiores acidentes da história da aviação, que aconteceu há 46 anos. Ele era estudante de engenharia civil, no Rio de Janeiro, quando decidiu fazer a primeira viagem internacional, depois de juntar uma renda durante dois anos de estágio, apaixonado pela arte musical, resolveu viajar para Londres, berço da música na época. Seu vôo era com escala em Paris, capital da França, onde aconteceu a tragédia, no ano de 1973.

Próximo ao aeroporto da cidade luz, cinco minutos antes do avião pousar começou um incêndio e muito rapidamente a fumaça tóxica tomou conta da aeronave, forçando o piloto do Boeing 707 da Varig a fazer um pouso de emergência, aterrissando de barriga em cima de uma plantação de cebolas. O fogo e a fumaça mataram 123 pessoas, dos 11 sobreviventes, 10 eram tripulantes, e de passageiros só o brasileiro Ricardo sobreviveu. 

O carioca que mora hoje em Belo Horizonte conta que mesmo depois do acidente nunca teve medo de voar, pelo contrário, até prefere. “Nunca tive problemas, até prefiro pegar avião do que encarar as estradas daqui”, afirma. Inclusive, depois de passar três meses internado, ter se recuperando de um coma, continuou a busca pelo sonho interrompido de conhecer Londres. “Fui até a loja da Varig e mostrei meu passaporte ainda chamuscado pelo fogo. Consegui outra passagem. Sou um cara teimoso”, brinca.

Causa do acidente

Um relatório emitido pelo governo da França, em 1976, contatou que uma falha elétrica pode ter sido a causa do acidente. Mas no relatório feito pelos mesmos investigadores aponta como principal hipótese para o avião ter pegado fogo ainda no ar, seria por causa de uma bituca de cigarro jogada na lixeira do banheiro ainda aceso, naquele tempo era permitido fumar em locais fechados.

Ricardo estava sentado na parte traseira da aeronave e foi um dos primeiros a perceber o incêndio, então ele tirou o cinto de segurança, se levantou e foi até a cabine falar com o piloto, algo comum na época, e conta que quando estava chegando na parte dianteira do avião já nem conseguia enxergar as mãos de tanta fumaça ali dentro. 

Logo os comissários começaram a desmaiar, vários passageiros já tinham perdido os sentidos, alguns morreram intoxicados antes mesmo do avião bater no chão. “Por incrível que pareça eu estava calmo, momentos antes de bater no chão passou um filme na minha cabeça, comecei a despedir da vida, até eu desmaiar”, lembra.

Depois de 30 horas em coma, Ricardo que foi confundido como um dos comissários de bordo e já tinha sido dado como morto conseguiu escrever seus dados pessoais em um pedaço de papel, para o alívio da família que estava organizando o enterro no Rio de Janeiro.

Atualmente, 46 anos depois da tragédia, Ricardo Trajado dá palestras sobre sobrevivência, superação e como manter a calma em situações de estresse. E conta que as únicas sequelas que tem são as marcas de queimaduras nas costas, coxas e nádegas, que fez questão de não retirar.

Piloto se envolve em um dos maiores mistérios da aviação 

O piloto do avião em que Ricardo sofreu o acidente, Gilberto Araújo da Silva, se envolveu em outro acidente que marcou a história da aviação até hoje. Em 1976, seis anos depois do pouso de emergência em Paris, o piloto decolou de Tóquio, em um Boeing da Varig com destino a Rio de Janeiro, e a aeronave simplesmente desapareceu.

O vôo 967 sumiu dos radares no Oceano Pacífico cerca de meia hora depois da decolagem, nunca mais houve notícias de vestígios do avião cargueiro. Com o piloto estavam mais cinco tripulantes e várias obras de arte, o acontecido é conhecido com um dos maiores mistérios da aviação internacional.

 

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