O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

terça-feira, 26 de novembro de 2024
PublicidadePublicidade
Análise

Jânio Darrot não empolga e PSDB se desidrata

As reuniões ocorridas em algumas cidades do interior têm conseguido atrair apenas agentes políticos ligados umbilicalmente à sigla.

Postado em 7 de outubro de 2019 por Aline Carleto
Jânio Darrot não empolga e PSDB se desidrata
As reuniões ocorridas em algumas cidades do interior têm conseguido atrair apenas agentes políticos ligados umbilicalmente à sigla.

Dayrel Godinho

Quem assiste aos encontros regionais do PSDB chega à conclusão que o partido vive, pela primeira vez, em 20 anos, o seu inferno astral, resultado da retumbante derrota de sua principal liderança, Marconi Perillo, em sua tentativa de mais uma vez se eleger senador da República.

Nem mesmo a escolha do prefeito de Trindade, Jânio Darrot, para presidir a legenda em Goiás tem conseguido estancar a desidratação da legenda, até então uma das mais representativas do Estado, junto com o MDB. As reuniões ocorridas em algumas cidades do interior têm conseguido atrair apenas agentes políticos ligados umbilicalmente à sigla.

Nem de longe esses encontros lembram os tempos áureos de quando o tucanato ainda tinha a hegemonia política, por conta do inquilinato no Palácio das Esmeraldas. Não tem mais cheiro de povo. Estão confinados a espaços pequenos e climatizados, que mal são preenchidos em sua totalidade.

É visível a orfandade na cara de seus participantes, diante da ausência de seu principal líder, Marconi, e os demais agentes políticos que orbitavam em torno dele, como deputados estaduais, federais, prefeitos e vereadores, sem contar demais asseclas que ocupavam cargos no primeiro escalão. Estavam ali muito mais para serem vistos pelos olheiros governamentais, do que propriamente para participar de qualquer assunto em pauta nesses encontros.

Assim como aconteceu com o MDB – que governou o Estado por 16 anos, e que depois, com a derrota acachapante de Iris Rezende para Marconi, em 1998, desapeando o emedebismo do poder – o PSDB padece do mesmo mal, com o fim de um ciclo.

Tal como Iris, naquela emblemática eleição, que já tinha encomendado terno para sua posse, tamanha a confiança de que a vitória estava garantida, Marconi era tido como imbatível, como se já tivesse carimbado um duas cadeiras ao Senado, nas eleições do ano passado. Além de ficar nas últimas colocações, sequer conseguiu levar o seu candidato, José Eliton, ao segundo turno. Ronaldo Caiado (Democratas) não só venceu no primeiro, como deixou Eliton comendo poeira, ficando na terceira colocação, atrás do candidato do MDB, Daniel Vilela.

Mesmo sendo tutorado, de longe, por Marconi, Jânio Darrot não tem conseguido dar o impulso necessário para tentar erguer o PSDB, para livrá-lo de derrotas em 2020. Está mais preocupado em resolver questões paróquias, já que não vislumbra eleger o seu sucessor, por contra de críticas à sua gestão em Trindade.

Enquanto isso, com esse desgoverno partidário no ninho tucano, se assiste ao voo de quem tem representatividade, ou seja, mandato. É o caso do deputado federal Célio Silveira, estrela solidária tucana na bancada federal de Goiás na Câmara, que já se junta à base de Ronaldo Caiado em seu reduto eleitoral, qual seja, Luziânia e arredores. Tudo indica que Silveira já estará atuando contra forças políticas de seu próprio partido, no próximo ano. E que, por isso, a sua saída da legenda é questão de tempo.

Na Assembleia Legislativa o cenário não é diferente. Dos seis tucanos eleitos em 2018, a bancada já não conta mais com Diego Sorgatto, que está na bancada de apoio a Caiado desde o primeiro semestre. Cogita deixar o partido em breve. Outro nome que vem sendo cogitado para se alinhar ao Palácio das Esmeraldas é o do Sebastião Caroço, umbilicalmente ligado a Marconi Perillo. Ele tem votado matérias de interesse do governo, e não dá mínima trela ao seu partido, que tem chiado, mas tenta peitá-lo.

A derrocada do PSDB, que continua ladeira abaixo, não só se deu pelo gigantismo, com várias facções internas se digladiando. Ganhou força com denúncias de corrupção em suas gestões, envolvendo o próprio Marconi, que chegou a ser preso pela Polícia Federal logo após o primeiro turno das eleições de 2018, em 10 de outubro. Ele foi surpreendido enquanto prestava depoimento, como desdobramento da Operação Cash Delivery, deflagrada no mês anterior, em setembro, para apurar denúncias de crime de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, nos quais Perillo estaria envolvido. As acusações foram feitas por executivos da empreiteira Odebrecht.

A pá de cal no PSDB veio em março deste ano, quando agentes da Polícia Federal bateram à porta de José Eliton, em busca de provas de fraude em licitações na Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago), dentro da Operação Decantação.

Reerguer o partido depois do tsunami, precisaria, na visão de parte dos tucanos, de um líder com força e poder de comando, o que não acontece, hoje, com a sua atuação direção. Pode ser um mal sinal, que tem tudo para desaguar na perda do comando de várias prefeituras do interior. Não custa lembrar que o partido não tem o protagonismo nos pleitos, em Goiânia, desde 1996, com Nion Albernaz. De lá para cá não passou coadjuvante. E tende a continuar fora do páreo no maior e principal colégio eleitoral do estado.

 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também