Instituições filantrópicas buscam alternativas para manter atendimentos à comunidade
Atividades são custeadas, principalmente pelo trabalho ativo de voluntários na realização de eventos para angariar fundos. / Foto: Wesley Costa
Igor
Caldas
A crise
econômica também afetou as instituições filantrópicas. Além de ser uma
Organização Religiosa, e sem fins lucrativos, o Grupo Espírito Luz, Lar,
Caminho de Maria (GELLCM) realiza um trabalho de contribuição para o
desenvolvimento e promoção social de quem mais necessita. No decorrer de 37
anos de trabalho a entidade expandiu suas atividades, mas acabou tendo uma retração
dos projetos nos últimos anos. A instituição faz doações de alimentos, enxovais
para bebês, oferece cursos e faz a gestão de um abrigo para 52 idosos na
Capital. No entanto, necessita de ajuda para que esses serviços possam
continuar a serem prestados.
De
acordo com a presidente da casa, Luzimar de Fátima Prudêncio, a diminuição das
atividades vem acontecendo desde o ano passado. Ela acredita que o enxugamento
dos recursos seja devido à crise em que o país se encontra. “A carência chegou
aqui também. Não pensamos em suprimir nenhum dos serviços que temos prestado à
comunidade, mas precisamos de ajuda de todos para que a gente mantenha o que
nós já conseguimos construir”.
O
GELLCM, conseguiu erguer sua sede própria há cerca de 16 anos, na Travessa
Violeta, Qd. 108, Lt. 13, no setor Parque Oeste Industrial. Atualmente o espaço,
conta com uma estrutura física própria de dois blocos (sendo um bloco de três
andares e outro de dois andares), com salas de aulas. O local já ofereceu
cursos de computação, artesanato (pintura, crochê, bordado, pedrarias, tapetes,
bijouteria, etc.), corte e costura (profissional e comunitária), judô e violão.
Hoje, o local está oferecendo apenas o curso de corte e costura e,
ocasionalmente, pintura.
A
entidade funciona com 22 funcionários e cerca de 20 voluntários fixos. Todas as
atividades são custeadas, principalmente pelo trabalho ativo feito pelos
voluntários para angariar fundos. Há comercialização de roupas novas (doadas
por confecções) e usadas, móveis e eletrodomésticos usados no Bazar montado em
frente à sede da casa todas as quintas-feiras das 9h as 15h. A lanchonete que
funciona no mesmo lugar é aberta todos os dias, das 17h até 20h30.
No mesmo
endereço, nas manhãs de sábado, a comunidade carente pode receber doação de
verduras frescas, compradas diretamente de uma das unidades do CEASA. Enquanto
as famílias aguardam as doações chegarem da Central de Abastecimento, elas
podem desfrutar de um café da manhã oferecido gratuitamente na sede da instituição.
Um dos eventos tradicionais organizados pela casa de oração é o Natal
Solidário, que distribui cerca de mil cestas básicas, brinquedos e enxovais
para famílias carentes, dias antes do Natal.
Na
edição deste ano, Luzimar teme que a escassez de doações dificulte o
cumprimento da meta de doação de mil cestas básicas. “Até agora, estamos com
pouco material para montar as cestas. Os brinquedos também ainda não chegaram”.
Ela faz um apelo à sociedade para doação de alimentos, brinquedos, malhas, para
tentar fazer com que as famílias carentes tenham um Natal mais feliz. O evento
será no dia 21 de dezembro, com café da manhã farto, disponível das 7h30 às
11h.
Além das
doações para o Natal Solidário, a presidente solicita doações para as
necessidades do abrigo de idosos. Eles estão precisando de doações de lençóis,
alimentos de diversos tipos, leite, fraldas, produtos de limpeza. Além da
doação material, os idosos necessitam de carinho. Muitos estão no abrigo porque
sofreram abandono e são muito carentes. O horário para visitação no abrigo é
das 14h às 17h.
Eventos
beneficentes sustentam entidade
Além de
preparar parte da alimentação para os 52 internos que vivem no abrigo, a
cozinha da casa religiosa também produz comida para distribuição em comunidades
carentes dos Bairros Jardim Botânico e Buena Vista. Todo sábado, pela manhã,
voluntários distribuem cafés da manhã, enxovais para bebês e remédios nestes
bairros carentes. Na segunda unidade da instituição, localizada na Rua Capri,
48, no bairro Jardim Europa são distribuídas 100 marmitas para a comunidade.
A
cozinha da instituição também já foi mais movimentada, quando preparava comida
para distribuir em marmitex a quatro comunidades carentes localizadas nos
setores Fortville, Botânico, Fidéllis (Região Noroeste) e o setor São Conrado
(Aparecida de Goiânia) aos sábados e domingos. Essas atividades também foram
suprimidas por falta de recursos. A falta de professores voluntários também fez
com que inúmeras atividades de capacitação profissional desaparecessem. Elas
eram voltadas para crianças, jovens, adultos e idosos de comunidades carentes.
Um dos
pilares de sustentação da casa é o evento que acontece pelo menos duas vezes
por mês, na casa do fundador da organização, Edmar José de Castro. Ele empresta
sua residência para transformá-la em um restaurante beneficente. Durante o
evento também são comercializados alimentos produzidos artesanalmente, como
café torrado e moído, bolos e outros quitutes.
No
primeiro domingo de cada mês, é realizada uma das edições mensais do almoço
beneficente. No próximo domingo (8), haverá comida à vontade pelo preço de R$
15. O restaurante é instalado na Rua Luxemburgo, Qd 120 Lt 15, Setor Jardim
Europa. “É um almoço com muita fartura e a comida é muito diversificada e gostosa.
A gente monta um verdadeiro restaurante para toda família. Atendemos de 100 a
120 pessoas a cada evento”, afirma a presidente.
Outro
pilar do trabalho voluntário da organização é a confecção dos enxovais para
doação às gestantes carentes. A presidente da entidade, Luzimar de Fátima
Prudêncio, conta que foi ela quem iniciou o trabalho, mesmo sem saber costurar.
“O trabalho começou com apenas duas máquinas de costura. Eu aprendi, mais ou
menos, e tentava passar o pouco que aprendia para as voluntárias novatas.
Depois, foram entrando outras que evoluíram o trabalho”.
A
produção de enxovais pela GELLCM começou há 10 anos. Eunice Rodrigues Teixeira
foi uma das primeiras a participar desse movimento. A dona de casa passa seu tempo
costurando na instituição pelo menos quatro vezes por semana. “É uma terapia.
Me sinto muito bem quando venho trabalhar aqui. A gente ganha muito mais do que
as pessoas que a gente ajuda. A prova disso é a espiritualidade que nunca
deixou o trabalho da casa esmorecer”, enfatiza Eunice.
Ela
ainda afirma que, como outros voluntários com mais tempo de trabalho na casa,
ajudou na construção da sede e acompanhou a expansão das atividades do grupo,
que agora sofre uma retração. “Eu não esperava que a casa fosse crescer tanto.
Como outros, ajudei com minhas próprias mãos na construção desse prédio. Com
ela, também foi construída minha fé”, finaliza. (Especial para O Hoje)