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sexta-feira, 29 de novembro de 2024
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Consumidor

Coronavírus faz preço da cesta básica subir, com avanço do arroz e feijão

Estocar os produtos foi um dos fatores que fez os principais alimentos da mesa dos goianos aumentarem drasticamente| Foto: Wesley Costa

Postado em 3 de abril de 2020 por Sheyla Sousa
Coronavírus faz preço da cesta básica subir
Estocar os produtos foi um dos fatores que fez os principais alimentos da mesa dos goianos aumentarem drasticamente| Foto: Wesley Costa

Daniell Alves

A cesta básica está custando caro para o bolso dos goianos. Isso porque, com os casos de Coronavírus em alta na Capital, as pessoas resolveram estocar alguns produtos, elevando o preço dos principais alimentos como arroz, feijão, óleo, açúcar e leite. O valor da cesta apresentou um aumento de 3,26% em comparação a fevereiro, de acordo com um levantamento feito pelo Procon Goiânia. A soma total dos itens chegou ao valor de R$ 452,25. 

De acordo com o superintendente do Procon, Walter Silva, a alta do dólar e variações climáticas também interferiram nesta mudança. Segundo a entidade, a tendência é que os preços possam registrar uma nova alta na próxima pesquisa. 

Para fazer uma comparação a reportagem do Jornal O Hoje visitou os principais supermercados de rede de Goiânia. No início do ano, o arroz Cristal 5 kg era vendido por R$ 13,90. A atualmente está custando R$ 16,40. Já o feijão Barão custava R$ 5,69 e chegou ao valor de $ 7,90, um aumento significativo. O leite também apresentou alta nos últimos dias. Custava R$ 2,39 e subiu para R$ 3,55.

Mesmo com a pandemia e o decreto que restringe a circulação de pessoas nas ruas, muitos não se intimidaram e foram aos supermercados na manhã de quarta-feira (1º). Pessoas de todas as idades percorriam os supermercados com os carrinhos lotados de alimentos. Os destaques são para o arroz, feijão e óleo – produtos essenciais das mesas dos brasileiros. A dona de casa Maria Rosário Mourão, de 45 anos, estava com o filho fazendo a compra do mês.

“Eu só saio de casa para vir ao supermercado mesmo. É a minha única distração, mas estou evitando o máximo possível. Hoje vim fazer a compra que é para durar até o próximo mês”, disse à reportagem. Ela conta que percebeu o aumento dos produtos nos últimos dias. “Tá tudo muito caro, a gente tem que ficar anotando cada produto para não passar vergonha na hora de pagar”, revelou Maria. Outra cliente reclamou: “O leite tá caro, será que compensa?”, questionou em voz alta.

Outra dona de casa, Maria Creonice, 50 anos, também foi às compras recentemente em um supermercado de Goiânia. Segundo ela, a movimentação é bastante intensa e as pessoas não estão se preocupando em ficar em casa. No entanto, revela que os clientes não se falam mais para evitar a contaminação. “Comprei o básico porque alguns alimentos eu já tenho”, diz.

Maria explica que, se tiver muito caro, prefere esperar ou substituir os produtos. “Só compro coisas da promoção. “O arroz, por exemplo, meu marido acabou comprando uns quatro pacotes de uma vez. O leite eu achei muito caro. Eu ia comprar, mas estava R$ 3,50”. Para ela, qualquer economia já faz a diferença no bolso, mesmo antes do Coronavírus.

Variação

De um modo geral os preços variam, mas mantêm uma média parecida em cada um dos estabelecimentos. O leite integral, por exemplo, custa entre R$ 3,50 e R$ 4,20 na comparação entre os quatro supermercados visitados. Uma diferença de R$ 0,70 em produtos da mesma marca. Outros alimentos apresentam pouca diferença, mas não possuem um valor fixo para todas as redes e isso depende, também, das marcas de cada um deles.

Nas prateleiras, há placas estabelecendo limites de produtos aos clientes e orientações. Em um dos supermercados de grande movimento, próximo ao Parque Mutirama, havia muito movimento e filas. Um funcionário fica na entrada do local para controlar o acesso dos clientes. Cada um deles recebe uma plaquinha de identificação com o objetivo de evitar aglomerações.

No entanto, a medida não é tão eficaz, pelo menos em grandes supermercados. A parte de frutas e verduras, por exemplo, fica cheia de pessoas com carrinhos lotados. O limite de distância fica praticamente impossível dentro de alguns locais, mas cada um tenta se proteger como pode. Uns usam as máscaras de proteção e outros preferem manter apenas os hábitos de higiene.

Arroz e feijão

Entre os alimentos que não faltam no carrinho de compras estão o arroz e feijão, que apresentaram aumento nas últimas semanas. A demanda suficiente para um mês desses produtos nos supermercados durou apenas uma semana, como explica Jerry Alexandre, presidente do Sindicato da Indústria do Arroz do Estado (Siago). “As lavouras de arroz no Rio Grande do Sul sofreram um atraso no plantio por conta do clima. Isso se refletiu, agora, na colheita da safra”, destaca.

A correria da população para estocar e o atraso provocou um aumento nos preços do arroz em todo o Brasil, de acordo com o presidente. “De maneira geral, vejo com normalidade essa variação, apesar de alguns abusos pontuais. Tão logo a oferta de arroz se normalize, veremos uma acomodação natural dos preços pagos pelo consumidor’, tranquiliza.

O feijão, por sua vez, já vinha numa escala de preços por conta da baixa qualidade dos estoques existentes e expectativa de redução na safra. “Da mesma forma que aconteceu com o arroz, o pico de demanda ajudou na elevação dos preços. A cadeia inteira sofreu com isso”, informa Jerry.

Normalidade

Questionado sobre quando os alimentos irão voltar ao preço normal, o presidente do Siago diz que isso deve acontecer em breve. “Quem comprou e estocou, agora, vai consumir e deve ter um tempinho maior que o normal sem comprar”, diz. Segundo ele, não há risco de desabastecimento, mesmo com a grande demanda. “Há matéria-prima disponível e a indústria goiana do arroz e feijão tem capacidade de atender tranquilamente o mercado”, informa.

Todos esses aumentos também envolvem a lei da oferta e da procura, mas, por outro lado, não justifica a cobrança de preços abusivos aos consumidores. É o que explica o presidente da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), Gilberto Soares. O leite é um dos que conta com pouco estoque em Goiás, já que cerca de 70% da produção goiana é vendida para outros estados. “Por conta disso, houve essa alta no preço do leite. Os derivados, contudo, estão com ofertas normalizadas. E a procura neste momento pelo alimento é muito grande.

Filas nos supermercados

As pessoas têm ido com frequência aos supermercados com medo de ficar sem comida em casa. Muitos dos locais, principalmente aqueles localizados no Centro, têm filas imensas e precisam criar alternativas para limitar a quantidade de usuários e número de produtos por pessoa. E isso acontece também nos comércios pequenos.

Um mercado, da região noroeste de Goiânia, autoriza poucas pessoas transitando no local. A recomendação é para que os clientes sejam rápidos na hora de escolher. De forma preventiva, a medida também enfrenta resistência por parte das pessoas, de acordo com uma moradora da região que faz compras no mercado. Ela diz que acha a iniciativa de extrema importância, mas que já viu pessoas reclamando. “Muita gente não entende a gravidade da doença [Coronavírus] e faz pouco caso”, revela. 

Empresas devem apresentar notas ao Procon 

Nas últimas duas semanas, mais de 200 empresas de toda a cadeia produtiva de Goiás – indústria, distribuidoras e comércio – foram notificadas para apresentar as notas de entrada e saída de produtos, para que seja feita a constatação dos valores praticados antes e depois do período de decretação da pandemia de Coronavírus. Estas têm o prazo de 10 dias para mostrar os documentos.

A ação está sendo realizada pelo Procon Goiás e Delegacia do Consumidor (Decon). Neste mesmo período, foram notificados mais de 70 supermercados e apurado os preços dos principais alimentos que compõem a cesta básica, para verificar possíveis práticas abusivas relacionadas ao aumento injustificado de preço.

Capital

Desde o último dia 26, o Procon Goiânia realiza fiscalização em supermercados da Capital para verificar os preços dos alimentos.  A força-tarefa visa conter exageros no mercado por conta da crise provocada pelo novo Coronavírus e orientar o consumidor a fazer economia em tempos de pandemia. Segundo o superintendente do órgão, Walter Silva, a pandemia não é uma causa que justifique a elevação dos alimentos.

“O Código de Defesa do Consumidor considera a elevação de preços sem uma justificativa plausível prática abusiva. O Coronavírus não é uma justificativa plausível para o aumento dos alimentos. Desta forma, se o consumidor se deparar com algum valor de produtos ou serviços relacionados ao Coronavírus que considere abusivo, poderá registrar reclamação junto ao Procon “, explicou.

O Procon aconselha que o consumidor denuncie caso encontre preços abusivos por parte dos supermercados e farmácias. A denúncia pode ser feita por telefone, por meio dos números: 3524-2942, 3524-2936 ou 3524-2949. O atendimento funciona de segunda a sexta-feira, das 7 às 13h. (Especial para O Hoje). 

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