Podas de grama e galhas podem ter destinação sustentável, em Goiânia
A compostagem pode ser usada no tratamento de resíduos orgânicos, como podas de grama, folhas e galhas| Foto: Wesley Costa
Igor Caldas
Podas de grama, cercas viva, folhas e galhas trituradas resultante de serviços em jardins podem ter destinação sustentável. Ao invés desses resíduos irem para o aterro sanitário, eles pode virar matéria de compostagem. Um condomínio horizontal que possui mais de 750 residências em Goiânia adota a medida ecológica. Todos os meses são recolhidos cerca de 270 toneladas de massa verde do residencial.
Toda massa verde recolhida das podas dos jardins do condomínio é transformada em adubo orgânico através da técnica de compostagem, um processo que promove a decomposição de materiais orgânicos com a finalidade de obter um ótimo fertilizante e condicionador de solo. Esse material é usado para adubar os jardins privados e da área comum.
“Trata-se de um ganho inestimável, pois retornamos para a natureza aquilo que retiramos. Ao invés de enviar e descartar a massa verde no aterro, a compostagem traz nutrientes para nosso solo e plantas”, explica o supervisor do núcleo de conservação, limpeza e meio ambiente do residencial Aldeia do Vale, Eustáquio Teixeira Júnior.
O processo ocorre em uma área de 25 mil metros quadrados ao lado do condomínio. O material orgânico produzido é destinado para áreas comuns e parte é fornecida aos moradores cuidarem de seus jardins privativos. Além do benefício ambiental, a compostagem custa cinco vezes menos do que levar a massa verde para o aterro, gerando assim economia para o condomínio.
Lixo residencial aumenta com isolamento
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o isolamento social necessário ao combate da Covid-19 deve causar um aumento de 15% a 25% na geração de resíduos sólidos. Empresas de coleta de resíduos e condomínios residenciais de Goiânia confirmam que geração de resíduos sólidos de origem residencial teve aumento devido à pandemia. No entanto, as empresas alertam que houve diminuição de lixo gerado por setores paralisados pelo decreto do governo.
Uma das empresas que realiza a coleta de resíduos de diversos tipos na Capital, a Nature Ambiental afirma desconhecer aumento de volume de resíduos oriundos de assistência à saúde e especiais. De acordo com a empresa, hospitais de grande e pequeno porte tiveram volume dentro dos padrões de normalidade e não geraram valores de alta significância. O aumento que realmente foi significativo foi o comum, principalmente em condomínios residenciais que apresentaram alta na geração de resididos recicláveis e leve aumento na geração de resíduo orgânico.
A empresa afirma que pelo fato de não terem os serviços de campo paralisados por ser considerado essencial, foi notado que o volume se manteve para alguns empreendimentos que não foram afetados pelo decreto governamental, como farmácias e drogarias. Para empreendimentos dos ramos de estética, pet shops, odontológicos, indústrias, estúdios de tatuagem e clínicas de atendimentos diversos, a geração caiu bastante, chegando à ausência de geração de resíduos por não haver atendimento, em acolhimento ao decreto.
“Neste primeiro momento a empresa constatou queda considerável no faturamento aliado ao aumento da inadimplência, isto pontuado por nós e parceiros do mesmo segmento”, disse. Este fato motivou a determinação de férias para parte de equipe operacional e do setor administrativo do segmento.
Compensação
A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) informa que faz a coleta de lixo orgânico nas residências e também aquele que é gerado nas ruas e logradouros públicos, oriundo da varrição. Por meio de nota, a Companhia afirma que devido ao confinamento das pessoas, foi observado aumento considerável do volume de resíduos, porém como houve uma queda no lixo da varrição, o acréscimo foi compensado.
A Comurg ressalta que não faz coleta nos grandes geradores, tais como shopping centers, restaurantes, etc. Nestes locais, a coleta é feita por empresas terceirizadas e como esses estabelecimentos estão fechados, com certeza houve queda, com informou uma dessas empresas ao jornal O Hoje.
Catadores
O aumento de volume da coleta residencial equilibrou o déficit de material recebido pelas cooperativas de catadores. A presidente da Cooperativa de catadores de materiais recicláveis Cooper Rama, Dulce Helena do Vale, diz que a quantidade de recicláveis recebidos por setores comerciais diminuiu com paralisação de atividades, mas foi equilibrada pelos resíduos recebidos de residências. A presidente da cooperativa afirma que os cuidados foram redobrados para evitar a contaminação com os resíduos.
Segundo Dulce, os profissionais têm reforçado as medidas de prevenção contra a possível contaminação com o material recebido. “A gente sempre está usando equipamentos de proteção individual como máscaras e luvas. Além disso, há a higienização constante das mãos com álcool em gel e sabonete”, afirma. Ele ainda destaca a separação e desinfecção do material recebido em lotes. “A gente higieniza tudo que recebemos com pulverização de solução de água sanitária e aguarda sete dias para começar a mexer nos resíduos”.
Condomínios
A administração de um dos maiores condomínios horizontais da Capital percebeu um aumento de 20% da produção desses resíduos, corroborando com a previsão do órgão. “Observamos um aumento de cerca de 20% nos resíduos residenciais depois da pandemia, pois as pessoas estão passando mais tempo em casa”, afirma o supervisor do núcleo de conservação, limpeza e meio ambiente do condomínio Aldeia do Vale, Eustáquio Teixeira Júnior.
O serviço de coleta e tratamento de resíduos é considerado essencial e não pode haver paralisação. A administração do residencial informa que reforçou a orientação e os cuidados com a equipe de coleta seletiva dentro do condomínio que também realiza o trabalho de compostagem. O serviço envolve o trabalho de nove pessoas diariamente. (Especial para O Hoje)