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sexta-feira, 29 de novembro de 2024
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Crise

Com avanço do coronavírus, comerciantes da 44 promovem demissões

Alguns comerciantes estão se segurando com auxílio governamental às pequenas e médias empresas| Foto: Wesley Costa

Postado em 12 de maio de 2020 por Sheyla Sousa
Com avanço do coronavírus
Alguns comerciantes estão se segurando com auxílio governamental às pequenas e médias empresas| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Comerciantes e lojistas da Região da 44 cobram abertura no momento em que as mortes de Covid-19 no Brasil ultrapassam os 10 mil casos com Goiás entre os estados com segundo menor nível de isolamento no País. Efeitos da paralisação na Região pressionam empresários e afetam cadeia produtiva de moda em Goiânia. Alguns comerciantes estão se segurando com auxílio governamental às pequenas e médias empresas para financiar o pagamento dos salários de funcionários. Outros apostam em vendas pela internet. Grandes shoppings da Região já começam demissões em massa.

A taxa de isolamento do Estado já está bem abaixo de 40%. Além do valor estar abaixo da média nacional, o indicador de baixo isolamento se repetiu ao longo da semana. O governo do Estado aposta no reforço da fiscalização para aumentar o nível de isolamento social, com destaque para a Capital e Anápolis, que estão com o índice de isolamento abaixo de 50% em dias úteis. De acordo com especialistas e profissionais da saúde, o índice de isolamento social na época da pandemia deve ser acima de 50% para frear a taxa de transmissão do vírus.

Silvanir Lira da Silva é gerente da galeria Maria Bonita que abriga 152 lojas. Ele afirma que os lojistas do espaço possuem no máximo seis funcionários e que ainda não começaram as demissões graças ao auxílio governamental para financiamento de salários. No entanto, a linha de crédito é oferecida apenas por dois meses. “Como a doença é nova e não sabemos o que pode acontecer no futuro, essa incerteza pode vir a comprometer o quadro de funcionários”, admite.

O gerente trabalha há cerca de um ano e meio na região e afirma que nunca havia visto o local tão vazio. Apesar de o comércio estar fechado, ele diz que muitos lojistas estão conseguindo se salvar graças ao investimento em vendas pela internet. “Alguns já investiam em vendas pelas redes sociais e a pandemia acelerou esse processo. As pessoas que compram de outros estados não precisam mais se deslocar se já conhecerem o produto”, declara.

A princípio, o governador Ronaldo Caiado descartou a possibilidade de lockdown que consiste em restrições mais severas, interditando vias, proibindo deslocamentos, circulação de pessoas e viagens não essenciais. Cada governante pode decidir de que forma será feito esse fechamento. No entanto, alertou que se a situação se tornar crítica e o sistema de saúde começar a ficar muito afetado, essa possibilidade podem vir à tona.

Demissões

De acordo com levantamento da Associação Empresarial da Região 44, ao menos 10% dos lojistas já estão entregando pontos de venda. O comércio está há mais de 50 dias suspenso na região e o fechamento de lojas custou mais de cinco mil empregos diretos e indiretos. Segundo levantamento feito pela diretoria da Associação Empresarial da Região das 44, já existe uma estimativa de que ao menos 10% dos micro e pequenos empreendedores tenham entregado seus pontos comerciais e outros 15% estão negociando a entrega.

O presidente da AER44, Jairo Gomes, ressalta que lojas fechadas significam perda de empregos. Cada loja emprega direta e indiretamente de quatro a seis pessoas. “Temos hoje cerca 14 mil pontos de vendas, e 10% disso já representa 1,4 mil lojas fechadas, o que se reflete no mínimo em mais de cinco mil empregos perdidos”, explica o presidente da AER44.

O empresário Lucas Henrique, proprietário de uma confecção no Jardim Nova Esperança, em Goiânia, e sete lojas na Região da 44 relata que antes da pandemia estava com 48 colaboradores, hoje está com apenas 19 funcionários. “Infelizmente precisamos dispensar, não conseguimos manter esses empregos. 90% do nosso público são os turistas de compras da Região. Estamos até tentando vender alguma coisa pelas redes sociais, mas mal chega aos 10% do nosso faturamento normal”, afirma Lucas.

Vanessa Márcia de Assis tem uma confecção de moda masculina e duas lojas na Região da 44 junto com o marido. Ela lamenta, mas foi forçada a dispensar funcionários. “Antes do fechamento da região estávamos com 12 colaboradores, hoje estamos apenas com dois”, relata.

Líder empresarial defende responsabilidade em retorno 

Mesmo diante do aumento de vertiginoso dos casos de Covid-19, o presidente da AER44, Jairo Gomes, defende que os empresários da região estão dispostos a uma retomada responsável da Região da 44. “Queremos deixar bem claro que os shoppings e galerias da 44 estão sim prontos para reabrir de forma segura. Os empreendimentos inclusive abrem, no momento, de receber as caravanas de compras, que representa quase que 70% do nosso público.

Jairo, que foi das primeiras medidas de isolamento propostas pelo governador do Estado e pelo Ministério da Saúde, chegou a afirmar em matéria publicada no jornal O Hoje no dia 2 de abril que era complicado imaginar um comércio em funcionamento sem aglomerações. “Duro é imaginar qual comércio que não gera aglomeração. Para qualquer negócio é necessário ter aglomeração de clientes”, afirmou.

Aglomerações de pessoas

O empresário declara que a simples reabertura das lojas não poderá configurar aumento de aglomerações de pessoas. Ele justifica a afirmação com dados nacionais da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), que indica que no dia 2 de maio, 66 estabelecimentos em 41 municípios de 11 estados tiveram retorno de atividades. Grande parte dos lojistas apontou uma queda de 80% nas vendas e fluxo de clientes.

Jairo destaca que as medidas protetivas e preventivas propostas para a retomada segura da Região da 44 foram baseadas nas preconizações atuais da Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, como por exemplo, limpeza e desinfecção diária das ruas e calçadas do pólo comercial, obrigatoriedade do uso de máscaras por todos os funcionários dos empreendimentos e por lojistas, disponibilidade de álcool em gel nas entradas de todos shoppings, galerias e hotéis.

Nova negociação 

A direção da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) se reuniu ontem, novamente, com membros do Comitê Municipal de enfrentamento da Covid-19. Devem participar da audiência, o secretário municipal de Governo, Paulo Ortegal e a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué.

A AER44 busca negociar uma reabertura segura e responsável da Região da 44, que se encontra com seu comércio fechado desde o dia 19 de março, quando entrou em vigor o primeiro decreto do governo do Estado com medidas restritivas de combate à pandemia do novo coronavírus. (Especial para O Hoje)

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