Aparecida de Goiânia endurece regras após aumento de casos de Covid-19
Regiões do município estão sendo fechados e só podem abrir em determinados dias da semana| Foto: Wesley Costa
Daniell Alves
Aparecida de Goiânia chegou ao risco alto de contaminação do novo Coronavírus nos últimos dias. Desde ontem (5) a cidade passou adotar o sistema de lockdown regionalizado, fechando bairros quatro vezes por semana. Cada macrozona fecha duas vezes por semana e a cidade inteira fecha aos sábados, a partir das 13 horas, e aos domingos o dia todo.
Segundo a prefeitura do município, neste modelo de isolamento social intermitente aplicado efetivamente de forma escalonada – em quatro cenários – verde, amarelo, laranja e vermelho – e por macrozonas – Aparecida foi dividida em 10 regiões. No dia de fechamento da macrozona, entre segunda e sexta, fecham-se até supermercados, padarias e postos de combustíveis. Na segunda-feira (6), devem ser fechados as macrozonas de Vila Brasília, Buriti Sereno, Alto Paraíso e Cidade Livre.
No cenário verde/estável, cada macrozona fechou uma vez por semana de segunda a sexta. No amarelo, de risco moderado, todas as macrorregiões fecharam também aos domingos. No cenário vermelho, considerando o período de 14 dias, a cidade tem o comércio fechado regionalmente por 10 dias, ficando apenas quatro dias abertos, de modo intercalado.
A gestão municipal destaca que as decisões foram tomadas pelo Comitê de Enfrentamento ao novo Coronavírus de Aparecida, baseadas em nota técnica da Secretaria de Saúde de Aparecida e dados científicos, com o objetivo de preservar vidas e salvaguardar empregos e renda, conforme orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Taxa de ocupação aumentou
Os principais gatilhos para mudança de cenários, informa a SMS de Aparecida, são a taxa de ocupação de leitos de UTIs e o aumento de contágio entre a população. Nos últimos dias, a taxa de ocupação de leitos de UTIs públicas ficou próxima de 60% e os leitos privados em 100%. Na última semana, a SMS anunciou a implantação de mais de 10 leitos de UTIs no Hospital Municipal de Aparecida (HMAP), em razão de respiradores encaminhados pelo Ministério da Saúde e a contratação de mais de três leitos de UTIs no Hospital São Silvestre.
Atualmente, o município possui 146 leitos. Foram disponibilizados exames laboratoriais e oxímetros para pacientes do grupo de risco, ou seja, que apresentam maior vulnerabilidade e risco de agravo da doença.
Com o aumento de leitos de UTIs, ajuda da população para evitar disseminação do vírus e as demais ações tomadas pela gestão, Aparecida pode voltar ao cenário amarelo ou mesmo o verde. É o que afirma a Prefeitura. A Portaria 035/2020, de 5 de junho de 2020, da Secretaria de Saúde de Aparecida que instituiu o escalonamento regional leva em consideração a portaria e nota técnica da SMS que adotou na cidade a Matriz de Risco do Ministério da Saúde (MS).
Cenário preocupante
De acordo com a SMS, até a tarde de ontem haviam 3.167 casos confirmados; 2.021 recuperados; 53 óbitos e 1.088 casos ativos. Já a taxa de ocupação de Unidade de Pronto Atendimento (UTI) Adulto da rede pública está em 72%. Na rede privada, 90%. Por conta deste cenário, medidas mais drásticas, como a ampliação do escalonamento regional, precisaram ser tomadas nesta semana para proteger as pessoas da cidade.
“Aparecida adotou no primeiro momento, em março, o isolamento social horizontal com o fechamento de toda a cidade, menos serviços essenciais, por 30 dias. A partir do dia 28 de abril iniciados a abertura responsável das atividades econômicas e baseado no modelo de Israel, iniciamos em junho o isolamento social intermitente. Com o aumento dos casos precisamos entrar no cenário amarelo, de alerta”, explica o prefeito da cidade, Gustavo Mendanha.
Já o secretário de Saúde de Aparecida, Alessandro Magalhães, diz que a gestão tem focado em ações no combate à pandemia para evitar o colapso da rede de saúde. De acordo com ele, a flexibilização é responsável, mas também envolve a participação da sociedade para que continue dando certo. “Já testamos mais de 15 mil pessoas e monitoramos todos os infectados, dentre várias outras medidas”, destacou ele.
Prefeito defende reabertura das academias
Entre os segmentos mais afetados pela pandemia do Coronavírus está o de academias. Muitas pessoas têm procurado manter as atividades físicas em casa, já que um dos fatores que contribui para o contágio da doença são os ambientes fechados. O prefeito Gustavo Mendanha, contudo, acredita que a reabertura das academias será benéfica para a população da cidade. Segundo ele, deve ter uma orientação maior e fiscalização rigorosa.
Ele aguarda uma resposta do Conselho Regional de Educação Física (CREF). “Mas como profissional de educação física, eu vim aqui fazer a defesa da reabertura das academias. Eu tenho andado na cidade e tenho visto muitas pessoas que estão sem controle, sem orientação, sem máscara, mas eu acredito que a atividade orientada e fiscalizada é muito melhor do que estamos vendo hoje. Não só por conta dos efeitos da atividade física para o corpo, mas também para mente”, enfatiza ele.
O gestor afirma, ainda, que há um protocolo estabelecido para a reabertura do segmento de forma segura. “O presidente do CREF vai soltar uma nota técnica com relação à abertura. Claro que com o crescente da doença, ficamos preocupados. Defendo a reabertura das atividades não coletivas, por exemplo. Para treinos e jogos de futebol seria imprudente da minha parte uma liberação, temos que esperar um pouco mais”, explicou.
Uma das justificativas apontadas por ele para a volta das academias é que ele tem recebido diversos depoimentos de pessoas que estão com depressão, voltando para a obesidade por conta do atual cenário. “Eu não vou contrariar nenhuma decisão do Comitê. É melhor fazer a atividade física orientada e dentro de ambientes que nós temos condições de fiscalizar e punir do que da forma que temos hoje”, diz.
Prevenção
As autoridades alertam para que a população reforce o isolamento social e tome todos os cuidados preventivos possíveis nesse momento em que a cidade piore o cenário. “Os próximos dias serão muito difíceis e as pessoas precisam entender isso, entender a gravidade da situação. O que mais assusta é que os números estão crescendo muito rápido. E infelizmente muitas pessoas não estão cooperando e isso nos deixa assustados”, avalia o prefeito. (Especial para O Hoje)