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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Meio Ambiente

Juntos pelo Araguaia começa a ser colocado em prática

Primeira fase do programa irá se concentrar em 10 mil hectares nos Estados de Goiás e Mato Grosso – Foto: Reprodução

Postado em 19 de dezembro de 2020 por Sheyla Sousa
Juntos pelo Araguaia começa a ser colocado em prática
Primeira fase do programa irá se concentrar em 10 mil hectares nos Estados de Goiás e Mato Grosso - Foto: Reprodução

Manoela Messias

O Projeto Demonstrativo do Programa Juntos Pelo Araguaia foi lançado na última sexta-feira (18), em Piranhas, a 320 quilômetros de Goiânia. Iniciativa tem como objetivo promover ações de recomposição de áreas florestais, preservação de nascentes e conservação do solo e da água na bacia do Araguaia, além de implantar ações de saneamento em cidades da região.

O projeto, que reúne esforços dos governos federal e de Goiás e Mato Grosso, tem como meta a recuperar de 10 mil hectares no Alto Araguaia, o que corresponde, aproximadamente a 10 mil campos de futebol. A iniciativa também prevê o plantio de 150 mil mudas de espécies nativas do Cerrado em uma área de 100 hectares e a construção do Centro de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Cerrado, que contará com área para a produção anual de 600 mil mudas.

Só o projeto executivo, entregue na manhã de sexta-feira, levou quase um ano para ficar pronto e consumiu cerca de R$ 3 milhões, sendo que R$ 2,6 milhões do montante foram custeados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). “Se o diagnóstico não é feito, o tratamento não dá certo”, disse o governador Ronaldo Caiado durante o evento.

Caiado aproveitou a ocasião para destacar a importância do cuidado adequado com o esgoto para manter a qualidade dos cursos d´água. “Não podemos admitir que as cidades ribeirinhas lancem seus esgotos ou resíduos sólidos no Rio Araguaia. São milhares de toneladas de sedimentos jogados no leito do rio”, afirmou. 

Durante entrevista coletiva, o governador de Goiás disse que o projeto faz com que o Estado e o Brasil mostrem sua capacidade de cuidar do meio ambiente. “Com toda certeza esse é indiscutivelmente o maior projeto de recuperação ambiental do mundo. Nós sabemos cuidar do meio ambiente e estamos dando mostra de que Goiás e o Brasil são competentes para poder produzir e preservar”, disse.

Novo Centro

O Acordo de Cooperação entre o Instituto Espinhaço, idealizador do programa, e a prefeitura municipal de Piranhas, foi assinado no dia 21 de setembro. O município foi o escolhido para receber o novo Centro de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Cerrado, que será um centro de estudos e tecnologia ambiental que irá produzir pesquisas e mudas para o reflorestamento para as nascentes do Araguaia. A estimativa é que ele esteja em pleno funcionamento já no início de 2021.

A construção do prédio já está em andamento na área destinada, no Setor Sudoeste. De acordo com o prefeito de Piranhas, Eric Silveira, a cerimônia de lançamento da pedra fundamental será um marco para a instalação. “Após a instalação do Centro, Piranhas se tornará como uma vitrine de oportunidades, atraindo investidores, alavancando a economia local e, também, fomentando o desenvolvimento técnico-científico”, assegura o prefeito. Desenvolvido de forma gratuita pelo Instituto Espinhaço, o Juntos pelo Araguaia recebeu investimento do Governo Federal, sendo que sua execução ficou a cargo dos estados. 

O projeto 

O projeto Juntos pelo Araguaia: Inovação em Recomposição Florestal, Conservação de Solo e Água, Engajamento Social, Enfrentamento dos Efeitos das Mudanças Climáticas, Desenvolvimento Sustentável e Fortalecimento do Agronegócio para a Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio Araguaia nos Estados de Goiás e Mato Grosso tem como objetivo promover a recuperação de áreas degradadas e o reflorestamento no bioma Cerrado, na bacia hidrográfica do Rio Araguaia, nos estados de Goiás e Mato Grosso, visando ao aumento da produção e a disponibilidade de água com qualidade e quantidade para apoio e fortalecimento dos serviços ecossistêmicos, garantia de segurança hídrica para o abastecimento humano e apoio à indústria do agronegócio em consonância com as premissas do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Recuperação Ambiental, bem como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa.

O projeto irá trabalhar diretamente para sensibilizar, mobilizar e engajar proprietários e produtores rurais para ações de restauração florestal em áreas de preservação permanente e áreas de recarga hídrica, promovendo o aumento da produção de água em qualidade e quantidade para a indústria do agronegócio, com a recuperação de áreas degradadas e promoção da segurança hídrica na bacia do Rio Araguaia, nos estados de Goiás e Mato Grosso, visando ao apoio e ao fortalecimento dos serviços ecossistêmicos, à minimização dos efeitos das mudanças climáticas e ao desenvolvimento sustentável, com foco em soluções baseadas na natureza.

Dentro do projeto também estão inseridas ações para restaurar mananciais que contribuem para o abastecimento público visando ao aumento da disponibilidade hídrica, por meio da restauração florestal através da condução da regeneração, adensamento e enriquecimento. E ainda serão executadas o monitoramento e a manutenção de áreas restauradas no sentido de configurar a efetividade das intervenções ambientais realizadas no território da bacia do Rio Araguaia, em Goiás e em Mato Grosso.

Rio Araguaia pode secar em 40 anos por desmatamento 

O nível do rio Araguaia, em algumas regiões, preocupa os especialistas. Numa seca histórica, as queimadas e o desmatamento fizeram o nível baixar para 20 centímetros em alguns trechos. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram que em vários locais é possível caminhar onde há um ano só era possível atravessar de barco.

Segundo informações da prefeitura de Xambioá, a pesca, principal motor da economia local, foi o setor que mais sentiu os impactos da baixa do rio.

O rio Araguaia nasce em Goiás e desagua no Pará, passando por Mato Grosso e Tocantins. São mais de 2 mil quilômetros de extensão. Em 2014, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) de Goiás divulgou um estudo mostrando que a bacia pode secar em até 40 anos.

O principal motivo apontado foi o desmatamento da vegetação nativa para criação de gado. Para reverter a situação, em 2015 tornou-se crime ambiental desmatar áreas próximas a nascentes.

Protocolo de intenções

Em junho, o governador Ronaldo Caiado assinou no Dia Mundial do Meio Ambiente, um protocolo de intenções entre o Governo de Goiás e a empresa Anglo American no valor de R$ 7 milhões, que serão destinados ao programa Juntos Pelo Araguaia. “É um projeto emblemático, eu diria que o maior do mundo, pois não há notícias de nada da dimensão do que estamos planejando para a cabeceira do Araguaia”, destacou.

O governador lembra a importância do Araguaia para a sociedade goiana e a necessidade de preservar este patrimônio. “É um rio que está pedindo socorro. O Araguaia é muito emblemático para o Estado de Goiás. Tem a beleza natural, o romance, boa parte das nossas histórias passam pelo rio, tudo convergindo naquele lindo cartão postal”, afirma.

 

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