Celso Assis

Eleito vice-prefeito na chapa de Maguito Vilela (MDB) no fim de novembro, o vereador Rogério Cruz (Republicanos) tornou-se nesta sexta-feira (15) o 25º homem a ocupar o cargo de prefeito de Goiânia.

Baseada em uma lei federal, com a morte de Maguito na quarta (13), o presidente da Câmara Municipal Romário Policarpo (Patriota) declarou extinto o cargo de prefeito e convocará o prefeito interino a assumir o posto definitivamente. A posse acontece na Câmara a partir das nove horas.

Fluminense de Duque de Caxias, o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus de 54 anos veio para Goiânia em 2010 para estruturar o sistema de rádio local do Grupo Record, do qual era diretor executivo.

A experiência como radialista já havia levado Cruz a Moçambique e a Angola para implantar a Record Internacional, tanto TV quanto rádio, nestes países africanos falantes de português. Em Moçambique, Rogério Cruz viveu 16 anos com a esposa e os dois filhos.

Em 2012, Cruz foi eleito vereador com 7,7 mil votos, seu primeiro cargo público. Segundo sua biografia disponível no site da Câmara Municipal de Goiânia, o republicano foi o único que teve votos em todas as urnas de todas as seções eleitorais naquele ano. Em 2013, foi secretário municipal de Gestão de Pessoas durante a gestão de Paulo Garcia (PT).

Em 2016, Cruz foi reeleito com 8,3 mil votos, o quarto mais votado. A influência como pastor da Igreja Universal também fez outro recordista em 2020: o novato Isaías Ribeiro, do mesmo partido de Cruz, recebeu 9,3 mil votos, sendo o vereador mais votado em novembro passado.

Ribeiro afirma que o conheceu em Goiânia e o classificou como “um homem do povo”. Mesmo sendo da mesma denominação religiosa, o vereador diz procurar separar bem “as duas coisas”. “A minha aproximação com ele é normal, de um vereador e prefeito”, explica.

Durante o tempo que passou na Câmara, o vereador Cruz apresentou 60 projetos de lei, muitos deles arquivados por ser matéria repetida ou vetados pelo prefeito Iris Rezende (MDB) por não ser de competência do Poder Legislativo. 

Três bispos e um pastor da Igreja Universal, além de dois executivos do Grupo Record (também ligados à Igreja) receberam títulos de cidadão goianiense das mãos de Rogério Cruz.

Segundo o vereador Anselmo Pereira (MDB), Cruz nunca criou polêmica ou atrito com colegas. “É um cidadão altamente equilibrado”, considera. “Ele terá muita facilidade de se relacionar com o Poder Legislativo”.

Corrida ao Paço Municipal

A influência de Rogério Cruz sobre a população evangélica de Goiânia (considerada uma das maiores do país) foi determinante para que seu nome fosse cotado por pretendentes a prefeito na campanha de 2020.

O Republicanos, partido do prefeito, inicialmente apoiava a pré-candidatura de Wilder Morais (PSC), porém a preferência de Morais por Valdelice Ribeiro, “A Nega da Moda” (Avante) para ser sua vice em vez de Rogério Cruzfez o partido optar por Maguito Vilela.

A equipe do emedebista, por sua vez, cogitava chamar Romário Policarpo (Patriota) para ser vice de Maguito, mas Daniel Vilela, presidente estadual do partido, quis focar no público evangélico.

Maguito Vilela foi diagnosticado com Covid-19 em 20 de outubro, com menos de um mês de campanha. Cruz também testou positivo dez dias depois, mas teve sintomas mais brandos. Na ausência de Maguito, toda a campanha foi conduzida pelo candidato a vice, o filho do prefeitável e auxiliares do prefeito Iris Rezende.

A chapa Maguito Vilela/Rogério Cruz venceu Vanderlan Cardoso e Wilder Morais por uma diferença de 27,5 mil votos no segundo turno. Uma das estratégias de Vanderlan durante a campanha foi bater na figura de Cruz como “alguém que veio de fora” e em um suposto papel da Igreja Universal na gestão da cidade.

Mais de uma vez, Rogério Cruz respondeu a tais questionamentos classificando-se como “fiel soldado do prefeito Maguito” e tentando separar sua imagem eclesiástica da imagem política. (Especial para O Hoje)