Deputados e cientista político comentam cenário em dia de eleição na Câmara
Após semanas de articulações entre deputados e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Arthur Lira (PP-AL) aparece como possível escolha da Casa | Foto: reprodução
Nathan Sampaio
A Câmara dos Deputados realiza, na noite desta segunda-feira (1º/2), a eleição da Mesa Diretora que vai conduzir as atividades da Casa no biênio 2021-2022. O pleito, que acontece de forma totalmente presencial, tem nove candidatos na disputa, são eles: estão Arthur Lira (PP-AL), lançado por bloco de 11 partidos com 236 deputados ao todo e, até então o provável vencedor; Baleia Rossi (MDB-SP), lançado por bloco de dez partidos com 210 deputados; e André Janones (Avante-MG); Alexandre Frota (PSDB-SP); Fábio Ramalho (MDB-MG); General Peternelli (PSL-SP); Kim Kataguiri (DEM-SP); Luiza Erundina (Psol-SP) e Marcel van Hattem (Novo-RS).
Com base na expectativa de que Arthur Lira vença, como vem sendo apurado, O Hoje conversou com deputados sobre como ficaria o cenário político após a definição da nova mesa diretora. De acordo com Zacharias Calil (DEM), que foi um dos últimos deputados a declarar seu voto em Lira, é necessário ver o que a maioria dos deputados estão pensando. “Eu acho que essa eleição está polarizada entre os dois, e acontecerá voto a voto”, comentou.
Segundo Calil, caso Arthur seja eleito como presidente da Câmara de Brasília, as pautas do governo federal vão andar mais rápido. Apesar disso, o parlamentar afirma que, caso Baleia vencesse, o emedebista possivelmente não se oporia a Bolsonaro. “Tem muita gente por trás do Baleia Rossi, caso ele ganhe, embora tenha falado que não vai se opor ao presidente, a gente sabe que é difícil. Muitos dos apoiadores dele na Câmara são do PT”, reforçou.
Já o Delegado Waldir (PSL), acredita que o resultado da eleição é imprevisível, mas que independente de quem ganhe, o importante é preservar a autonomia da Câmara Federal. “Penso que o Arthur Lira tem total vantagem considerando que ele tem o apoio do governo federal, mas a eleição é sempre imprevisível. Eu penso que o parlamento não pode ser submisso ao executivo. Eu acredito que esse é o caminho que qualquer candidato que ganhe, deva atuar; a gente sabe que o Arthur Lira é um cara de muita personalidade.
Centro em destaque
O cientista político Guilherme Carvalho também falou ao O Hoje e trouxe uma visão mais concreta do cenário, caso Lira ganhe. Segundo ele, a situação é grave para Jair Bolsonaro de qualquer forma. “Em primeiro lugar, vários analistas aos quais eu me incluo, diziam que para o governo ter uma vida fácil, deveria ter composto com o centrão logo de começo”, Justificou, já que os dois candidatos são do centro.
Ainda segundo o cientista político, caso o Baleia Rossi ganhe, Bolsonaro vai ter que se entender com João Doria, porque ele representa um grupo que quer lançar João Doria à presidência em 2022.
Já se Lira ganhar, o que pode parecer ‘vida fácil’ para o presidente, não vai ser. Guilherme analisou que a cada nova polêmica de Bolsonaro, o preço vai ser cobrado em bilhões, porque o centrão não opera com lealdade, mas sim de forma muito bem calculada, sabendo os postos que querem.
“O perigo do impeachment continua de pé, o Lira não precisa abrir 67 pedidos, ele precisa só de um, do centrão, que hoje vai precisar aderir definitivamente como parte de uma coalisão do governo Bolsonaro, que não toca mais o acordo”, concluiu o cientista. Até o fechamento da matéria o presidente da Câmara não havia sido definido.
Colaborou Jordana Ayres