Idosos acima de 80 anos são os próximos na vacinação em Goiás
Governo espera chegada de nova remessa de doses da Coronavac ainda nesta semana | Divulgação/Gov
Eduardo Marques
Governador Ronaldo Caiado declarou que tem expectativa da chegada de mais 3,6 milhões de doses da Coronavac ainda nesta semana. Além disso, espera atender novo ciclo dentro do grupo prioritário, que seria imunizar os idosos acima de 80 anos que não estão em abrigos.
“Tem mais uma parcela a ser redistribuída agora, e nós queremos neste momento uma vacinação a partir dos 80 anos. Vamos ver se vamos poder usar a segunda etapa se já tivermos a garantia da vinda. Temos estocados 91 mil doses para fazer a segunda etapa”, pontua o governador.
Caiado diz que aguarda pela decisão do Ministério da Saúde para poder avançar na vacinação. “Tendo essa decisão do Ministério da Saúde, podemos avançar com mais 91 mil doses para todos os idosos. Já existe um estoque que deve ser liberado ainda está semana de 3,6 milhões doses da Coronavac”.
Levantamento oficial realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) apurou que até o início da tarde de ontem, foram aplicadas 84.525 doses das vacinas contra a Covid-19 em todo o Estado.
Dados de segunda-feira (1º/02) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia apontam que na Capital já foram aplicadas 32.131, uma vez que em trabalhadores da Saúde foram 31.171 e idosos que moram em abrigos 760. Goiânia tem aproximadamente 77 mil profissionais de Saúde. Até o momento, o município recebeu 52 mil doses da vacina contra a Covid-19.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia imunizou 5.348 pessoas, de acordo com dados obtidos de segunda-feira (1º/02) . Dessas, 161 referem-se a idosos e deficientes institucionalizados e 5.187 são trabalhadores da Saúde que lidam diretamente no tratamento de pacientes com a Covid-19. De acordo com o órgão, 100% do primeiro grupo foi imunizado e do total de 7.132 profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra o Coronavírus, 73% também já recebeu a imunização. Seguindo o cronograma do Ministério da Saúde (MS), a Campanha de Vacinação contra a Covid-19 priorizou esses profissionais, mas todos os 16 mil trabalhadores da área registrados em Aparecida de Goiânia serão vacinados ainda na primeira fase.
De acordo com a coordenadora de Imunização de Aparecida de Goiânia, Renata Cordeiro, o Ministério da Saúde garante que todos pertencentes aos grupos prioritários serão vacinados. “Ao todo, segundo informações do Governo Federal, virão 200 mil doses para Aparecida de Goiânia ao longo do ano. Assim, conforme outras remessas cheguem a Goiás, a vacinação será ampliada para todos os idosos, pessoas com comorbidades, profissionais de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional, população privada de liberdade, profissionais do transporte coletivo e caminhoneiros. Esses grupos estão divididos em quatro fases da Campanha de Vacinação contra a Covid-19”, explicou.
A SMS já recebeu do MS, com o intermédio da Secretaria Estadual de Saúde, um total de 12.200 doses de vacina contra a Covid-19. O primeiro lote, com 7,2 mil doses da Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Butantan, foi enviado à cidade no dia 18 de janeiro. Essas doses começaram a ser aplicadas na quarta-feira (20). Um segundo lote, com 5 mil doses da vacina AstraZeneca/Oxford, desenvolvida pelo laboratório indiano Serum, chegou em Aparecida na segunda-feira (25). Assim que forem aplicadas todas as doses do primeiro lote, a cidade iniciará a imunização com o segundo lote. A previsão é que a segunda remessa comece a ser utilizada nesta semana.
Dados
A superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim disse que já foram disponibilizadas mais de 156 mil doses da vacina contra à Covid-19 para todos os 246 municípios em Goiás. “No sistema oficial consta que já foram administradas 34 mil doses. Nós sabemos que muitos municípios vacinaram mais do que está registrado e por isso nós pedimos apoio a todos os municípios para registre o mais rápido possível todas as doses aplicadas”, enfatiza.
De acordo com Flúvia, é a partir desse dado novas remessas podem chegar. “Nós encaminharemos novas remessas e receberemos novas remessas do Ministério da Saúde. Nessas primeiras remessas foram priorizados trabalhadores da Saúde de hospitais de campanha, que fazem atendimento nas demais unidades de saúde e atendem pacientes Covid-19. De acordo com as remessas posteriores que forem chegando e a quantidade de doses estaremos ampliando para os demais grupos”, finaliza.
Ao O Hoje, a médica infectologista Juliana Caetano ratifica a importância da vacinação. De acordo com ela, é fundamenta para o controle da pandemia que o maior número de pessoas receba as doses da vacina. Somente com a imunidade coletiva, ou imunidade de rebanho, vai controlar a proliferação do vírus. A médica reforça a necessidade de que as pessoas mantenham os cuidados como o uso de máscaras, álcool em gel, além do distanciamento social. Evitar aglomerações e sair de casa para atividades essenciais são recomendações devido ao crescimento do número de casos nas últimas semanas.
Politização da vacina prejudica adesão à vacinação
O Brasil é um dos maiores epicentros mundiais da pandemia de Covid-19. As estimativas oficiais apontam 9.283.418 casos da doença — destes, 226.309 resultaram em mortes, de acordo com dados de ontem do Ministério da Saúde. Diante da urgência para salvar vidas e principalmente do início da vacinação em diversos países do globo, a Anvisa deu aval para o uso emergencial de dois imunizantes: a Coronavac, da farmacêutica Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, e a de Oxford/AstraZeneca, com participação da Fiocruz.
Até o momento, o imunizante que deu início a vacinação do primeiro grupo prioritário é a Coronavac, criticada inúmeras vezes pelo presidente Jair Bolsonaro, não apenas pela origem de laboratórios chineses como por ser um resultado de negociação do Governo de São Paulo, atualmente chefiado por João Dória, tido como um dos candidatos em potencial a concorrer à presidência em 2022, e pelo Instituto Butantan.
O advogado Sérgio Vieira, explica que o fato da Coronavac ser alvo de uma briga política silenciosa é perigoso, pois pode colocar em risco a adesão da população. “Ficou comprovado por meio da Anvisa a importância do uso das vacinas como uma das melhores estratégias para vencer a pandemia, visto que não há medicamentos eficazes que possam ser usados contra o vírus. Desta forma, a maneira como os imunizantes foram colocados inviabilizou até mesmo a negociação de doses para o Plano Nacional de Imunização com outros países”, exemplifica.
Segundo o advogado, um claro exemplo de como essa polarização da vacina afeta a população é que as doses utilizadas pelo governo federal não foram, necessariamente, obra de uma negociação do mesmo. “Caso não houvesse inciativa de negociação dos estados, como estaríamos nesse ponto? A imunização seria possível nesse momento? Além disso, o presidente questionou inúmeras vezes a eficácia da vacina e afirmou até mesmo que não a tomaria, qual a responsabilidade dessa fala no contexto onde as pessoas precisam ser conscientizadas quanto a importância da escolha individual de se vacinar?”, questiona. (Especial para O Hoje)