Investidoras criam projeto para capacitar educadores financeiros
Objetivo é levar conhecimento sobre investimento em mercado financeiro, economia e psicologia para quem busca este tipo de renda | Foto: Divulgação/Formar Educador Financeiro
Augusto Pereira
A crise
econômica provocada pela pandemia da Covid-19 intensificou o medo do brasileiro
quanto às questões que rodeiam sua vida financeira. O Instituto Locomotiva
realizou a pesquisa “O Bolso do Brasileiro” com 1.501 entrevistados e concluiu
que, 46% dos brasileiros, afirmam ter frequentemente ansiedade em relação à sua
situação financeira e 47% dizem se sentir inseguros em lidar com informações
recebidas de serviços financeiros.
A ansiedade e a
insegurança fez com que 21% dos entrevistados respondessem que evitam abrir
boletos e extratos e outros 39% adiam decisões financeiras pelo medo de encarar
o orçamento. Porém, 63% deles afirmam ter conhecimento básico de educação
financeira, embora essa não seja a cultura habitual do país, em relação à
maioria da população. Então fica a dúvida se essas pessoas realmente sabem
lidar de forma inteligente com suas finanças.
Para esclarecer
sobre o assunto, o jornal O Hoje entrevistou a especialista em investimentos,
Viviane Almeida, a economista e educadora financeira, Ana Calixto, e a
psicóloga e educadora financeira, Marcia Almeida. Elas são criadoras do projeto
“Formar Educador Financeiro”, que propõe levar conhecimento nas áreas
interdisciplinares de Investimento em mercado financeiro, Economia e
Psicologia.
Para elas, “a
importância da educação financeira se dá pelo fato de que uma pessoa educada
financeiramente conseguirá tomar decisões responsáveis, conscientes e alinhadas
com seus objetivos. Ela conseguirá gerar, gastar, poupar e investir dinheiro e
ainda doar”. Para isso, os brasileiros
precisam utilizar ferramentas que trarão uma uma relação saudável e sustentável
com sua própria renda.
Entretanto,
elas analisam que a falta do hábito de investir dinheiro é baseada em quatro
motivos primordiais. “Nossa cultura é muito imediatista e nos faz ter o
comportamento de viver apenas o hoje; Crescemos em lares em que os nossos
familiares não tiveram educação financeira; Nossos amigos também são
desprovidos do conhecimento; e a personalidade interfere negativamente e positivamente
nas escolhas”, destacam.
Somado a essa
carência de conhecimento, estão os oportunistas prometendo milagres no mercado
financeiro. Como por exemplo, o grupo Avestruz Master, de 1998 em Goiânia, que
deu prejuízo para cerca de 40 mil investidores brasileiros. As especialistas
falam que “os oportunistas criam a falsa ilusão de ganhos rápidos e fáceis e
fazem muitas pessoas ‘despreparadas’ a entrarem no mercado financeiro com essa
expectativa”.
“O mercado traz
sim bons retornos, mas quando bem planejados. O que envolve conhecimento,
prática e prazos maiores. Além do aspecto comportamental, o indivíduo precisa
conhecer sobre suas emoções para investir. A falta de autoconhecimento gera
frustração por não atingirem essas expectativas. Essas pessoas saem falando mal
e criam medo nas pessoas próximas”, afirmam.
Dicas para se
tornar investidor
Viviane, Ana e
Marcia, assim como grande parte dos brasileiros, iniciaram os investimentos sem
a educação financeira adequada. “Pouca experiência e muito estudo. Erramos e
consertamos, como forma de aprendizagem”, contam ao jornal. Mas diferente
daquelas pessoas frustradas, elas decidiram disseminar conhecimento através do
projeto e contribuírem para as pessoas se tornarem educadoras financeiras.
Por isso, elas
orientam quem quer perder o medo das questões financeiras e começar a investir.
Primeiro será necessário conhecer o perfil de investidor que você se adequa.
“Ele é determinado pela sua reação em relação ao sobe e desce do mercado, sua
volatilidade. As instituições financeiras oferecem o questionário chamado de
“suitability”, que classifica você entre alguns perfis de investidor, que vão
do mais conservador ao mais arrojado.”
Não é
necessário ter um grande capital para começar a investir. “É necessário ter um
planejamento! Os investimentos estão cada vez mais acessíveis nos últimos
anos”, afirmam. Os novos investidores precisam conhecer a rentabilidade dos
seus investimentos, saber o tempo que o dinheiro ficará investido e o quanto é
investido mensalmente para realmente obter aumento do patrimônio.
Para realizar
um investimento seguro, inicialmente é preciso organizar as finanças. “O
investidor deve verificar o poder de poupança, ou seja, o quanto de recursos
mensais não estão comprometidos em contas. Traçar os objetivos de curto, médio
e longo prazo. Para finalmente abrir uma conta em uma corretora e investir nos
ativos que estão alinhados com seus objetivos”, ensinam as especialistas.
“Existem
estratégias de investimentos que possibilitam altos rendimentos em pouco tempo,
porém deve se considerar que quanto maior o rendimento maior também será o
risco. Os dois elementos são diretamente proporcionais. O investidor precisa
conhecer profundamente sobre essas estratégias, saber o que está fazendo e não
colocar grande parte do seu capital nesses ativos. Caso contrário, a
rentabilidade pode se tornar um prejuízo patrimonial”, concluíram as
investidoras.