Nathan Sampaio

Quase um ano após o início da pandemia no Brasil, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decretou uma espécie de lockdown noturno nesta quinta-feira (25/2). Mesmo tendo dito, há algumas semanas, que não adotaria tal medida, o emedebista decidiu que, a partir de segunda-feira (1º/3), todas as atividades econômicas ficarão suspensas das 20h às 5h, à exceção de serviços essenciais. O documento detalhado com as regras deve ser publicado na edição de hoje do Diário Oficial do DF (DODF), mas antes mesmo de sair já é alvo de críticas na internet.

Muitos internautas moradores de Brasília tem julgado que a medida de Ibaneis é irrelevante, uma vez que a maioria dos estabelecimentos da capital federal já não funcionam a noite. “As lojas aqui em Brasília nunca passaram das 23h mesmo, sempre abriram ás 6h, então vão basicamente diminuir 3h de funcionamento, grande lockdown noturno num horário que ninguém já nem saia direito”, ironizou uma pessoa em uma postagem.

Já outro internauta chamou medida de “piada”, também questionou: “qual é o impacto real de fechar as coisas durante a madrugada? Quase nulo, tirando alguns bares. Aposto que vai ter que fechar tudo MESMO quando os números continuarem a piorar”.

Outras dezenas de pessoas continuaram criticando as medidas por se tratar de algo parcial e que “não deveria nem ser chamado de lockdown” e sim “toque de recolher”. De toda forma, é a primeira vez que o DF tem uma medida com foco em impedir a circulação de pessoas desde o início da pandemia. A ação afetará, principalmente, lojas, restaurantes e bares. 

Ocupação de leitos em Brasília

A ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19 na rede pública de saúde chegou a um nível superior a 90% nesta semana. Após isso, é que o governador do DF se reuniu com prefeitos das 33 cidades goianas e mineiras que compõem a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride) e decidiu pelo assunto do “lockdown”, medida que também deve ser adotada pelos gestores dos municípios em questão.

Depois de se reunir com os prefeitos, Ibaneis ainda anunciou um pacto que prevê atendimento integrado de pacientes com covid-19. O acordo — que ainda precisa de aprovação do Poder Legislativo no DF e em Goiás — consiste na transferência de recursos e leitos dos municípios vizinhos para a capital federal. Isso por quê, atualmente, 12 das 127 pessoas internadas em tratamento contra a covid-19 no Distrito Federal são de Goiás.