Lula faz 1º pronunciamento após decisão do STF
“Um torneiro mecânico, sem dedo, já teria feito de mais para o seu país, era preciso pará-lo”, contou o ex-presidente sobre as operações da Lava Jato | Foto: Ricardo Stuckert
João Gabriel Palhares
O ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT) realizou hoje (10/03), pela manhã, o primeiro pronunciamento após a anulação das condenações na Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A coletiva aconteceu em São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde em 2019, Lula foi recebido após liberação da Polícia Federal, em Curitiba. A anulação das condenações, pelo ministro Edson Fachin, tornou o ex-presidente elegível para disputar as eleições de 2022.
“Eu fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”, afirmou Lula sobre as acusações e acontecimentos que vem enfrentando desde o início da operação Lava Jato. O ex-presidente relembrou sobre momentos de dores com a morte – considerada apressada, em decorrência de complicações com pressão alta, de sua esposa Marisa Letícia e pela impossibilidade de visitar o velório de seu irmão Vavá, em janeiro de 2019.
Os momentos, apesar de dolorosos e gerarem motivos para a mágoa, o ex-presidente considera que não está, segundo ele, o sofrimento que o povo brasileiro está passando é infinitamente maior que cada dor que ele sente. “A dor que eu sinto não é nada perto da dor de milhões de pessoas”, afirma.
Durante o discurso, Lula se solidarizou com todas as vítimas e trabalhadores que estão no combate ao vírus da Covid-19. Enfatizando sobre a função importante do Sistema Único de Saúde (SUS) ele lembrou sobre os diversos ataques que têm sido realizados ao sistema pelo atual presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido). Para o ex-presidente, a apresentação do SUS sempre foi levada pelas falhas, com um alto descredenciamento político. “Só mostravam as coisas ruins que aconteciam no SUS e quando veio o coronavírus, se não fosse o SUS a gente teria perdido muito mais gente do que perdeu, apesar do governo tirar tanto dinheiro do SUS e do governo ser um verdadeiro desgoverno no trato da saúde.”, afirmou.
Com críticas ao comportamento do atual presidente, Lula comentou sobre a compra de vacinas. “Vocês sabem que a questão da vacina não é uma questão se tem dinheiro ou se não tem dinheiro. É uma questão se eu amo a vida ou amo a morte. É uma questão de saber qual é o papel de um presidente da república no cuidado do seu povo.”, alertou.
Em agradecimentos, Lula contou sobre a solidariedade vinda de diversas partes do mundo. Em especial, lembrou sobre a visita do atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, durante sua prisão em Curitiba. O ex-presidente também comentou sobre um carinho em especial com o Papa Francisco, com quem se encontrou e desenvolveu diversas pautas sobre as questões de luta contra a desigualdade social.
Sobre o dia em que foram anuladas as condenações do Tribunal de Justiça do Paraná na Operação Lava Jato, Lula considerou como um dia gratificante. “Eu sou agradecido ao ministro, sabe, Fachin. Porque ele cumpriu uma coisa que a gente reivindicava desde 2016. A decisão que ele tomou, tardiamente, cinco anos depois, ela foi colocada por nós desde 2016. A gente cansou de dizer, a inclusão do Lula e a inclusão da Petrobras na vida do Lula como criminoso era a razão pela qual a quadrilha de procuradores da Lava Jato, não o Ministério Público, a quadrilha de procuradores da força-tarefa e o Moro entendiam que a única forma de me pegar era me levar para a Lava Jato. Porque eu já tinha sido liberado em vários outros processos fora da Lava Jato, mas eles tinham como obsessão porque eles queriam criar um partido político para tentar me criminalizar.”
Agora com os direitos políticos retomados, durante a coletiva, Lula foi questionado sobre as eleições de 2022, mas, acabou não falando muito sobre. Para ele, não é o momento para realizar essas decisões. “Seria pequeno se tivesse pensando em 2022 neste instante”, afirmou. Segundo ele, o ano das eleições será quando o partido vai pensar no meio das convenções, para discutir se vai ter candidato e uma frente ampla.