Oposição tem dificuldades para construir um nome contra Caiado
Favoritismo da reeleição do governador atrai a maioria dos partidos e esvazia a articulação por um candidato capaz de representar uma alternativa | Foto: Divulgação
Os partidos tecnicamente na oposição hoje em Goiás ou ainda não alinhados com a base do governador Ronaldo Caiado enfrentam uma pedreira para construir um nome viável para disputar as eleições para o Palácio das Esmeraldas no ano que vem.
Há um reconhecimento geral, na classe política estadual, de que Caiado caminha para chegar ao pleito de 2022 disparadamente como favorito. O governador, além de realizar um governo voltado ao pertencimento dos goianos, tem conseguido a duras penas resgatar a credibilidade do Estado junto a fornecedores, funcionários públicos e a população de um modo geral, em especial na liderança das ações contra a Covid-19.
Somando-se a isso, para desestimular a oposição, não há nenhum sinal de que a imagem de Caiado como político ético e intransigentemente contrário a qualquer tipo de corrupção tenha sido abalada ainda que minimamente, ao contrário, parecendo ter se reforçado com as seguidas demonstrações de rigor com a coisa pública ao longo dos últimos dois anos e quatro meses de gestão. A gordura acumulada ao longo de anos de carreira parlamentar permanece intacta.
O andamento da política nacional também é favorável ao governador. A iminente polarização entre as forças bolsonaristas e lulopetistas nas eleições de 2022 está levando partidos de centro a estudar um reagrupamento na corrida pelos governos estaduais. Isso aproxima ainda mais o DEM do MDB, por exemplo, de legendas como Progressistas, Republicanos, PSD, PL, Podemos e outros partidos com alguma expressão estadual, isolando apenas o anêmico PSDB e o controverso PSL no estabelecimento de alianças e definição de rumo para oferecer ao eleitor uma alternativa ao perigoso antagonismo representado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se for o caso.
Com todos esses fatores, a oposição em Goiás tende a se esvaziar, sobrando apenas projetos inconsequentes como o da candidatura do irresponsável presidente FIEG Sandro Mabel ou do milionário empresário Jânio Darrot, que nem partido tem, ou melhor,tem, porém nanico ao extremo, o Patriota. Nenhum dos dois com identidade ideológica ou personalidade própria. Enquanto isso, Daniel Vilela, presidente estadual do MDB e herdeiro político de Maguito Vilela, que seria um nome possível, dá sinais de que vai optar pelo caminho da moderação e fugir de aventuras como a que o levou a uma derrota acachapante na disputa pelo governo do Estado em 2018, quando recebeu míseros 13% dos votos.
Conseguir um nome com densidade política para confrontar a reeleição de Caiado, portanto, parece missão impossível para a oposição, que ainda por cima mostra partidos com interesses conflitantes, em alguns casos inconciliáveis, como, por exemplo, o MDB e o PSDB. Essa fragilidade é uma situação rara. Na sequência de derrotas para o PSDB de Marconi Perillo, de 1998 para cá, os emedebistas pelo menos lançaram candidatos competitivos, não por acaso as duas maiores estrelas do partido,Iris Rezende e Maguito Vilela, colhendo uma sucessão de resultados desastrosos – mas de cabeça erguida, digamos a título de consolo.
Agora, é diferente. Caiado é o governador que menos faz política na história de Goiás e mais foco concentra na administração. Os resultados são fabulosos. Ele faz um trabalho de reorganização administrativa e de recuperação fiscal que só pode ser comparado com o que o então governador Mário Covas executou em São Paulo, Estado que recebeu quebrado e que ao final de dois mandatos entregou sólida e inteiramente redesenhado, com repercussão positiva até hoje – não à toa o PSDB, partido de Covas, vence eleições lá há quase 30 anos consecutivos.
Caiado está se saindo melhor ainda. O pagamento da folha de pessoal dentro do mês trabalhando é o símbolo maior do ajuste financeiro do Estado, que experimenta uma arrancada em termos de entrega e lançamento de obras sustentadas pela conquista da estabilidade do caixa. Até as eleições do ano que vem, isso só vai melhorar, para azar da oposição. (Especial para O Hoje)