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sábado, 23 de novembro de 2024
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Construção e reforma

Falta de insumos faz preço de moradias subir em Goiânia

Com o aumento dos custos dos materiais de construção e falta de insumos no mercado, o preço das moradias deve sofrer um aumento entre 15% e 20% até o final deste ano, de acordo com levantamento feito pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). Um dos materiais que tiveram alta no preço […]

Postado em 10 de maio de 2021 por Daniell Alves
Falta de insumos faz preço de moradias subir em Goiânia
Para quem pensa em comprar um imóvel

Com o aumento dos custos dos materiais de construção e falta de insumos no mercado, o preço das moradias deve sofrer um aumento entre 15% e 20% até o final deste ano, de acordo com levantamento feito pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). Um dos materiais que tiveram alta no preço é o piso. Conforme apurado pela reportagem, os valores têm aumentado mês a mês.

Em entrevista ao O Hoje, Jordana Bessa, proprietária da Monet Pisos e Acabamentos, de Goiânia, revela que o segmento sentiu diretamente a falta de insumos no mercado com a pandemia da Covid-19. “As fábricas aumentaram os seus prazos de entrega para mais que o triplo do tradicional. Então, se eles pediam a média de 20 dias, hoje são 90 ou 120 dias. O cliente tem menos opções de mercadoria, principalmente aqueles que deixam  para comprar de última hora ou estão fazendo uma reforma mais rápida”, explica.

Dentro da empresa, virou rotina trabalhar com vendas de produtos a pronta entrega. “Sempre que o cliente quer um produto que a gente não tenha, consultamos a fábrica para ter uma previsão exata, mas em 80% dos casos os clientes estão preferindo pela pronta entrega. Uma das estratégias utilizadas está sendo estocar produtos chaves, que têm uma aceitação melhor e uma combinação no mercado da construção. “Às vezes um piso mais neutro, um detalhe que agrada mais pessoas, nada muito específico ou que não agrade a maioria”, destaca Jordana.

Com os preços nas alturas, os consumidores vão sentir diferença no valor pelo menos até o final deste ano. Os valores podem variar por segmento e fábrica. “O segmento de cubas, que tem como matéria-prima o metal, subiu bastante, cerca de 15%. Estão tendo reajustes mais rápidos. Uma marca que demoraria para reajustar em um período de quatro meses está ajustando de mês em mês”, diz.

Consumidor sente no bolso

Diante da crise é inevitável não repassar os preços aos clientes, já que se tratam de aumentos bastantes significativos. “O que a gente pode fazer é absorver um pouco desse aumento e dar descontos para os clientes, com uma política de parcelamento melhor para facilitar essa compra”, finaliza a empresária.

O diretor de Marketing, Comunicação e Eventos, da Ademi-GO, Marcelo Moreira, alerta que este aumento deve ser repassado ao preço final a curto ou médio prazo. Ele explica que o mercado imobiliário já vem aquecido desde 2020 e deve manter o ritmo neste ano, impulsionado pela baixa taxa de juros. “Diante deste ritmo e da ausência de insumos para as obras, além do aumento dos preços dos materiais, o repasse é iminente. Quem está pensando em comprar imóveis, a recomendação é não esperar muito para tomar uma decisão”, frisa.

Produtos em falta

A estratégia de estocar produtos também está sendo utilizada pela empresária Déborah Soares, 25 anos, que possui uma loja de roupas na Capital. Atualmente, são mais de 5 mil peças dentro do estoque para conseguir atender toda a demanda de clientes espalhados pelo Brasil. “É uma forma de você não deixar o cliente não mão, porque se não garantir aquele produto ele pode procurar de outros fornecedores”, ressalta.

Nos últimos meses, a falta de insumos também afetou a forma da empresa de roupas trabalhar, revela Déborah. Acontece que, muitas vezes, os fornecedores estão em falta com algum tipo de tecido ou cor específica. “Trabalhamos com cores tradicionais de roupas, mas pode ser que algumas já tenham esgotado, por isso a produção tem que dobrar”, explica.

Porém, nem sempre é fácil aumentar a quantidade, já que o consumo é bastante alto. E sem vendas não há lucros. A lojista, que trabalha com vestidos, conjuntos e blusas, revela que os reajustes acontecem de dois em dois meses e os valores precisam ser repassados para os clientes. “As embalagens também estão cada vez mais caras e tudo isso tem que ser colocado na ponta da caneta”, finaliza.

Sem produção

Levantamento feio pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que mais de 70% das fábricas brasileiras seguem com problemas para conseguir insumos no mercado. O gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, explica que a pandemia causou uma quebra das cadeias produtivas mundiais e parte dos insumos deixou de ser produzida durante meses. Também refletiu em algumas mudanças no padrão de consumo, outros itens tiveram um forte aumento da demanda.

Contudo, outros empresários têm conseguido driblar a crise, como é o caso do representante comercial da importadora de pisos OBREDEC, Samuel Amaral, proprietário da Arqpisos, em Goiânia. Ele afirma não ter sentido tão de perto os impactos negativos após a falta de insumos. Isto porque a empresa que ele representa é importadora de pisos vinílicos, laminados, rodapés e não trabalha com produtos nacionais. “A política da empresa foi desde 2003 manter estoque elevado de pisos. Isto nos garante passar por esta crise de desabastecimento sem nenhuma falta dos produtos de nossa linha, diferentemente de outras empresas importadoras que trabalham com baixo estoque”, revela.

Retomada depende de agilidade na vacinação

Estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) mostra que a retomada consistente da economia no Estado depende diretamente da ampliação e melhoria da agilidade da vacinação da população. Trata-se da pesquisa Sondagem Especial: Clientes e Insumos, que faz uma análise sobre o impacto da pandemia no fornecimento de insumos e atendimento à demanda pelas indústrias goianas.

A pesquisa, conduzida pela Coordenação Técnica (Cotec) da Federação, revelou que o setor industrial em Goiás sente, de forma generalizada, dificuldades em adquirir matérias-primas. De acordo com a sondagem, 48% dos sindicatos das indústrias da base da Fieg relataram que empresas do setor enfrentam grande dificuldade na aquisição de insumos. Nenhum sindicato escutado na pesquisa acredita na normalização dessa oferta ainda no 1º semestre de 2021.

A análise mostra o impacto no atendimento à demanda do mercado. Para 88% dos respondentes, a dificuldade na aquisição de insumos tem gerado atrasos nas entregas. Além disso, a sondagem mostra que, para 80% dos setores industriais, o custo das matérias-primas está muito acima do usual.

Para o presidente da Fieg, Sandro Mabel, as dificuldades têm sido enormes e aprofundadas pelo abre e fecha das atividades produtivas, de acordo com decretos estaduais e municipais. “A falta de uma política nacional gerou cenários diferentes, com cidades funcionando e outras paralisadas, devido a pandemia”. Sandro Mabel cita o setor de plásticos e embalagens como um dos mais afetados. “O preço internacional da resina plástica está subindo de forma desesperadora, com incremento que chega a 20% ao mês. É insustentável”, observa.

O presidente da Fieg alerta também para o efeito cascata na aquisição de aço e de outros insumos para a construção civil. Outro setor igualmente impactado é o farmacêutico, sobretudo pela valorização cambial, devido ao fato de muitas matérias-primas dependerem de importação. De acordo com a pesquisa, a maioria das empresas busca alternativas para esse aumento nos custos de insumos para não terem que repassar o aumento ao preço final dos produtos. (Especial para O Hoje)

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