Casos de Síndrome do Intestino Irritável podem crescer na pandemia
Os impactos da pandemia têm alcançado diversas áreas da saúde, aumentando a incidência de patologias que não estão necessariamente relacionadas ao sistema respiratório. Muito tem se discutido sobre os efeitos do isolamento social na saúde mental, e considerando que as emoções têm forte influência sobre o funcionamento do corpo como um todo, é esperado que […]
Os impactos da pandemia têm alcançado diversas áreas da saúde, aumentando a incidência de patologias que não estão necessariamente relacionadas ao sistema respiratório. Muito tem se discutido sobre os efeitos do isolamento social na saúde mental, e considerando que as emoções têm forte influência sobre o funcionamento do corpo como um todo, é esperado que males derivados de desordens psicológicas também se tornem mais presentes nos próximos anos.
Exemplo disso é a Síndrome do Intestino Irritável (SII), uma condição intimamente ligada ao estresse e de grande fundo emocional. Um estudo feito com quase 5 mil pessoas e publicado no Centro Nacional de Informação Biotecnológica, nos EUA, mostrou que pessoas com SII apresentavam maiores taxas de ansiedade quando comparadas àquelas que não sofriam do quadro. “Como o aumento dos níveis de estresse podem agravar os sintomas, é esperado que mais pessoas relatem crises da síndrome durante a pandemia. Além do fator emocional, precisamos considerar que a quarentena provocou mudanças nos hábitos alimentares, o que também interfere diretamente na saúde intestinal”, explica a nutricionista ortomolecular Claudia Luz, da Via Farma.
Entendendo a SII
Calcula-se que a SII esteja presente na vida de até 20% da população adulta brasileira, embora muitos ainda vivam sem diagnóstico. O distúrbio não é considerado uma doença, mas sim uma desordem funcional do intestino, sem a presença de alterações ou lesões que possam ser detectadas pelos exames. “Mais comum em mulheres, a SII provoca sintomas como dores, inchaço abdominal e episódios intercalados de constipação e diarreia. Seu diagnóstico é clínico, feito por eliminação, já que não existe exame específico a ser feito”, explica a nutricionista.
Para amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, é importante contar com a ajuda do nutricionista para fazer algumas mudanças nos hábitos alimentares. Já para tratar os gatilhos emocionais, que podem causar crises, também é indicado o acompanhamento psicológico, a fim de aliviar o estresse e a ansiedade.
Como cuidar?
O melhor tratamento para SII é aquele feito com o médico e o nutricionista, já que o quadro é diretamente influenciado pela alimentação. “Estudos têm mostrado que dietas ricas em alimentos altamente fermentáveis, conhecidos como FODMAPs, trazem pioras nos quadros de SII. Por isso, uma das estratégias é reduzir o consumo desses alimentos”, diz Claudia. No grupo das FODMAPs, podemos citar desde alguns tipos de frutas até leite e derivados, além de leguminosas e carboidratos. Reduzir o consumo desses alimentos pode amenizar as crises intestinais, mas a dieta não deve ser feita sem o auxílio do nutricionista.
Além de restringir os alimentos fermentáveis, é indicado optar sempre por refeições naturais, evitando condimentos industrializados, que podem causar irritação no intestino. Para ajudar a reequilibrar a flora intestinal e complementar o plano alimentar, o nutricionista ainda pode indicar probióticos específicos para combater os sintomas da SII. “O uso desse tipo de nutracêutico é muito eficaz no alívio de dores, distensões, constipação e diarreia. A cepa Saccharomyces cerevisiae, por exemplo, conta com estudos que apontam a melhora dos desconfortos nos primeiros 15 dias de uso”, finaliza Claudia.