Mais de 4 mil idosos não retornaram para receber a segunda dose contra Covid-19 em Goiânia
Especialistas destacam que somente uma dose não garante proteção contra formas graves da doença e que a imunização completa pode reduzir em até 6 vezes a necessidade de internação em UTI
Na semana em que pessoas com 57 anos de idade ou mais podem receber a primeira dose e somar aos 27,5% da população já imunizada com uma dose da vacina, a falta de retorno de muitos idosos para receber a segunda dose da imunização vem sendo motivo de preocupação. Na Capital, que registra 14% dos goianienses com a imunização, mais de 4 mil idosos que já receberam a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 ainda não se dirigiram aos locais de vacinação para receber a segunda dose e completar a imunização.
O Infectologista do curso de Medicina da Unicid, Dr. Renato Grinbaum, é muito importante que os idosos tomem as duas doses da vacina porque somente a primeira dose não garante proteção contra as formas graves da Covid-19. “Se você tomou a primeira dose mesmo que tenha efeitos colaterais, é importante tomar a segunda para que você não tenha que, mais para frente reiniciar o esquema com duas doses. A probabilidade de efeitos adversos na segunda dose, especialmente daquelas vacinas de vírus vivo é menor do que na primeira dose da vacina.”, explica o especialista.
Ainda de acordo com o Infectologista, as estimativas com relação à Covid-19 têm algumas divergências. “Por um lado a vacinam lado a vacinação cresce e o número de pessoas suscetíveis diminui, então existe a possibilidade de termos um cenário mais favorável. Entretanto, a divergência está no fato de que a vacinação é lenta e existe a chegada de novas variantes, e com essa imprevisibilidade é importante que as autoridades criem uma estrutura para atendimento que possa ser utilizada.”, ressalta Renato.
Anticorpos
Para Robert Fabian Crespo Rosas, médico infectologista e professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo, com relação à vacinação contra a Covid-19, a importância do retorno e da tomada das duas doses é fundamental para que haja um resultado eficaz, inicialmente na produção de anticorpos e após, na proteção que os anticorpos vão conferir ao paciente pelos próximos meses.
“Vários estudos e um recente apresentado pelo Ministério da Saúde Chileno mostra que quando são aplicadas as duas doses da vacina, o risco de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é reduzido em praticamente cinco vezes, se comparado com quem tomou uma ou nenhuma dose do imunizante.”, afirma o Infectologista. De acordo com ele, a vacinação não vai evitar a doença, mas muito provavelmente, em caso de contaminação, haverá uma forma assintomática ou uma forma leve da doença. “Com isso, a chance de proteção é de até seis vezes maior do que se comparado à população que não tomou a vacina”, pontua Robert.
O professor de Infectologia do Centro Universitário São Camilo alerta ainda sobre um dos motivos que podem estar levando os idosos a não retornarem para receber a segunda dose. “O grande problema dos idosos é que eles estão olhando pra vacina não como uma medida de proteção da gravidade. Eles querem um resultado pra retomar as atividades normais, e o fato que a vacina não oferecer esses benefícios diretamente, há essa resistência e isso acaba resultando na baixa aderência à segunda dose.”, afirma.
Prazo
Na Capital, os Idosos que, por algum motivo, estejam com a segunda dose da vacina atrasada podem encaminhar-se, sem agendamento, a sete unidades de saúde destinadas a este fim: Cais Campinas, Ciams Urias Magalhães, Cais Bairro Goiá, Cais Cândida de Morais, Upa Chácara do Governador, UPA Jardim América e Ciams Novo Horizonte. Para se vacinar, estes idosos devem levar documento com foto, CPF e comprovante da primeira dose, ou seja, o cartão de vacinação. O reforço nestes casos será aplicado somente até a próxima sexta-feira (11). Também estão sendo vacinadas as pessoas a partir de 57 anos, sem comorbidades, além dos trabalhadores da Saúde e Educação (ensinos Infantil, Fundamental e Médio) que atuem em Goiânia. Também segue a vacinação das pessoas com comorbidades listadas pelo Ministério da Saúde. (Especial para O Hoje).