As denúncias relacionadas à violência contra idosos registraram aumento de 70% durante a pandemia, segundo dados preliminares da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (Deai) de Goiânia. Por isso, a Polícia Civil de Goiás deflagrou, no dia 1º de junho, a Operação Senex. A ação faz parte de uma ação inédita, a maior já realizada em Goiás para apuração de violência em desfavor de idosos, coordenada pela delegacia especializada, com apoio da 1ª Delegacia Regional de Goiânia, com o objetivo de combater crimes de qualquer natureza contra idosos na Capital.

Segundo o delegado titular, Alexandre Alvim, a operação foi planejada para realizar investigações durante todo o mês de junho, que ganhou a cor violeta por se tornar referência no combate à violência à pessoa idosa. “Essa força-tarefa foi idealizada em razão do aumento do número de denúncias de crimes em desfavor de idosos registradas durante o período da pandemia, pelos diversos canais disponibilizados pela Polícia Civil”, comenta a autoridade policial.

Durante todo o mês, serão investigadas cerca de 500 denúncias de crimes de maus-tratos, abandono, violência doméstica, exploração financeira e outras infrações correlatas previstas no Estatuto do Idoso. A ação conta com 22 policiais civis, que realizarão levantamento detalhado das situações, instauração de inquéritos policiais, solicitações de medidas protetivas e encaminhamentos para assistência social.

Denúncias

Em entrevista ao jornal O Hoje, o titular da Deai afirmou que O prolongamento da convivência dos idosos com seus familiares, em decorrência da pandemia causada pela Covid-19, é um dos fatores que gerou o aumento das ocorrências. “Boa parte das vezes a renda do idoso é a única fonte de renda de toda a família. Com a pandemia, há situações em que o idoso acaba sendo explorado, pressionado para receber dinheiro. Isso, por vezes, acarreta um estresse familiar e mesmo situações de agressão física, psicológica, exploração financeira e maus tratos”, disse.

Com relação às denúncias, o delegado orienta que esta deve ser feita no momento em que seja observado, sobretudo, alguma alteração no comportamento do idoso em questão. “Perceber se o idoso está triste ou mais fechado é sinal de que pode estar acontecendo um abuso psicológico, por exemplo. Além disso, barulhos anormais no local em que esse idoso reside, ou mesmo gritos ou pedidos de socorro, podem indicar que há violência física. Qualquer situação que foge da rotina deve ser levada em consideração.”, explica Alexandre. 

O delegado destaca ainda que, quem tiver ciência de qualquer situação irregular com relação à população idosa, deve realizar a denúncia Ela pode ser feita, inclusive, de forma anônima, já que, zelar pelos idosos e garantir a eles dignidade é uma obrigação de toda a sociedade. “É importante não ser omisso com esses casos. A denúncia pode ser feita em diversos canais, pelo telefone (62) 3201-1501, pelo whatsapp (62) 98412-9767, pelo e-mail [email protected] ou ainda presencialmente. Quanto mais rápido agirmos, mais evitaremos crimes futuros”, pontua Alexandre.

Conscientização

De acordo com o titular da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI/MMFDH), Antônio Costa, o atual cenário precisa mudar. “Mais de 33,6 mil casos de violência contra a pessoa idosa foram registrados pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos) apenas no primeiro semestre deste ano. São números como esses que justificam a criação de campanhas de conscientização. Nesse sentido, contamos com o apoio de toda a sociedade para juntos enfrentarmos e coibirmos as violações praticadas contra a pessoa idosa”, afirma.

Em 15 de junho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, conforme declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa no ano 2006. Em referência à data, durante todo o mês são realizadas ações pelo mundo. A cor violeta foi escolhida como símbolo. (Especial para O Hoje)