Empreendedorismo feminino se adapta à pandemia e continua crescendo
Espacinho boêmio, com jardim, banquinhos e diversos livros, oferece cafés gourmets, drinques e sanduíches
Empresas de todo o mundo foram afetadas pela pandemia de Covid-19. Redução de estoque, períodos sem lucros e demissões de funcionários estão entre as principais dificuldades enfrentadas pelo setor de alimentação durante a pandemia. Muitos dos impactos são comuns entre elas, como uma dificuldade de equilíbrio com as finanças e várias adaptações. Mas as mulheres empreendedoras têm suas trajetórias marcadas pelos outros desafios, como o equilíbrio da rotina familiar e até mesmo o apoio às suas comunidades.
As mulheres vêm lutando há anos por igualdade social e por mais espaço no mercado de trabalho. Mas, apesar dos grandes avanços e conquistas, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados. Essa luta, entretanto, tem um importante aliado: o empreendedorismo feminino. As lideranças femininas têm também grande potencial transformador dentro das empresas, diversificando os pontos de vista na tomada de decisões e dando mais visibilidade para questões de gênero. Isso ocorre tanto no cotidiano com os colegas de equipe quanto na relação cliente/prestador de serviço.
Da mesma forma, empresárias empoderadas podem influenciar e inspirar outras mulheres, compartilhando suas histórias e ajudando-as a superar os obstáculos e desafios. O empreendedorismo é uma ferramenta de transformação profissional, econômica, social e pessoal na vida de muitas mulheres. Podemos dizer que ele aparece como a solução para o desafio de desenvolver uma carreira profissional bem sucedida sem voltar as costas para o ambiente doméstico. Mas além disso, o empreendedorismo é também uma boa forma da mulher seguir seus sonhos de vida.
Mesmo com o fechamento de milhares de empresas devido ao isolamento social da pandemia, as mulheres empreendedoras vão fechar este ano com um crescimento de 40% no empreendedorismo feminino. Em maior número na faixa etária de 22 a 35 anos, 54% das mulheres decidiram neste ano abrir uma nova empresa ou investir em negócios voltados a serviços, principalmente na alimentação, beleza, estética e moda. Os dados são da Rede de Mulheres Empreendedoras, criada em 2017 e hoje atende mais de 500 mil mulheres cadastradas com orientações desde como abrir uma empresa até se fortalecer no mercado de atuação.
A projeção da mulher no mercado de trabalho nas últimas décadas é evidente. O mesmo pode ser dito do empreendedorismo feminino quando elas mostram números maiores a cada ano. A pandemia também empurrou essa natureza feminina para empreender, muito em função delas serem sempre as principais vítimas das demissões.
Giovana é dona do Evoé Café com Livros, localizado no Setor Sul de Goiânia. O café foi inaugurado em 2013, ali aconteciam saraus de literatura, manifestações artísticas, shows com bandas alternativas e o que mais o público desejasse, antes da pandemia do novo coronavírus aconteciam em média três eventos semanais. A proposta da casa sempre foi fazer a integração das artes e disponibilizar o palco para quem quisesse expressar seus dons artísticos, seja declamando uma poesia, dançando, expondo fotografias e aproveitando a casa e seu belo jardim.
“Se eu pudesse passar uma dica de empreender para alguém eu falaria para a pessoa se organizar e tentar abrir com mais dinheiro, o contrário do que eu fiz em 2013, mas mesmo abrindo com pouco dinheiro as coisas deram certo, sempre fizemos tudo com muita garra, amor e paciência”, explicou Giovana.
A empreendedora contou que durante a pandemia tudo teve que mudar, principalmente o modo de lidar com o negócio, as redes sociais e a voz do público. “Antes eu não aparecia muito nas redes sociais falando e dialogando com o público, o meu intuito sempre foi mostrar a ‘nossa casa’ como o principal, como o ‘dono do negócio’, não eu. Por causa da pandemia comecei a fazer alguns vídeos contando toda nossa trajetória e nossa dificuldade financeira no momento e devido a viralização desses vídeos muitos bancos começaram a chegar até a mim nos dando oportunidades melhores”, declarou. O Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foi a principal linha de crédito disponibilizada pelo governo federal para socorrer micro e pequenas empresas durante a pandemia do novo coronavírus. Foram disponibilizados R$ 37 bilhões em crédito, e a linha foi usada por quase 520 mil micro e pequenos empreendedores em 2020. As empresas beneficiadas assumiram o compromisso de preservar o número de funcionários e puderam utilizar os recursos para financiar a atividade empresarial, como investimentos e capital de giro para despesas operacionais.