Cuba autoriza entrada de alimentos e remédios no paÃs após protestos
O levante teve inÃcio no domingo (11), em Havana e San Antonio de los Baños.
Após a onda de protestos que tomou o paÃs na última semana, o governo de Cuba autorizou, nesta quarta-feira (14/07) a entrada irrestrita de medicamentos, alimentos e produtos de higiene levados por viajantes. A medida é temporária e terá efeito a partir da próxima segunda (19).
A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero, como medida excepcional aprovada com urgência pelo Ministério de Finanças e Preços. Segundo o polÃtico, a regra deve permanecer em vigor pelo menos até 31 de dezembro. Até então, itens que entravam no paÃs tinham limite de peso e pagamento de impostos sobre quantidades maiores dos que as estabelecidas.
Segundo a agência estatal de notÃcias cubana, mais de 100 pessoas foram presas ou estão desaparecidas e ao menos uma foi morta durante confrontos com a polÃcia. O levante teve inÃcio no domingo (11), em Havana e San Antonio de los Baños. O motivo seria a situação do paÃs no enfrentamento ao coronavÃrus durante o embargo dos Estados Unidos, que já dura 60 anos e causa falta de abastecimento de itens essenciais.
Entre as reclamações, estão os cortes de energia, a escassez de alimentos e a má gestão da pandemia, combinados com a redução drástica no turismo devido a Covid-19, com uma economia enfraquecida por sanções estabelecidas durante o governo do americano Donald Trump.
Esta foi a primeira vez desde 1994 que um grande número de pessoas se reuniu nas ruas em manifestação. A última vez em que o acontecimento foi registrado foi no “Maleconazo”, perÃodo de crise após a queda da União Soviética que resultou em menos exportações e queda drástica no Produto Interno Bruto (PIB) cubano.
‘Uma guerra midiática’
Uma cubana ouvida pelo O HOJE contou como se sente na atual situação do paÃs. Iriana Pupo, de 51 anos, é diretora de uma emissora de TV comunitária na Serra Maestra, e disse estar “triste com o que está acontecendo”. “As ruas estão quietas. Há mais guerra nas redes sociais e nos veÃculos de comunicação do que de fato está acontecendo”, explicou.
“São 60 anos de bloqueio, com novas medidas econômicas impostas recentemente pelos Estados Unidos. São muitas horas de apagões e filas para comprar comida”. Na opinião de Iriana, esta é “uma guerra de mÃdias, muito bem implementada, dirigida e paga pelos EUA (…). Cada instituição sente o impacto do bloqueio, cada paciente nos hospitais. A gente não tem remédio. Não há seringas para vacinas e Cuba é o primeiro paÃs da América Latina a ter duas vacinas fabricadas no paÃs, em meio a essas circunstâncias, e três vacinas candidatas”.
“Não tem transporte, não tem gasolina, nem óleo, máquinas estão quebradas e você não pode nem consertar porque não tem peças, nem comprar outras, porque quem vende para Cuba está sancionado”, contou. “Estamos exaustos dessa vida de carências”.
Colaborou João Gabriel Palhares