Escolas goianas aderem a programa de educação financeira do BC
Somado a inflação nas alturas, crise fiscal e sanitária mais a tendência que o brasileiro de classe baixa ou média tem em não lidar com as finanças, boa parte da população pode enfrentar dificuldades para sair do sufoco nos próximos anos. Em especial, a elevação da inflação tem consumido boa parte dos ganhos e empurrado […]
Somado a inflação nas alturas, crise fiscal e sanitária mais a tendência que o brasileiro de classe baixa ou média tem em não lidar com as finanças, boa parte da população pode enfrentar dificuldades para sair do sufoco nos próximos anos. Em especial, a elevação da inflação tem consumido boa parte dos ganhos e empurrado quase 75% dos brasileiros a dificuldade de arcar com as despesas mensais, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Por outro lado, o alto grau de endividamento das famílias tira o sono de quase um terço dos brasileiros.
Ainda assim, o país ocupa posições baixas nos índices de educação financeira sendo o 74º no Ranking da pesquisa S&P Ratings Services Global Financial Literacy Survey (Pesquisa Global de Educação Financeira). Apenas 3,64% da população economiza para a aposentadoria, um dos índices mais baixos do mundo: a média na América Latina é de 10,6%, enquanto outros países emergentes, como México (20,85%), África do Sul (15,93%) e Rússia (14,56%), apresentam números melhores. Além disso, apenas 28% dos brasileiros declaram ter poupado algum dinheiro nos últimos 12 meses, o 14.º pior índice do mundo.
“Educação financeira é uma coisa muito importante na nossa vida. A gente se relaciona com o dinheiro e finanças todo dia. O programa do Banco Central vem para tentar levar educação financeira o mais cedo possível para as crianças para que quando elas entrem no sistema financeiro elas tenham uma relação positiva com o dinheiro”, comenta o diretor de relacionamento do Banco Central ao O Hoje.
O programa ao qual ele se refere, visa levar a 100 mil escolas municipais, estaduais e federais do Ensino Fundamental: planejamento (PLA), poupança (POU) e crédito (CRÉ) são os pilares do Aprender Valor, que tem como objetivo chegar a 5 milhões de alunos até o fim de 2022.
O primeiro pilar do curso sobre educação financeira diz respeito ao orçamento, a compreensão do dinheiro que entra e que sai. O segundo pilar refere-se ao conceito de economizar e é mostrado ao estudante, por exemplo, a diferença entre poupança passiva e ativa. Já o terceiro pilar trata sobre os diferentes métodos de financiamento e empréstimos.
“Talvez a criança não aproveite o CRÉ porque não tem acesso ao sistema financeiro, ou tenha alguma dificuldade com o POU porque os recursos são escassos, mas quero incutir nela o conceito”, afirma o diretor de Relacionamento Institucional do BC, Maurício Moura.
“Quero que saiba que, se guardar R$ 1 ou R$ 2 de R$ 10, mesmo que seja obtido na rua, e gaste os outros R$ 8, quando chegar ao final de um ou dois meses pode ter uma quantia de dinheiro que ela não tinha”, diz o diretor.
Goiás de fora
Iniciado em 2021, o projeto não abarcou o estado de Goiás no projeto piloto, mas o programa recebeu inscrições de escolas estaduais e municipais na segunda etapa do programa. Ele foi inicialmente utilizado em cinco Estados (Pará, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná) e também no Distrito Federal. Para participar do Aprender Valor, tanto a rede de ensino (estadual ou municipal) quanto a escola precisam aderir ao programa por meio da plataforma. Novas inscrições devem ser liberadas em dezembro.
O programa acontece nas salas de aulas de escolas públicas de Ensino Fundamental. Ele se efetiva quando os projetos escolares com Educação Financeira são aplicados aos estudantes pelos professores que fizeram as formações do Aprender Valor. A seguir, seguem, de forma detalhada, as principais ações previstas para cada uma das etapas ou passos do programa.
O programa disponibiliza formação específica para que diretores de escolas aperfeiçoem seus conhecimentos sobre metodologia de trabalho com projetos e sobre como implementar o tratamento de temas contemporâneos transversais – no caso, a Educação Financeira e a Educação para o Consumo – nas escolas. Os professores, por sua vez, recebem formação prática de como ensinar esse tema na sala de aula, de forma transversal e integrada, como propõe a BNCC.