PTB trabalha para abrigar Bolsonaro e conservadores
Sigla quer ser o maior partido conservador da América Latina após início como partido da massa trabalhista
Não é de hoje que o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se posta no espectro político como de direita e luta para incorporar no núcleo da legenda parte da Família Bolsonaro e sua base eleitoral. De Getúlio Vargas a Roberto Jefferson, o partido nunca havia se ‘endireitado’ tanto, ainda mais após perder o comando do país com o Golpe Militar conduzido entre 31 de março e 2 de abril de 1964 que derrubou João Goulart. Com a perseguição devido a seus princípios de uma legenda de massas e representação com os direitos trabalhistas e sindicalistas, o partido é dissolvido em 1965. O conservadorismo, no entanto, não foi ideia de Roberto Jefferson, mas atualmente é ele quem carrega essa bandeira, com disposição para subir o tom com os rivais e acabar sendo preso em uma controversa e constante disputa.
O homem que abalou a república, em 2005, mostra-se com potencial e disposição para novamente se manter no noticiário. Ao tempo em que articula para embarcar Bolsonaro para disputar as eleições em 2022, o partido busca se tornar a grande referência do conservadorismo da América Latina. Seja com duas pistolas cruzadas sobre o peito buscando a sintonia no discurso do presidente Bolsonaro ou articulando com o vereador Carlos Bolsonaro, cresce o número de filiados.
Para abrigar os conservadores, em especial ex-ministros de Bolsonaro, a sigla deve receber uma repaginação no nome. No discurso e ações, o partido já seguia esse caminho desde a aliança com Michel Temer (MDB) após a queda de Dilma. O plano final é mais ousado, ser o maior partido conservador da América Latina após uma ampla reforma do estatuto feita em 2018.
A filiação dos Bolsonaros parece esbarrar no controle das decisões do partido. Jefferson não quer deixar repetir com sua legenda o que ocorreu com o PSL após a eleição de Jair. E é claro que o grupo do presidente não dispensa ter controle sobre áreas que consideram primordiais, como diretórios estratégicos e recursos do fundo eleitoral.
Com a prisão de Jefferson, as conversas foram perdendo temperatura, mas houveram articulações e trocas de afagos públicos entre o presidente da legenda e o vereador carioca.
Público também foi o convite que fez Jefferson a Bolsonaro. “Afirmei ao presidente Bolsonaro que tanto o PTB quanto ele e seu governo comungam do propósito de fazer com que o Brasil trilhe o caminho da competitividade, da eficiência, da modernidade e da prosperidade, e que seja um país com mais oportunidades de emprego e de empreender e com menos impostos e menos gastos públicos. E que somos os defensores da família, da vida, da liberdade, da propriedade, da democracia, da justiça e da Pátria, sagrados valores que os comunistas e socialistas tanto tentam destruir mas que nós, os alferes de Deus e leões conservadores, jamais permitiremos”, disse Jefferson ao site oficial do PTB.
Não seria a primeira vez que Bolsonaro estaria lado a lado de Jefferson no PTB, muito é sabido das relações próximas nas épocas de deputado.
Em Goiás, o partido presidido por Eduardo Macedo também trabalha para ampliar, com a filiação de grupos conservadores e cristãos. De olho no cenário local, o partido participou de um encontro entre membros e o prefeito de Aparecida de Goiânia e possível candidato ao Governo de Goiás. Aliás, os membros tratam a reunião como uma recepção ao então postulante, mas há ainda na mira do partido compor a musculatura da reeleição de Ronaldo Caiado (Dem) caso haja uma aliança com o presidente.