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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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Efeito Estufa

“Mundo segue um caminho catastrófico”, alerta ONU em relatório sobre mudança climática

Apenas 113 países, que representam 49% das emissões de gases de efeito estufa, atualizaram seus compromissos de redução de emissões; China e Rússia ficaram de fora.

Postado em 17 de setembro de 2021 por Giovana Andrade
"Mundo segue um caminho catastrófico"
Apenas 113 países

Em tom de alerta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta sexta-feira (17/09) que o mundo segue um curso “catastrófico”, que provocará um aumento na temperatura média de 2,7ºC até o final do século. Conforme afirma um relatório da ONU, as promessas da comunidade internacional, que se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, “vão na direção errada”.

Consequentemente, “o mundo segue um caminho catastrófico”, advertiu Guterres. “Embora haja uma clara tendência para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao longo do tempo, os países devem redobrar seus esforços com urgência”, solicita o relatório do órgão da ONU sobre mudança climática.

O documento, uma avaliação dos compromissos dos 191 países que assinaram o Acordo de Paris sobre o Clima em 2015, diz que o cenário é preocupante. Do total de países, apenas 113, que representam 49% das emissões de GEE, atualizaram seus compromissos de redução de emissões, até 30 de julho, conforme estipulado nos prazos acordados. China e Rússia, por exemplo, não se comprometeram, conforme critica a ONG Climate Action Tracker, que analisou o relatório da ONU.

O relatório prevê que as emissões do grupo que atualizou os compromissos, que inclui Estados Unidos e União Europeia (UE), “diminuirão 12% até 2030, em comparação com 2010”.

“Uma luz de esperança”, nas palavras de Patricia Espinosa, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). No entanto, ela ressalta que as contribuições de todos os 191 países em seu conjunto “implicam um aumento considerável das emissões globais de GEE em 2030, em comparação a 2010, de em torno de 16%”.

Segundo o grupo de especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) citado pela ONU, “a menos que sejam tomadas medidas imediatas, (esse aumento nas emissões) pode provocar um aumento da temperatura em torno de 2,7ºC até o final do século”.

“Isso significa quebrar a promessa feita há seis anos, de buscar a meta de +1,5°C”, lembrou Guterres. “O fracasso em cumprir essa meta resultará na perda em massa de vidas”, alertou.

A pandemia da covid-19 desorganizou a agenda e os compromissos de todos os países e criou confusão sobre as conclusões dos próprios especialistas. Após a primeira onda de restrições, que afetou bilhões de pessoas, eles asseguravam que as emissões de GEE haviam diminuído.

As promessas dos países ricos

“Precisamos que todas as nações contribuam”, pediu Patricia Espinosa em entrevista coletiva. Além disso, insistiu que os países em desenvolvimento precisam de ajuda, e urgente.

Em 2009, os países ricos se comprometeram que, até 2020, repassariam anualmente US$ 100 bilhões para os países em desenvolvimento para se adaptarem ao impacto da mudança climática e reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa. Essa promessa não cumprida tem sido motivo de críticas recorrentes dos países pobres, as primeiras vítimas dos impactos do aquecimento do planeta, e ameaça ser um tema polêmico na próxima Conferência do Clima da ONU (COP26), em Glasgow, em novembro.

A ajuda pública e privada dos países da OCDE (38 no total) foi de US$ 79,6 bilhões em 2019, em comparação com US$ 78,3 bilhões no ano passado. Faltam, portanto, mais de US$ 20 bilhões para cumprir os compromissos de Copenhagen. Nesse sentido, a OCDE reconhece que a taxa de crescimento da ajuda, em termos anuais, continua diminuindo.

Os números para a suposta data-limite (2020) devem estar disponíveis somente em 2022, e o impacto da pandemia da covid-19 deve ser significativo. “Chegou a hora de cumprir as promessas, e a COP26 é o lugar para conseguir isso”, convocou Patricia Espinosa.

“Podemos mudar o curso da história para melhor”, afirmou o novo presidente da COP26, Alok Sharma.

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