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sábado, 19 de outubro de 2024
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Women in Mining

Mulheres representam 21% das pessoas que trabalham com mineração

Movimento presente em diversos países busca incentivar mulheres a trabalharem na indústria de mineração

Postado em 10 de setembro de 2024 por Thais Teixeira

A presença cada vez maior de mulheres em ambientes majoritariamente tidos como masculinos é um sinal da evolução social em direção à equidade ao gênero. Ainda assim, essa transição apresenta alguns obstáculos. As mulheres frequentemente enfrentam desafios culturais e estruturais que tentam limitar sua participação e reconhecimento nessas áreas.

O Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) aponta que a população brasileira é formada por 203.080.756 pessoas, neste total, 104.548.325, ou seja, 51,5% são mulheres, e os 48,5% restantes são representados por 98.532.431 homens. Apesar de formar maioria, as mulheres representam uma porcentagem muito baixa em áreas como na mineração, por exemplo.

De acordo com a Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Cinthia Rodrigues, o setor mineral emprega atualmente cerca de 210 mil trabalhadores diretamente e  2,2 milhões de trabalhadores na cadeia produtiva. Desse total, 21% são mulheres, o que sugere que existe uma mulher a cada 8 homens.

É importante ressaltar que essa diferença afeta também outros grupos “minoritários”, outro fator mostrado no documento publicado pelo WIM é que o mercado de trabalho abrange 99 milhões de pessoas, das quais 66 milhões recebem até 2 salários mínimos, dentre essas 66 milhões 40 milhões são pessoas negras.

A relação de trabalhadores que possuem algum tipo de deficiência também foi exposta pelo WIM, que mostrou que das 99 milhões de pessoas no mercado de trabalho, apenas 4,7 milhões são PCDS, e 55% deles estão trabalhando informalmente.

Essa realidade destaca um problema fundamental no mercado de trabalho, onde a desigualdade não se limita ao gênero, mas também se entrelaça com raça e deficiência, agravando os problemas enfrentados por grupos minoritários.

Cinthia Rodrigues, gerente do Ibram explicou que muitas empresas estão trabalhando com metas e indicadores para tentar mudar essa realidade, focando não apenas alcançar as mulheres, mas também incluindo pessoas negras, indígenas, quilombolas, PCD, pessoas com doenças raras, LGBTQI+. 

“Isso nada mais é do que a representatividade da sociedade brasileira. Muito bom destacar, também, o movimento Women in Mining Brasil – Mulheres na Mineração Brasil que vem trabalhando pautas importantes para o mundo corporativo, como também para as profissionais. Falam sobre assédio, capacitismo, violência doméstica, formação profissional, cuidados pessoais etc”, contou Cinthia Rodrigues

Outros movimentos são  o Coletivo Quantos (movimento de profissionais negros da mineração pela ascensão de negros a posições de liderança no setor), o coletivo “Pretas na Mina”, e a  Associação Brasileira de Mulheres nas Geociências (ABMGeo). 

Quanto a promoções, o WIM Brasil mostra que tanto os cargos de gestão, quanto em cargos administrativos, registraram alta de 2022 para 2023. Na gestão o crescimento foi de 4 pontos, já que em 2022 a marca era de 26% e posteriormente foi registrado 30%. Já nos cargos não gerenciais o aumento foi de 7 pontos, passando de 17% para 24%. O site do WIM Brasil mostra que 12% do que é investido em iniciativas de impacto social são voltadas para o público feminino.

Cinthia Rodrigues contou que as áreas que as mulheres mais se identificam são sustentabilidade, psicologia, direito, química, engenharia, geologia, como também administrativa. “Destaco que o setor mineral é aberto à contratação de mulheres e isso tem mudado muito nos últimos anos, inclusive algumas empresas estão estabelecendo metas de mulheres no quadro de pessoal”. 

Mulheres ocupando cargos dentro da mineração

Regilla Goulart, é estudante de Geologia na Universidade Federal de Goiás, ela contou que percebeu que gostava da área da mineração aos 18 anos. “Minha história começou na mineração quando eu entrei no Instituto federal de goiás no curso de técnico em mineração, onde no meu último ano eu realizei um estágio e fui trabalhar em outra cidade no interior de goiás, daí eu fui pegando gosto pela área, depois do estágio fui contratada como técnica em mineração e depois passei na universidade federal para Geologia, para continuar no ramo da mineração”, relatou. 

Regilla informou que teve muita facilidade para entrar nesse campo, e que a rotina é bem dinâmica.“Há dias que vamos para campo, já tem dias que eu ficava no laboratório fazendo análise de amostras de solo… Sempre alternando”.

No atual momento, Regilla, que pesquisava Terras Raras, está apenas cursando Geologia, porém quando estava atuando na área ela explicou que haviam 4 mulheres que exerciam atividades focadas na mineração. As outras eram administrativas ou de escritório.

Estela Leal Chagas do Nascimento é pesquisadora na universidade na área de geologia econômica e prospecção mineral, na UFG-FCT do curso de geologia. Estela conta que ingressou na mineração antes de entrar na faculdade, como estagiária em projetos de exploração mineral em uma empresa multinacional. 

“Gostei muito da dinâmica do trabalho, aplicando os conceitos geológicos de forma prática. Consegui por meio desse estágio ser contratada. Tive a oportunidade de trabalhar por 10 anos na área de exploração mineral e mineração e de fazer mestrado e doutorado na mesma área”, explicou.

Fazer pesquisa nessa área envolve o estudo aplicado dos diferentes tipos de minérios e commodities, e suas implicações para o desenvolvimento econômico de determinada região. É um universo fascinante, que exige um entendimento amplo de diversas disciplinas da geologia, mineração e geometalurgia”, complementou Estela.

Lara, narrou que o primeiro contato com a mineração surgiu durante a graduação em  visitas técnicas. “Eu ingressei no ramo sendo indicada pela minha orientadora de TF (trabalho final) para o processo seletivo. Considero que tive facilidade para ingressar já que eu estava prestes a colar grau. Percebi que eu gostava assim que eu entrei com 26 anos”. 

Cinthia Rodrigues, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Ibram, começou sua carreira em uma empresa de petróleo no Rio de Janeiro em 2003. “De forma que migrar para a área de mineração foi quase natural, isso ocorreu no ano de 2011. Ambos os segmentos estão na indústria extrativa, ou seja, extrai e beneficia recursos naturais para nossa sociedade”.

WIM Brasil

O Women in Mining é um movimento que está presente em praticamente  todos os Países onde a mineração é uma atividade econômica preponderante. No Brasil esse movimento passou a vigorar em 2019. Possui mais de 500 membros e quase 60 empresas que aderiram ao plano de ação. A presidente do WIM Brasil, Patrícia Procópio, ressaltou que a indústria precisa ser cada vez mais inovadora. 

“O WIM Brasil busca estabelecer um novo olhar para o setor mineral brasileiro, a mineração precisa se tornar cada vez mais em uma indústria inovadora[…]falamos sobre a questão de gênero, mas também é importante trabalhar a questão de raça, de orientação sexual, de gerações”

  • Mulheres brancas em cargos de gestão = 4%
  • Mulheres brancas em cargos não gerenciais 33%
  • Mulheres pretas em cargos de gestão 0%
  • Mulheres pretas em cargos não gerenciais 9%
  • Mulheres pardas em cargos de gestão 2%
  • Mulheres pardas em cargos não gerenciais 43%
  • Mulheres amarelas em cargos de gestão 0%
  • Mulheres amarelas em cargos não gerenciais 2%
  • Mulheres indígenas em cargos de gestão 0%
  • Mulheres indígenas em cargos não gerenciais 0%
  • Não declarado 6%

Fonte: WIM Brasil

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