Veja por que procura por itens para compostagem em casa está em alta
A vermicompostagem pode ser feita dentro de casa
A compostagem, utilizada na decomposição de materiais orgânicos, cada dia mais vem sendo pauta dentro do âmbito político. Para além disso, a prática vem ganhando, mesmo que aos poucos, popularidade e novos adeptos. O que fez crescer a procura pelo assunto e por itens para compostagem.
Trabalhando com gestão de resíduos sólidos há cerca de 15 anos, Antônio Afonso Bolognani, químico e especialista em Gestão de Resíduos Sólidos, atua na ONG Coletivo Goiânia Lixo Zero e é sócio proprietário de uma empresa que comercializa itens para compostagem. Ele conta que a compostagem com a utilização de minhocas, a chamada vermicompostagem, tem crescido muito, já que é possível realizar a prática dentro de casa.
“A compostagem é uma realidade, de estímulo, de vida e de modelo de vida para as novas gerações. Aqui no Brasil, a gente acompanha que o crescimento da prática está vindo da classe alta para a classe baixa, que também vem dado um show na prática. Quem tem abraçado a compostagem são as pessoas que se preocupam com sua ligação com o meio ambiente”, afirma Antônio.
Ele destaca que são vários os tipos de compostagem possíveis de serem realizadas e que, a nível residencial, as mais usadas são a vermicompostagem (com utilização de minhocas) e o método Lages (buraco tampado com terra). “Entretanto, é algo que a pessoa tem que adotar um novo modelo de vida. Não é só colocar a comida, e fechar. A vermicompostagem é mais acessível, mas necessita de um acompanhamento”, pontua
Problema
Ele pontua que, a cada ciclo de governança, as empresas pagas para recolher o lixo aumentam, e, com isso, há o aparelhamento no processo de gestão do lixo. “O aterro já não suporta, então existe um modelo de negócios nisso. O que observamos hoje é que há sim muita legislação criada pensando em fomentar a questão do cooperativismo, da economia circular e são leis que devem sim ser aplicadas a nível municipal e contam inclusive com prazo para serem implementadas”, ressalta.
Orientação
Para quem tem interesse em começar a realizar compostagem doméstica, Antônio dá algumas dicas. A primeira delas é buscar pelas informações já disponíveis sobre o assunto, seja por meio de vídeos ou conteúdo. “Outro ponto é entender que as minhocas são seres que respiram, e que precisam de um abrigo. A vermicompostagem só funciona se ela estiver sem luminosidade e de forma arejada”, pontua.
“Você pode colocar na composteira tudo o que não seja temperado, cozido ou que tenha açúcar. Pode-se inserir, exceto óleo, produtos de limpeza e derivados do leite. Ainda, a preferência é que os resíduos sejam depositados no momento em que são produzidos”, destaca Antônio, que exemplifica. “Ao acabar de cortar a casca já deve ir direto para a composteira. Esse imediatismo na prática da compostagem é muito importante, porque você reduz a presença de vetores”, destaca.
A bióloga e tecnóloga em Saneamento Ambiental, Fabiana Alves, chama a atenção para a necessidade de contar com a orientação adequada na realização da compostagem doméstica. “É importante tomar cuidado, começar aos poucos e contar com orientação profissional, uma vez que é imprescindível se atentar à proliferação de microorganismos como bactérias e fungos”, afirma. A bióloga explica que um processo de compostagem inadequada pode prejudicar, inclusive, a saúde de quem realiza a prática. “Por vezes pensamos em compostagem, e entendemos que estamos fazendo o bem ao meio ambiente. Contudo, um processo inadequado pode produzir fungos e bactérias que podem prejudicar o alimento, a verdura, o vegetal no qual esse adubo vai ser utilizado, o que acaba revertido em prejuízos para a saúde”, destaca Fabiana.
Rodrigo Salvetti, geólogo e docente nos cursos de Ciências Biológicas no Centro Universitário N. Senhora do Patrocínio (CEUNSP), explica que, considerando que mais de 60% do lixo doméstico gerado no Brasil é composto por resíduos orgânicos, a aplicação de técnicas de compostagem nas cidades pode ter um impacto positivo na vida útil dos aterros. “Além disso, com o aproveitamento desses resíduos, diminui-se também os impactos ambientais gerados nos próprios aterros pela diminuição na produção de metano, gás estufa proveniente da degradação da matéria orgânica em condições anóxicas (pouco oxigênio), e redução da produção de chorume, que pode impactar solo e águas superficiais e subterrâneas”, afirma.
Já a professora e bióloga, Valéria Leite Aranha, Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas do CEUNSP, explica que a compostagem residencial é simples de ser realizada e não gera odor ou atrai mosquitos. Além disso, é uma excelente prática para produzir adubos que podem ser utilizados para jardinagem, além de diminuir a quantidade de lixo doméstico que será enviada para os aterros. “Existem alguns métodos de compostagem, e, em todos os métodos, porém, é preciso balancear a quantidade de matéria úmida introduzida nas composteiras com material seco, como folhas, serragem e terra, para que as condições de ação microbiológica sejam mais propícias. Por fim, é preciso lembrar que em qualquer processo de compostagem sempre será produzido o chorume, proveniente da matéria líquida presente nos restos orgânicos. Esse chorume deve ser devidamente recolhido e armazenado, e pode ser utilizado, diluído em água, para molhar as plantas do jardim”, finaliza. (Especial para O Hoje)