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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Vulnerabilidade Feminina

Pesquisa aponta que mulheres foram mais alvo de assédio sexual do que roubos

Levantamento ouviu mais de 2 mil pessoas e a concluiu que o público feminino é mais vulnerável

Maria Paula Borgespor Maria Paula Borges em 15 de outubro de 2021
Pesquisa aponta que mulheres foram mais alvo de assédio sexual do que roubos
Levantamento ouviu mais de 2 mil pessoas e a concluiu que o público feminino é mais vulnerável | Foto: Reprodução

Uma pesquisa realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão com apoio da Uber e técnico e institucional da Organização Não Governamental (ONU) Mulheres. Aponta que importunação e assédio sexual são os principais motivos de insegurança de mulheres nas cidades ao redor do Brasil. O levantamento ouviu mais de 2 mil pessoas, entre os dias 30 de julho a 10 de agosto, chegando à conclusão de que o público feminino é o grupo mais vulnerável quanto às violências que ocorrem nos diversos meios de transporte.

Seguidos das mulheres em relação à grupos mais vulneráveis estão a comunidade LGBTQIA+, negros, pessoas de baixo poder aquisitivo e com alguma deficiência. Sete em cada 10 mulheres entrevistadas relataram já ter sido vítimas de importunação, por meio de olhares insistentes e cantadas inconvenientes, enquanto se deslocavam.

O número de mulheres que afirmaram já ter passado por episódios de importunação e/ou assédio sexual foi de 36%, sendo assim superior as que já foram vítimas de assalto, furto e/ou sequestro-relâmpago, 34%. “Embora haja uma sensação geral de insegurança urbana, a pesquisa comprova que as mulheres sentem muito mais medo do que os homens em seus deslocamentos e que esse medo tem uma razão concreta: as experiências das mulheres com situações de violência, em especial de importunação e assédio”, afirma Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão.

De acordo com o levantamento, 83% das entrevistadas já foram vítimas de episódios violentos. Destas, 24% não contaram a amigos e familiares, 53% disseram ter ficado abaladas psicologicamente e 67% mudaram hábitos e comportamentos. Além disso, apenas 27% das mulheres entrevistadas afirmaram ter reagido a alguma situação.

O meio de locomoção mais citado como cenário de situações inoportunas foi o ônibus, seguido de deslocamento a pé, que se destaca neste e outros tipos de violência como assalto, atos racistas, agressões físicas e estupro. A porcentagem de mulheres que mudaram comportamentos e deixam de usar determinadas roupas e acessórios por terem sofrido algum tipo de violência também é alarmante, representando 83% das mulheres que responderam à pesquisa.

A falta de iluminação pública, ausência de policiamento, ruas desertas, quantidade de espaços públicos abandonados e ruas desertas são os principais fatores que motivam a insegurança de mulheres. Estas questões podem ser solucionadas com implementação de políticas de segurança efetivas e ações de zeladoria frequentes.

Para critério de comparação, homens também foram entrevistados a fim de evidenciar a influência de gênero. Destes, 72% concordaram que espaços públicos são mais perigosos para mulheres, 24% não se sentem seguros ao se deslocar pela cidade, 44% concordaram que têm medo de sair sozinhos à noite no próprio bairro e 89% disseram que se sentiriam menos seguros caso fossem mulheres.

Segundo Jacira Melo, o levantamento evidenciou a hipótese que a sensação de insegurança está relacionada ao gênero da pessoa, comprometendo a autonomia feminina. Além disso, o estudo mostrou que a insegurança é maior entre negros do que entre não negros e na comunidade LGBTQIA+.

No levantamento, foram analisadas situação de violência em acidentes de trânsito, agressão física, assaltos, furtos, sequestro-relâmpago, atropelamento, estupro, importunação, assédio sexual, olhares insistentes, cantadas inconvenientes, preconceito, discriminação e racismo.

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